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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Provérbios Indígenas


  1. Que haja calor no teu iglu, óleo na tua lâmpada e paz em teu coração (Esquimó).
  2. Nunca coloque o seu dedo num furo do gelo, você poderá congelar seu dedo (Esquimó).
  3. Não julgue o seu vizinho até andar duas luas nos mocassins dele (Cheyenne).
  4. Que os meus inimigos sejam fortes e corajosos, para que ao ser vencido não me sinta envergonhado (Cheyenne).
  5. Pense o que quiser pensar, você tem que viver com seus próprios pensamentos (Dakota).
  6. Os pensamentos são como flechas, uma vez lançados alcançam o seu alvo. Seja cauteloso ou poderá um dia ser sua própria vítima (Navajo).
  7. O bem que fazemos na véspera é o que nos traz felicidade pela manhã (Sioux).
  8. Quando a última árvore for cortada, quando o último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim eles [os ditos civilizados] verão que dinheiro não se come (Sioux).
  9. Pai, ajudai-me a nunca julgar o próximo antes que eu tenha andado sete dias com as suas sandálias (Sioux).
  10. Não basta falar sobre a paz, é preciso pensar, sentir, agir e viver em paz (Shenandoah).
  11. As leis dos homens mudam de acordo com o seu conhecimento e compreensão. Apenas as leis do Espírito permanecem sempre as mesmas (Crow).
  12. Lembrem-se que seus filhos não são sua propriedade, eles foram apenas confiados à sua guarda pelo Grande Espírito (Mohawk).
  13. Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo. Ande ao meu lado, para podemos caminhar juntos (Ute).
  14. Quando  compreendemos profundamente a verdade dos nosso corações, saberemos louvar, amar e agradecer ao Grande Espírito (Oglala Sioux).
  15. O que importa se uma vasilha é preta e outra é branca, se o desenho delas é perfeito e servem para a mesma finalidade (Hopi).
  16. Você deve viver sua vida do início até o fim, pois ninguém mais pode fazer isto por você (Hopi).
  17. Todos os homens e mulheres tem um futuro, mas poucos tem um destino (Andino).
  18. A inveja é um cupim que corrói e consome as entranhas do invejoso (Inca).
  19. Se você fala com os animais, eles falarão com você e vocês conhecerão um ao outro (Inca).
  20. Existem três caminhos: o certo, o errado e do coração. O caminho certo nem sempre é o certo. O caminho errado nem sempre é o errado. O caminho do coração é sempre o caminho do coração. Portanto siga seu coração (Inca).
  21. A terra será  o que são os seus homens (Asteca).
  22. Quanto maior o rio, menor ruído ele faz (Tupi).
  23. Um homem pode amar várias mulheres, mas com poucas  brincará (sexo) com plenitude (Tupi-guarani).
  24. Uma mulher pode fazer sexo com muitos homens durante sua vida, porém o seu coração será de um só homem (Tupi-guarani).
  25. Ó Criador do Sol e Trovão! Seja sempre bondoso! Não envelheça-nos! Permita que todas as coisas estejam em paz! Multiplique o povo e provenha-o com comida e permita que todos as coisas frutifiquem (Prece Inca).
(Reunidos, por Guido Lang, a partir de livros e sites variados)

