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sexta-feira, 20 de março de 2015

O achaque animal


A chuva, no entardecer do dia de verão, mostrou-se própria ao passeio. Os sapos, nas dezenas, tomaram as saídas dos refúgios. As cercas-de-pedra, disseminadas nos cercados e muros, instituíam-se completo abrigo e morada. O calor, na insolação, incidiria na diminuição.
Os inconvenientes, na combinação água e calor, atiçavam o desejo de consumir insetos. O morador, na associação do filho, ensejou planificado ofício. A coleta, na luz da lanterna (celular), facilitou a empreitada. Um sujeito abria o saco e outro ajuntava os elementos.
Os anfíbios, nos estimados cinquenta, foram angariados e ensacados no envoltório. O utilitário, no abusão, versou em proporcionar alento. As invasões, nas caladas, aconteciam nos recintos da residência. O porão, na frescura do ambiente, ocorria na primazia do esconderijo.
Os depósitos d’água, nos cochos (das aves e caninos), caíam contagiados. As arranjadas banheiras, nos bebedouros, eram contidas em cheiros e fezes. A faina, na limpeza habitual, sucedia na chatice e ônus. Os abusos e exageros calham nas castrações e proscrições.
O destino, no desfecho, direcionou ao córrego. O habitat, no úmido, apontou-se favorável. O curioso alistou-se ao aglomerado: a saparia adquiria visão esdrúxula. A obra, no dantesco, aludia fantasias e suposições do inferno. O temor advém na casta de proteção.
Os excessos, no procedimento radical, incidem na exclusão e seleção. As tarefas incômodas, na apropriada ocasião, requerem execução e solução.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://redeglobo.globo.com/sp/eptv/terra-da-gente/platb/fauna/sapo-cururu-rhinella-icterica/