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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Os escamoteados encontros


Um morador, da cidade para o campo, transferiu uma certa gata. A chácara mantinha sérios problemas de invasão de ratos. Algum felino mantinha-se sábia solução!
Os roedores, dos brejos e matos, invadiam as instalações e moradia. O veneno, em meio a esperteza do bicharedo, não dava conta de exterminar os muitos visitantes. Estes, diante do perecimento dos semelhantes, tratavam de ignorar e rejeitar as iscas.
O criador, numa solução definitiva, pensou no inimigo natural! A gata, isolada num ambiente estranho, deveria levar uma vida deveras solitária e triste. O animal, não tendo a companhia de qualquer semelhante (da espécie), certamente ficaria adoentado de tédio.
O homem, como ser comunitário/social, colocou-se na posição felina. Este imaginou-se neste ambiente e contexto isolado e perdido numa tapera! A vida, como supremo dom, vivida na solidão dos dias! Ninguém para amar, brigar, conversar, implicar...
O chacareiro cedo admirou-se da sua doce ilusão! Uma porção de gatos, “saídos do deus sabe onde”, afluíram comumente ao espaço. Os felinos, diante do desconhecimento do tratador, comunicavam-se plenamente nas caladas dos dias e noites. O relacionamento, inclusive íntimo, mantinha-se uma situação corriqueira e diária.
O senhor redescobriu a velha lógica. Os membros, de quaisquer espécies, encontram formas e maneiras de criar e manter vínculos. Os seres ajustam os instintos aos ambientes próprios da vivência! A vida não revela-se fácil para ninguém!
Cada qual acha o que interessa e necessita! A distância careceu de ser obstáculo aos negócios e relacionamentos. A vida tem sentido na proporção da convivência com os próximos e semelhantes!

Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://www.tocadacotia.com

Os dois galos


    Pelo domínio de um terreiro, povoado de galinhas, brigavam dois arrogantes galos. Um venceu; o vencido foi esconder-se envergonhado, e para mais dobradas mágoas ouvia de contínuo o estridente cantar do seu triunfante inimigo. Passa um gavião; o vencedor estava no mais alto do poleiro; o gavião lança-lhe as unhas. Aparece então o vencido, vem consolar as viúvas, suas consolações são aceitas e o ex-vencedor está esquecido.


Moral da história:
São coisas da sorte e da fortuna; desconfiemos sempre dela, especialmente depois das vitórias, no seio da prosperidade.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://pastorelireis.blogspot.com.br