Crédito da imagem: http://www.avidabloga.com/

A excepcional caçada de Nhonhas



Os pioneiros, em terras brasileiras, criaram os relatos das caçadas ímpares. Inclui-se aí a brincadeira da caçada das Nhonhas. Uns singelos bichinhos inexistentes, moradores dos brejos, matas e roças, próprios para fisgar os extremamente chatos e espertos; contadores de excepcionais vantagens e “contínuos donos da razão”.
Os forasteiros, advindos das paragens mais distantes do país, afluem às comunidades de colonização alemã. Eles cedo ganham a amizade e simpatia da alemoada. Os naturais querem ouvir histórias das origens, no que alguns exageram na dose das espertezas e narrações. Compreendem-se muito astutos e espertos para os pacatos moradores. O pessoal convida os falantes para alguma caçada. A prática consiste em apanhar Nhonhas, dizem ser do tamanho dos preás no interior dos lugares o qual são retirados. O forasteiro ganha a sublime missão de parar e abrir o saco no contexto de algum trilho. Os colegas, em número variado de umas poucas unidades, tratam de entocar os bichinhos. Estes, adoidados em função da algazarra e correria, procuram refúgio na primeira possibilidade de toca. Sucede-se, em meio ao desespero, destes entrarem no saco e o abridor fechá-lo no momento oportuno. O curioso, os ditos amigos, abandonam  sua função; dirigem-se para casa, em meio às gargalhadas,  deixam o ingênuo “plantado” até desconfiar do trote aplicado.
Sucedeu-se, num encontro de jovens (de determinada confissão religiosa), prenderem um bichinho desses. O povão tinha ouvido falar das Nhonhas, porém nunca tinha visto alguma. Este muito bem acondicionado e guardado numa caixa (deveras fechado), pode ser apreciado/enxergado. Procurou-se, no interior duma sala, colocar a caixa com o animal. Os curiosos, sob coordenação duma dupla de estudantes, puderam vislumbrar a espécie.
Cuidou-se, em função de ser extremamente arisca, deixá-lo olhar de um em um. Uma fila quilométrica cedo constituiu-se a  partiu-se a apreciação. Os guardadores alevantam a tampa do caixote e, no fundo, no reflexo do espelho vêem a Nhonha. Um animal diverso conforme as aparências de cada qual. O resultado foi de extrema gargalhada e vergonha com a exagerada curiosidade. Os participantes, tendo uma vez visto o bichinho, não faziam questão de apreciar uma segunda. A imagem, até os dias finais da existência, ficou-lhes gravada na memória. A Lenda das Nhonhas ("Till-tasf" no alemão) mantém-se uma história teuto-brasileira. As esporádicas caçadas, com o esclarecimento cultural na era da comunicação (da globalização), mostram-se momentaneamente desativadas.
Preservou-se o ensinamento básico: “-O excesso de curiosidade costuma levar ao ridículo”. Cuidemo-nos para não embarcar nalguma furada semelhante! As brincadeiras, sem muitas explicações, são a forma mais derradeira de ensinar certas lições inesquecíveis da vida.

Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.novomilenio.inf.br/bertioga/bh004d2.htm
Imagem meramente ilustrativa.


terça-feira, 30 de outubro de 2012

O espetáculo dos maçaricos



   A era dos açudes, nas propriedades coloniais, começou com a introdução das retrós. As máquinas descobriram um filão econômico (de serviços) na proporção de abrirem crateras.  Inúmeros lugares úmidos (olhos d’água), espalhados pelos lotes, depararam-se com a criação de reservatórios.
  O fato criou uma novidade: o advento de microclimas no interior das localidades. Os depósitos espalharam-se ao longo das baixadas e banhados. Tiveram uma função de abastecer animais (sobretudo o gado nos potreiros); criar peixes ao consumo familiar; complementar renda (com a comercialização de sobras); ornamentar e umedecer ambientes; possibilitar irrigações... As reservas maiores adquiriram funções de pesque-pague. Incentivos a mais ao turismo colonial (como opção de lazer para forasteiros e naturais).
   A abundância de água, de forma silenciosa e progressiva, criou novidades com a fauna e flora.  Espécies exóticas, de paragens distantes, foram achegando-se nestes espaços.  Aves desconhecidas, aos ambientes locais, afluíram em números reduzidos, porém cedo conheceram uma multiplicação e proliferação. Estas, através “dum trabalho de semeadura”, trouxeram o embrião de vegetais diversos (aos ambientes coloniais). As espécies, próprias aos ambientes úmidos, foram trazidas através das fezes e sementes grudadas (nos pés)...
    O ímpar espetáculo, nos locais das ilhas artificiais, relaciona-se aos maçaricos. A espécie, no alvorecer dos dias da primavera-verão, aflui às dezenas (com razão de pernoitar nestes ambientes). Advém de lugares distantes e remotos em vôos rasantes (a semelhança de avião a jato). Assentam-se em arbustos e árvores. A algazarra toma conta do ambiente. Projetam-se possibilidades de ninhos. Chama atenção, o cenário exclusivo, da natureza aos olhos dos expectadores. Criou-se, através do acúmulo de água, mais outra maravilha colonial. Soma-se as belezas dos cardumes, ares umedecidos (dos outrora ambientes secos), alaridos desconhecidos...
     O homem, criando novas realidades de exploração econômica, modifica ambientes e comportamentos. Água, em quaisquer espaços, mostra-se razão de muita natureza. Quem não sonha em ter algum recanto próprio para apreciar o espetáculo da vida e curtir a tranquilidade da existência? 

Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.avescatarinenses.com.br/ave.php?id=245 

Carta de um Imigrante Alemão


Rio de Janeiro, 20 de junho de 1824

     Caros cunhados e irmãos e irmãs!
    O céu nos trouxe para cá sãos e salvos. Aqui, não se poderia desejar coisa melhor. Todos nós estamos bem de saúde. De jeito algum me arrependo por ter ido embora de Gedern e do país de vocês. E fizemos uma boa viagem marítima. No que diz respeito à náusea, ela não traz perigo nenhum para ninguém. Tanto faz estar no mar ou no quarto. A gente só precisa acostumar-se. Tive um companheiro de Büdingen (situada a quase 40 km ao nordeste de Frankfurt). Ele me ajudou de todas as maneiras possíveis. Inclusive o papel em que lhes escrevo, ele o trouxe da Alemanha. Não aconteceu nenhum acidente.
    Caros cunhados e irmãos e irmãs, minha carta não basta e a folha de papel é pequena demais para relatar tudo. Nós estamos no céu. Na partida de Gedern eu estava muito preocupado. Mas Deus abençoou-me e me trouxe para cá (...)  Entre vocês as pessoas aspiram por dinheiro, mas entre nós, por uma vida longa. Quem está aqui neste céu não deseja retornar para vocês.
    Caros cunhados e irmãos da minha família, venham para cá, para junto de mim. Não se deixem dissuadir. (...) Caros cunhados e irmãos e irmãs (...) nós estamos no céu. Se quiserem passar tão bem como nós, venham e juntem-se a nós. No que diz respeito à religião, cada um pode permanecer com sua fé. Temos reformados (calvinistas), luteranos, católicos e judeus, em suma, pessoas de todas as religiões. Cada uma tem o seu clérigo. Recebi um lote de terra muito boa. Tenho muitos cavalos, mulas, faisões, gansos, patos, galinhas andando livremente no campo. Aqui consigo ganhar mais com a minha enxada do que na terra de vocês com um arado de quatro cavalos.
   Caros cunhados e irmãos e irmãs, venham para cá, ao céu, pois vocês estão no inferno. Quando alguém chega aqui, precisa requerer junto ao governo um passaporte. (...) Caros cunhados e irmãos e irmãs, escrevo-lhes de longe. Não devem deixar dissuadir-se e venham para cá, se tiverem pelo menos o dinheiro para a viagem para (o porto de) Hamburgo (na Alemanha). Aqui vocês não precisam de dinheiro. Estando uma vez aqui, vocês mesmos serão seu próprio valor. Aqui tem todas as plantas, sejam elas quais forem. O que aqui estamos dando ao nosso gado é melhor do que a comida de vocês. (...) Aqui há no depósito mais sacos cheios de dinheiro do que batatas entre vocês. Quando me fui embora de Gedern, recebi do judeu Wolf, um viático, inclusive quatro moedas de ouro. Esta eu as tenho ainda hoje e ganhei outras quatro. Podem perguntar ao prefeito de Gedern se é verdade. Há muitos cavalos, mulas, faisões, gansos, patos, galinhas. Cada um pode possuir quantos quiser. Entre nós não há nenhuma desordem, e, sim, grande ordem.
    Cunhados e irmãos e irmãs e todos os bons amigos, venham para cá! Não quero morrer bem-aventurado se não for verdade o que lhes escrevo. Vendam suas casas e bens pelo preço que conseguirem. (...) Quem exerce um ofício pode brincar com dinheiro. Pode viajar como quiser. (...) Aqui todo mundo vive bem. Caros cunhados, irmãos e irmãs, tragam junto o cunhado Georg Weber para que seja compensado de vez, se tiver pelo menos dinheiro (para a viagem) para Hamburgo. Se não o tiver, o emprestem o necessário; restitui-lo-ei. Não deixem ninguém para trás; tragam mulher e filhos e tudo junto. Com isso encerro minha carta. Espero revê-los em breve.
    Minha esposa e eu saudamos vocês. Transmitem saudações ao senhor prefeito, a toda a diretoria, a todos os bons amigos da minha esposa e suas irmãs, seus irmãos e os filhos deles, aos nossos padrinhos e nossas madrinhas e todos os demais bons amigos.

