Translate

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Um desleixo urbano



Uma área, no lado duma empresa, cedo conheceu uma inconveniência. Aquele incômodo, comum nas periferias urbanas, da desova de lixo. Os moradores, na surdina, “tratavam de descarregar suas porcarias”. Um punhadinho no começo, em questão de semanas, tornou-se um amontoado/espalhado de imundícies. O proprietário, morador doutra cidade e num eventual cuidado, fazia descaso da situação da desova.
Uma empresa, como vizinhança, funcionava no lugar. O dono, diante do alheio, mantinha o desinteresse. A despreocupação era comum com o criatório de aranhas, moscas, roedores... O cheiro impróprio, nos dias de intenso calor, faziam-lhe indiferença no ambiente. Um conhecido, no seu entender inconveniente, até cobrou-lhe alguma providência (diante do descaso com o depósito clandestino). Ele, como contribuinte, pensou no município dar um jeito nesse material.  O pagador de impostos, nada baixos, mantinha desobrigação com relação a realidade imprópria.
Os dias quentes e secos achegaram-se no sabor do verão. Outro domingo ensolarado e tranquilo sucedeu-se em meio a sucessão de dias. A vontade familiar foi de “colocar os pés na estrada”. A preocupação foi de curtir a convivência e desligar-se das obrigações de rotina. Algum pedestre, neste ínterim, passou certamente pelo local do depósito. Este, com aquele cheiro e visual inoportuno, atirou (na discrição) algum  pitoco de cigarro. Este, como camarada inconsequente, “foi-se ao mundo”. A ação foi criando e espalhando fumaça negra. As labaredas, numa hora, tomaram vulto e o lixo ia sendo consumido.
Algum amigo, ao dono da empresa, cedo telefonou. Este relatou o fato e o perigo iminente. As ameaças eram veementes do fogo alastrar-se na direção do prédio da empresa. O proprietário, de longa distância, “adveio correndo a mil” para acompanhar o quadro. Os bombeiros foram acionados e debruçaram-se para evitar maiores consequências. Um incêndio generalizado poderia tomar vulto em função dum simples descaso. O lixo: todos produzem-o e ninguém deseja tê-lo próximo. O susto e o temor foram grandes com perdas maiores. A sorte ainda ajudou para evitar algum desastre maior.
Uns aprenderam a dura lição da destinação própria. Os donos não podem permitir macegas próximo as redondezas dos prédios. O patrimônio, angariado com tamanho suor e trabalho, poderia ter ido pelos ares num piscar de olhos. Um simples relapso poderia ter causado danos incontáveis. Qualquer morador, no lugar do seu habitat, é um dos responsáveis pelo espaço. O ente público não dá conta de abraçar todas as necessidades. Os terrenos desabitados, no contexto urbano, cedo tornam-se um “problemão” (como criatórios e depósitos clandestinos).
As pessoas criam-se problemas onde inúmeras vezes inexistem. Os lixos e plásticos, como problemática, acabarão suavizados na proporção do emprego exclusivo de materiais biodegradável. Os cuidados dados as imundícies, em quaisquer ambientes, retratam o real nível cultural dos ocupantes do espaço. O cidadão, em qualquer ambiente e contexto, precisa fazer sua parte (mesmo que os outros relegam sua porção). O ente público, diante das muitas e variadas necessidades e obrigações, carece de poder atender a gama de exigências.

Guido Lang
”Singelas Histórias do Cotidiano Urbano”

                                                    Crédito da imagem: http://tribunadonorte.com.br  

O caminho da vida



No caminho da vida, existem paisagens para serem apreciadas, horizontes para se medir a distância e curvas fechadas que podem nos precipitar nos abismos.
Devagar também se chega, com a vantagem de correr menos riscos, ferir-se menos e suportar as quedas com menos sofrimento.
Isso permite retornar a jornada com mais rapidez e aí consiste a eficácia da caminhada que certamente oferecerá um produto final com maior conteúdo de sabedoria.
Essa é a essência.
Uma vez completada a jornada, o fim perde em importância.
Ficam as lições da caminhada e elas precisam ser assimiladas.
Portanto, não tenha pressa, pois, quase sempre, indo devagar, chegaremos mais rápido.

Legrand (dados biográficos desconhecidos)

Crédito da imagem: http://caminhomesquita.wordpress.com