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terça-feira, 1 de setembro de 2015

A amargura do bolso


O galo, no desígnio da reprodução, contraiu mania do passeio. As idas e vindas, no habitual, caíam no domínio do vizinho. O harém, no estranho pátio, fora estabelecido. O descanso, no crepúsculo, exprimia retorno às raízes. O trato, na cota diurna, acontecia na gentileza do milho. O serviço, na cobertura das fêmeas, fora ignorado no benefício. O dono, no real do pátio, avaliava apenas o material. As cantigas, no invariável das ocasiões, foram igual desconhecidas. Os lembretes, na vista de hostis (mormente gatos e gaviões), adentraram na ninharia. A exata hora, no cochilo, incidiu na amostra da ração. A ave, na vista das galinhas, atraiu e levou na ingestão. A jaula, em cadeia, fora armada ao acanhado. O engodo, no sufoco do alarido, implicou “na panela”. O bípede, na vivência, perpassou como mero ente. Os humanos, na “angústia do bolso”, falecem na medição das ações e serviços. Os encargos, no gasto dos terceiros, resultam nos artifícios arrojados e imprevistos.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://esportes.r7.com/