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domingo, 20 de outubro de 2013

O trabalho


A jovem estudante, com desejo de ascensão profissional, tomou o caminho da universidade. Esta, das colônias, dirigia-se semanalmente à cidade grande!
A necessidade consistia em conciliar estudo e labuta. A cidadã, no contexto da saída de aula, comentou casualmente um detalhe da existência. Ela, nos finais de semana, precisaria retornar a residência!
O trabalho, como necessidade e obrigação, encontrava-a no aguardo. As tarefas, de ordenhar vacas e tratar lotes de frango, aguardavam nas instalações. O dinheiro, no seio familiar, precisaria ser gerado para custear dispêndios de formação!
Os colegas, criados e educados na vida urbana, arregalaram os olhos e mexeram os beiços. Eles pareciam inacreditar! Alguns pensaram estar ouvindo alguma lorota ou piada!
A produção carecia de ser encargo. A universitária, em função do laborioso e útil, sentiu orgulho da atribuição. A oportunidade ímpar de arejar a cabeça e mente de cálculos e textos!
Os filhos, desde tenra idade no interior, vêem-se criados e educadas na importância e valor do trabalho. Este, em síntese, produz unicamente o milagre do aperfeiçoamento do espírito e da matéria-prima!
O indivíduo, conhecendo a dificuldade de ganhar salário, aprende a dispender com parcimônia e racionalidade. A dificuldade de fazer sobrar revela a real noção do poder de compra do dinheiro!
O espírito laborioso, nos seios familiares rurais, revela-se princípio e valor existencial. O conhecimento e vocação produtiva transmite-se em meio as convivências com criações e plantações!


                                                                                              Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://foguinhoeventos.blogspot.com.br

O matadouro


O ancião, depois de penosas décadas de trabalho, precisou tomar o indesejado caminho. A atrofia mental e o dolorido corpo encaminharam a derradeira moradia!
Os filhos, estudados e laboriosos, tomaram a direção das cidades. Eles, como profissionais liberais, possuíam famílias e obrigações!
O tempo, a reparos aos idosos pais, apresentava-se limitado e inviável! O jeito, com a disponibilidade de dinheiro, consistia em apelar a terceiros!
As dificuldades e fraquejos, a contragosto, obrigaram a abandonar a familiar casa. A situação ostentava-se a maneira de resguardar das necessidades e solidões!
O senhor, uns dias antes e junto aos amigos íntimos, comentou o detalhe da partida. O resumo, numa informal conversa, comparou a partida a história vivenciada juntos as criações!
Ele, a semelhança dos seus outrora bois de canga, tomaria o rumo do abatedouro. Os domesticados bichos, de forma mansa e resistente, dirigem-se ao matadouro!
Os animais, de forma velada, sabiam que dali jamais sairiam vivos! O lugar seria a última estada. Um alívio das agruras dos doloridos e sofridos ossos!
O indivíduo, no ancionato, tinha o idêntico caminho. Este, de bom senso,  sabia da impossibilidade de sair vivo da hospedagem!
A última viagem revelaria-se o caminho do cemitério! A abençoada e longa existência, com tamanhas experiências e vivências, achegaria ao desfecho dos dias!
O indivíduo, na proporção do avançar dos anos e fraquejar das forças, sabe dos reais limites da vida. A necessidade de prestar contas aconchega-se nalgum momento!

                                                                                 Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências” 

Crédito da imagem: http://www.clasf.com.br/q/junta-de-bois-zebu/