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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Um espetáculo ímpar


     

     Uma realidade ímpar ocorre em certos pátios coloniais, quando estes ostentam aves, angolistas, galinhas, gansos, marrecos, patos e perus que criam um cenário de aparente confusão e gritaria, que, a longas distâncias, são apreciados. Os alaridos num dia inteiro escorrem pela rotina colonial, quando o bicharedo faz sua festa parcial.
     O maior barulho advém das angolistas, que perpassam certos territórios demarcados continuamente. Quaisquer insetos vêm-se digeridos, quando poucos exemplares sobram da inconveniência. As aves, muito ariscas, continuamente largam alaridos crepitantes, no que instalou-se quaisquer desconfianças. O fato amplia-se com o número de aves, que adoram andar em bandos. A gritaria, entre baixadas e morros, pode ser ouvida numa localidade inteira.
     Poucas famílias ousam criá-las em função da impertinência. A criação dos filhotes mostra-se uma especialidade, quando na tenra idade, não podem com maior umidade. Alguma choca ganha a nobre incumbência de chocar e criar a ninhada, porque os próprios carecem da eficiência para concretizar o feito.   Os bichinhos identificam-se como da espécie das galinhas, no que, depois de certa idade, descobrem as diferenças. Adotaram as chocas como mãe, depois de grandes, quando um afeto mútuo tornou-se costumeiro. A localização, das ninhadas das aves, ostenta-se outra brincadeira entre o criador e as poedeiras. Elas buscam lugares entre moitas e roças, quando mantêm a maior discrição. Ninhadas, com até três dezenas de ovos, acabam achadas no ínterim das procuras. O segredo consiste em cuidar em determinados horários (das treze às dezesseis horas) quando põem neste interim. A inconveniência reside em degustar os brotos das culturas, quando causam prejuízos as lavouras de cereais e forragens. Os criadores relevam situações em função do espetáculo da sua presença, no que animam e enobrecem o cenário rural.
     Os humanos, no contexto rural, precisam de parcerias, quando a monotonia da rotina torna-se uma ilusão. O indivíduo ostenta-se dono do próprio tempo e livre no cenário produtivo, quando muitos, no contexto urbano, ignoram estas facetas existenciais.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://rs.quebarato.com.br/sao-sebastiao-do-cai/angolistas-ou-galinhas-d-angola__128990.html

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