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sexta-feira, 15 de março de 2013

Colônia Teutônia: Fases da Colonização



O processo de ocupação da Colônia Teutônia, em termos gerais, ocorreu em três etapas. Esta realidade, a partir dos livros de colonização e registros de imóveis, lê-se nas entre-linhas da história regional.
O primeiro período, entre os anos de 1862 a 1868, registra a chegada e instalação dos primeiros elementos europeus. As picadas ocupadas situaram-se a margem esquerda do Arroio Boa Vista (afluente do Taquari). As terras mais planas da colônia particular (dividida em seiscentos prazos). As localidades da Germana, Glück-auf (Canabarro), Boa Vista e Nove Colônias foram o início da empleitada. Alguns lotes, nesta época, já foram comercializados na margem direita. Os colonos advindos das velhas colônias (Colônia Alemã de São Leopoldo) dominaram o espaço. A propaganda da fertilidade do solo e abundância de madeiras foram causas de afluxo de pioneiros. Vários, como descendentes dos primeiros imigrantes (primeira e segunda geração), afluíram em função da procura de novas terras. As comunidades constituídas, de maneira geral, eram mistas; incluia imigrantes e teuto-brasileiros. As famílias, entre outras várias, foram ArntDickelGreveGüntzel, LautertHachmannHeinrichRöhrigSchüleStreher...
A segunda, de 1868 a 1875, ultrapassou o Arroio Boa Vista, isto é, abrangeu as terras situadas a margem direita. As picadas Franck, Welp, Clara, Schmidt, Neuhaus e Catharina (parte) viram-se desbravadas. Os pioneiros foram teuto-brasileiros e as famílias iniciais de westfalianos. A ocupação revelou-se rápida, isto é, em menos duma década a área toda viu-se  habitada. O tamanho dos prazos coloniais ficaram menores (entre oitenta a cem mil braças quadradas) e as terras começaram a ficar acidentadas. Salientaram-se, entre outras famílias, os FranckBeckmann,  GenehrGeiselLandmeierLangHattjeKichEggersHunscheZimmermannLooseJasperStrateSchröerSchonhorst...
A última, entre 1876 e 1885, englobou a área norte da Colônia Teutônia. Os lotes acidentados na encosta do planalto, portanto, mais difíceis às atividades primárias. Os pionieros, em poucos anos, fizeram “um milagre westfalianos” em criações e plantações. As picadas Moltke, Köln, Berlim, Krupp, Bismarck, Arroio da Seca, Frederico Guilherme, Horst e Siveira Martins foram criadas. A colonização westfalianos tornou-se a dominante e o dialeto do sapato de pau predominante. Os obstáculos, entre morros e vales, foram vencidos de forma persistente e tenaz. Os prazos coloniais mantinham tamanhos menores (em média de cinquenta mil braças quadradas). Os nomes da localidades, em boa parte, ligaram-se a unificação alemã. A área abrange partes dos atuais municípios de Imigrante, Teutônia e Westfália/RS. As famílias, entre outras, foram os AhlertHorstLutterbeckLindemann,  MarkusPottGoldmeierSpellmeierKrabbeWilsmannBruneBrinckmannLagemann...
Teutônia, graças a ânsia de terras aráveis, foi um sucesso precoce da colonização. As férteis terras, em poucos anos, trouxeram cenários assemelhados a velha Alemanha. A fartura alimentar, com produtos de subsistência, trouxeram uma nova realidade produtiva no cenário provincial. Um lugar de geração de riquezas ímpares nas terras brasileiras e posterior exportação de pioneiros a outras plagas nacionais.

        Fonte: Guido Lang. O Informativo de Teutônia n° 15, dia 04.11.1989, pág. 02. (texto reescrito).  

Crédito da imagem: http://www.achetudoeregiao.com.br

Umas singelas peças


Convento São Boaventura - Imigrante/RS, construído todo em pedra-grês.

