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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O preceito do útil

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O inativo, no inserido urbano, conserva-se funcional e benfeitor. O trabalho, na aviva horta, absorve fatia do tempo. O terreno, no outrora entravado na capoeira (em cadência de expectativa na usura imobiliária), admitiu aparência de lavoura. O solo, no cercado de moradas, contrasta na paisagem. Os plantios, no exemplo, ligam-se na alface, beterraba, cenoura, ervilha, pepino, vagem... O ancião, em acima dos setenta, contraria no usual da conduta (aos compatrícios). Os conhecidos, em bailes e bares, corroem energia e tempo. As folias, na bebedeira e dança, roem chances e gastos. Outros, no amor ao baralho, decorrem na alegria e diversão. O sujeito, no peculiar, subsiste na norma do “ser útil”. Os familiares, em filhos, netos e noras, usufruem da obra (da aflição). A lida, em ativa presteza (física e mental), parece adiar desgaste (da velhice). A atividade, no alívio de impurezas, cai em suplemento (no bem-estar). A ocupação, no exercício da vocação, preenche vazio e sobrevém em satisfação.

Guido Lang
“Histórias do Cotidiano Urbano”

Crédito da imagem: http://www.quintadagruta.cm-maia.pt/