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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Um sonho ímpar


Um colonial, numa certa altura da existência, teve um sonho ímpar. Este, em função deste, organizou e planejou seu modo de vida. Os comportamentos e trabalhos direcionaram-se em função da obsessão (de algum dia ser “marajá”). As ideias ligaram-se a numerologia. A sorte rondava a casa, porém nunca achegava-se. A vida, no tempo, “escorria entre os dedos” e a concretização do sonho: nada.
O camarada, na época das estradas de chão e carona de leiteiro (anos de 1940 até 1980),  percorria extensos percursos (aproximados 35 km de ida e outros tantos de volta).  Chegou, em centenas de oportunidades, a tirar dias para achar determinados números. Ele, na sua residência, passava horas e dias em cima de cartela. Queria, como fator de sorte, descobrir e entender a lógica dos números. Os dados sorteados, de semanas e meses, guardava de cor. Este, em determinado horário (às 18:30 horas), estacionava diante do rádio. Alguma emissora, naquele momento, transmitia a numeração (recém sorteada das loterias). Estas, do primeiro ao quinto prêmio, viam-se criteriosamente anotados (em caderno especial) e estudados.
O indivíduo, apaixonado pelos jogos das loterias (estadual e federal), tinha sonhado, nalguma oportunidade, ter ganho a sorte grande. Este, aproximadas quatro décadas, passou em função de cartelas e prêmios. Residia no interior e, portanto, caminhava distâncias enormes, pegava caronas/leiteiros ou ônibus para comprar os bilhetes semanais na rodoviária (da sede municipal). As lotéricas, com suas facilidades, ainda nem tinham dado os ares da sua graça. Os moradores, nas suas idas e vindas, sabiam: o fulano foi apostar no bicho e comprar seus jogos (“fazer sua fezinha”). Uma fidelidade sagrada com os números e temor ímpar de que fossem sorteados e não tê-los comprado.
O curioso relacionou-se aos recursos financeiros pessoais. Ele, a partir do trabalho familiar, direcionou todas as divisas a esta finalidade. O tema, das conversas informais, concentrava-se nas cartelas sorteadas. Absorvia horas na narração de numerações premiadas. O tempo transcorreu e dedicou a vida a obsessão dos jogos. Algum prêmio grande/graúdo  jamais ganhou e, no máximo, algumas poucas notas no bicho. Gastou, nas milhares de apostas, algum prêmio grande “nas lotéricas da rodoviária”. Poderia tê-lo tido na proporção das economias.
A lição de vida ensina: de pouco adiante querer forçar a sorte. A obsessão cega o bom senso. Jogos, de maneira geral, favorecem os donos das bancas (razão do governo angariar as muitas loterias). As pessoas, em função do enriquecimento fácil, insistem em paulatinamente jogar fortunas. As possibilidades de ganhos são ínfimos, porém alguns sortudos levam a grana (colocando a segurança pessoal e familiar em cheque).
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Economia”

                                                          Crédito da imagem:   exclusividadeebeleza.blogspot.com

O caminho da vida



Cada um de nós caminha pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada. 
Há os que veem margens floridas e os que somente enxergam paisagens desertas. 
Há os que pisam em macia grama e os que ferem os pés em pedras pontudas e espinhos. 
Há os que viajam em companhias amigas, assinaladas por risos e alegria. 
E há os que caminham com gente indiferente, egoísta e má. 
Há os que caminham sozinhos – inclusive crianças - e os que vão em grandes grupos. 
Há os que viajam com pai e mãe. E os que estão apenas com os irmãos.
Há quem tenha por companhia marido ou esposa. 
Muitos levam filhos. Outros carregam sobrinhos, primos, tios. Alguns andam apenas com os amigos. 
Há quem caminhe com os olhos cheios de lágrimas e há os que se vão sorridentes. 
Mas, mesmo os que riem, mais adiante poderão chorar. Nessa estrada, nunca se conheceu alguém que a percorresse inteira sem derramar uma lágrima. 
Pela estrada dessa nossa vida, muitos caminham com seus próprios pés. Outros são carregados por empregados ou parentes. 
Alguns vão em carros de luxo, outros em veículos bem simples. E há os que viajam de bicicleta ou a pé. 
Há gente branca, negra, amarela. Mas se olharmos a estrada bem do alto, veremos que não dá para distinguir ninguém: todos são iguais. 
Há gente magra e gente gorda. Os magros podem ser assim por elegância e dieta ou porque não têm o que comer. Alguns trazem bolsas cheias de comida. Outros levam pedacinhos de pão amanhecido. 
Muitos gostam de repartir o que têm. Outros dão apenas o que lhes sobra. Mas muita gente da estrada nem olha para os viajantes famintos. 
Há pessoas que percorrem a estrada sempre vestidas de seda e cobertas de joias. Outros vestem farrapos e seguem descalços. 
Há crianças, velhos, jovens e casais, mas quase todos olham para lugares diferentes. 
Uns olham para o próprio umbigo, outros contemplam as estrelas, alguns gostam de espiar os vizinhos para fofocar depois. 
Uma boa parte conta o dinheiro que leva e há os que sonham que um dia todos da estrada serão como irmãos. 
Entre os sonhadores há os que se dedicam a dar água e pão, abrigo e remédio aos viajantes que precisam. 
Há pessoas cultas na estrada e há gente muito tola. Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito. Em geral, os sabichões não gostam muito da companhia dos analfabetos. 
O que é certo mesmo é que quase ninguém na estrada está satisfeito. A maioria dos viajantes acha que o vizinho é mais bonito ou viaja de forma bem mais confortável. 
É que na longa estrada da vida, esquecemos que a estrada terá fim. 
E, quando ela acabar, o que teremos? 
Carregaremos, sim, a experiência aprendida durante o tempo de estrada e estaremos muito mais sábios, porque todas as outras pessoas que vimos no caminho nos ensinaram algo. 
A estrada de nossa existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa.
Seja como for, ela é o melhor caminho para o nosso aprendizado. 
Deus nos ofereceu essa estrada porque nela se encontram as pessoas e situações mais adequadas para nós. 
Assim, siga pela estrada ensolarada. Procure ver mais flores. Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome. 
E, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa, agradecido a Deus por ter lhe dado a chance de percorrer esse caminho de sabedoria.

Autor desconhecido

Crédito da imagem: ondeasondasquebram.wordpress.com