As pedras, por milênios, jaziam adormecidas nas brutas e cobertas minas. Os materiais, na profundidade do tempo, achavam-se numa aparência de eternas (nas inércias e reservas).
Uns forasteiros, no contexto dos primórdios da colonização e ocupação colonial, achegaram-se numa certa ocasião. Estes senhores, com habilidade finita e paciência ímpar, passaram a destacar e rachar lascas (em forma de variadas peças e tamanhos). Umas escassas ferramentas (a base do aço e ferro maciço), manipuladas por milagrosas e práticas mãos, extraiam estranhos e variados quadrados. Estas peças, conforme as finalidades de uso, mantinham dimensões e formatos diversificados (de algumas dezenas de centímetros em altura, comprimento e largura). Os objetivos das extrações consistiam numas nobres funções e missões nas construções.
Os conjuntos de milhares de peças, em dias, semanas, meses, anos e décadas de extrações, viam-se destacados e selecionados (conforme as necessidades próprias). Os pedaços das lascas, umas caricaturas e miniaturas comparadas as minas de pedras grês, foram sendo arrastados e carregados. O trabalho animal e humano, na direção dos espaços das obras, conheceram dedicação, habilidade e inteligência. Os locais, costumeiramente um pouco distantes das estradas gerais e no interior das propriedades, ganharam dimensões de instalações diversas. Alguma visão panorâmica, como encostas das colinas (na proporção de haver água), tinham preferência nos locais de montagem.
Algumas centenas de milhares de unidades,  destacados do conjunto, foram sendo amontoados e empilhados cuidadosamente e pacientemente nas muitas picadas (localidades). Algumas peças, as mais robustas e volumosas, tiveram as funções de alicerces. Elas, no contexto geral, precisaram comportar as mais leves. As mais leves ganharam a dimensão de paredes. Umas quatro, com subdivisões no centro, tomaram sentido das moradias. Edificações sólidas, desafiadoras do tempo, fizeram-se em função da dureza dos materiais. Os calores, chuvas, frios e  ventos viam-se suavizadas no contexto dos abrigos (edificados nas matas subtropicais). Umas três a quatro gerações abrigaram-se e criaram-se nas construções (durante um período de muitas décadas).
As construções obsoletas, em função das peças, foram desmontadas e remontadas. A modernidade adveio para enterrar modelos de vida do passado. Os materiais, de modo paciencioso, foram novamente desmontados. Umas mãos, agora da descendência, trataram de carregá-las em potentes veículos. Elas, em lugarejos variados, foram descarregados e reconstruídos. Estas, como no passado, mantiveram suas funções.
Outros humanos, como velhas cozinhas e salas, adquiriram-os por míseros trocados. Alguns enamorados, como jovens casamenteiro, continuaram a epópeia humana (de edificar casas e constituir famílias). Estes, com ajuda de auxiliares e pedreiros, refizeram a metódica labuta da montagem e reconstrução. As preocupações, como na origem, consistiam em fazer mais com o menos dos recursos (com razão de fazer render o dinheiro). Outras semanas e meses, de esforço e suor, foram necessários para fazer brotar habitações em novos moldes.
As pedras, legados dos ancestrais, continuaram sua nobre e  sublime missão de abrigar das intempéries do tempo. As moradias, noutras três a quatro gerações, certamente tem a função de cuidar e guardar humanos. Estes materiais vêem-se encaixados e readaptadas as necessidade da modernidade. Algum reboco, para esconder o cru, escondem as muitas e variadas peças. As pesadas e sólidas rochas, no contexto dos manejos das construções, mostraram-se judiadas e penosas.
As pedras reformuladas, umas vez empilhadas, formaram um conjunto ímpar. Umas robustas edificações desafiam o tempo e dão conforto e segurança aos proprietários. Os quebradores, no processo da colonização, passaram no silêncio do anonimato (na proporção da ausência ou carência de registros). A tradição oral, nas décadas sucessivas de sucessão das gerações, iriam esquecendo nomes e práticas dos autores das façanhas.
Se as peças, num conjunto de roda viva, pudessem falar da história. A grandiosidade do gênio humano, no seus muitos anonimatos, seriam dignos de admirações e registros. Como ocorreram as extrações? Quais as ideias e filosofias das pessoas envolvidas? Que modo de vida ostentavam? Quem eram os reais construtores? Algumas funções, nos sucessivos futuros, continuarão sendo dadas às pedras. Estas, umas vez destacadas e selecionadas, ganharam uma serventia ímpar. Estudiosos, nas posterioridades, elaborarão teorias e tratados sobre técnicas de construção.
Uma realidade, comum nas colônias, consiste em desmontar antigas construções e remontar os materiais em novas edificações. As pedras, no tempo, desafiam as gerações  na proporção de servirem a muitas humanos. As peças, talhadas com habilidade e paciência, tem uma continua serventia nas propriedades coloniais.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”


Crédito da imagem:http://www.turismo.rs.gov.br