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sábado, 18 de agosto de 2012

A excepcional cuca


            Uma colonial, muito econômica por sinal, ganhou a visita das amigas. Esta, depois de muita conversa e fofoca, ofereceu uma apetitosa cuca, que, na metade da tarde, foi regada a mate. Os visitantes digeriram inúmeras fatias, quando sobraram elogios à comida.
            Uma companheira, depois de saciada, quisera saber o segredo do preparo da excepcional cuca. A dona, com sua franqueza e humildade rural, complementou: “- Aproveitei o leite colostro da vaca Mimosa, no que deu o saboroso e apetitoso prato”. As senhoras, nestas circunstâncias, arrependeram-se do consumo do cardápio, porque, nas colônias, o colostro é visto como indigesto.
            O indivíduo nunca sabe a real qualidade dos alimentos. Os elogios antes da externação exigem conhecimentos da causa.


Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 48
19 de novembro de 2005

O bichinho da Pantanal


            Um citadino, por um rural, foi passado numa caçada de tatu, quando o tatu deu origem a gargalhadas.
            O urbano, numa certa ocasião, apareceu com uma caixinha, que ostentava diversos furinhos nas paredes. Ele, pelos muitos curiosos, foi perguntado pelo conteúdo da “caixinha de mirim”, quando fez referência em abrigar uma espécie exótica e deveras arisca do Pantanal Matogrossense. O parceiro da caçada, com sua indescritível curiosidade, foi devagarzinho alevantando a tampa; expiou e viu-se refletido em meio aos espelhos. Outros gozadores, no centro comunitário, “viram-se como bela e rara espécie pantaneira”, quando cedo ignoravam as caçadas de tatu.
            Artimanhas e brincadeiras inteligentes fazem ciladas fáceis aos curiosos. Os contadores de história costumeiramente ignoram as suas trapaceadas
                                                                                                           
Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 48
19 de novembro de 2005