Translate

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

As profecias das chuvas


              O morador, filho das colônias, colocou ureia no tenro milho. A inclemência solar, no vigor da insolação (na tarde de verão), parecia torrar as plantas. A falta d’água externava ares de estiagem. O plantador, na irreflexão, viu-se cobrado na tarefa. O proveito cairia no malogro.
            O detalhe relacionou-se aos prenúncios das chuvas. As angolistas deixaram de entrar no galinheiro. As araquãs cantaram fora do habitual horário. As pererecas, na atmosfera da heliose, gritavam desorientadas. Os tubos d’água, no exterior, suaram ao sol...
            O anômalo, na Mata Pluvial Subtropical, ocorria a galhos. Os ruídos, na acidental ruptura dos troncos, caíam nas árvores. Os ganchos, no brusco, quebravam na consequência dos demasiados pesos. Os antigos, na ciência, discorriam da ameaça da inconstância.
            O plantador antecipou-se na tarefa. As escassas chuvas, no ardor do verão, externam aplicação e precisão das águas. As nuvens, na calada da noite, trouxeram as ansiadas precipitações. A umidade, na felicidade generalizada, deu pausa aos excessos de calor.
            A vegetação, no comum, ganhou alento e aumento. Os milhos, na massa verde, alargaram incremento. As promessas de safras, em vendas, sedimentaram criações e plantações. As mesas fartas, em cotações menores, ousaram suceder nos espaços urbanos.
            Os sinais, disponíveis nos ambientes, necessitam da ciência e habilidade das interpretações. Os rurais, no largo convívio, dominam elementos das sabedorias da natureza.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.gruposinagro.com.br/