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sábado, 22 de fevereiro de 2014

O martírio das privações


A família, filha das colônias, migrou à periferia urbana. A dificuldade, no salário, consistiu em sair do aluguel. A aquisição de casa e terreno descreveu um conto de lutas!
O trabalho, da família, foi labutar no chão das fábricas. Os rebentos, nas escolas públicas, falharam na chance de quebrar o elo da baixa qualificação e remuneração!
A situação, no desfecho dos meses, assumia aquela novela. A baixa estima, de atormentado e preocupado, decorria das carestias. As sobras viam-se reunidas nas migalhas!
Os membros espremiam e reuniam-se nos consumos. O dinheiro, na imprópria gerência, escorria entre dedos e mãos. O estômago, na vontade de degustar, pagava nas privações!
Pais e filhos, somados de genros, noras e netos, satisfaziam-se no pouco. Os dias finais, anterior aos pagamentos, assumiam ares de eternidade. O desânimo floria no ambiente!
O descontrole, de gastos com veículos, inviabilizava fechar o orçamento. Algum extra ou pico reforçava verba. Os desejos de consumo consistiam nas intermináveis conversas!
Os apetites, nas contínuas ofertas de vendas, precisaram ser contidos. Os bolsos, nas despesas de toda ordem, viram-se impossibilitados de comportar despesas e obrigações!
Os assalariados obrigam-se a se espremer na inflação. O remanejamento de preços dilui o poder de compra. A moeda, na corrosão, compra e custeia continuamente menos!
A palavra não, nas intermináveis ofertas, desponta como sinônimo de sabedoria. O indivíduo, na carência do dinheiro, passa fome nas cidades!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://msgdeluz.blogspot.com.br/