Johannes Schmidtt De Gedern

Fonte: Anuário Evangélico, ano 1996, pág. 88 – 89

Crédito da imagem: http://www.familia.dienstmann.com.br/index.php?conteudo=imigracao

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ésquilo



01. Eu não tenho medo de tempestades, pois estou aprendendo a conduzir meu barco.
02. Falseando a verdade, a maioria dos homens prefere antes parecer a ser.
03. Homens idosos são sempre jovens o bastante para aprender com lucro.
04. Está no caráter de muito poucos homens admirar, sem inveja, amigo que prosperou.
05. Quando a pessoa está disposta e preparada, Deus entra em ação.
06. Deus ama aquele que se esforça para ajudar a si mesmo.
07. É sábio quem sabe muitas coisas, mas quem sabe coisas úteis.
08. É um tipo de doença natural não poder contar com amigos poderosos.
09. O momento é sempre apropriado para que os velhos aprendam.
10.  As palavras são um remédio para a alma sofredora.
11.  Quem não inveja, não é que se preza. A disciplina é a mãe do sucesso.
12.  Sofrimento traz experiência.
13.  A força da necessidade é irresistível.
14.  Simples são as palavras da verdade.
15.  Morrer gloriosamente é melhor do que salvar-se.
16.  Os exilados se alimentam de esperanças.
17. Toda a água dos rios não é suficiente para lavar a mão sangrenta de um assassino.
18. Nem mesmo por estar perto do fogo em sua casa, o homem pode escapar do julgamento     do seu destino.
19. Raros são os homens dotados de bastante caráter para se regozijarem com os sucessos de  um amigo sem uma sombra de inveja.
20. “Sob esta pedra jaz Ésquilo, filho de Eufórion, o Ateniense, que pereceu nas terras ricas em trigo de Gela; da sua nobre bravura o bosque de Maratona pode falar, assim como o persa de longos cabelos, que o conhece bem” (Inscrições na lápide de Ésquilo).

(525 – 456 a. c.), dramaturgo grego.

(Pensamentos reunidos, a partir de fontes diversas, por Guido Lang)

Crédito da imagem: http://projetophronesis.com/2009/09/16/e-book-teatro-grego-esquilo/

A aprendizagem de uma técnica


  

  Os imigrantes, depois de semanas de espera nos portos e casas de imigração, foram conversando, observando e assimilando técnicas agrícolas do Novo Mundo. Alguns locais deram-lhes dados como enfrentar a fechada mata. Esta, de horizonte a horizonte no contexto das picadas (localidades), estendia-se “a semelhança dum tapete verde” ao longo das baixadas e morros (de preferência próximo aos cursos fluviais).
   Equipes, no ínterim do compasso de espera dos imigrantes pelas propriedades, penetravam floresta adentro com razão de delimitar lotes. Caboclos, com amplos conhecimentos do espaço florestal, auxiliavam os agrimensores na nobre tarefa. Receberam a incumbência, depois de delimitados as propriedades, de conduzir às famílias as respectivas terras. Os caminhos, atoleiros e estreitas picadas, viram conduzidos os elementos europeus. Eles, ao novo meio, tinham muito a conhecer e experimentar com vistas de adaptar-se a realidade sul-americana (constituir um conhecimento empírico novo).
    A primeira grande lição, como técnica agrícola, relacionava-se a conquista da terra arável. Como dominar essa floresta de aparência impenetrável? Árvores centenárias para derrubar e conquistar o solo. Entrou aí o especial ensinamento: a coivara ou queimada. Os portugueses tinham-na assimilado com os elementos indígenas. Alemães apreenderam-na com a descendência destes.
     Os colonos, a base de facas, facões, foices, machados e serras, tomaram-se a tarefa de aplicar a técnica. Ceifou-se, numa primeira roçada, a vegetação rala; partiu-se, em seguida, a derrubada de arbustos e árvores. Cada dia, num trabalho incessante e maçante, um pouco de conquista. Deixou-se secar uns dias a vegetação. O fogo daí ganhou a incumbência de processar a limpeza generalizada. Ficaram, após a queimada, madeiras e sobras de galhos. Estes, num passo subsequente, ganharam o ajuntamento e nova queimada. A preocupação, com a destruição da milenar camada de húmus, pouco havia. Queria-se áreas limpas para cultivar as culturas anuais e obter magníficas safras.
    A prática, nas décadas subsequentes a colonização, jamais foi abandonada. Ela, nos desfechos do inverno e primórdios de primavera, toma lugar nalguns lugares restritos nas colônias. A legislação ambiental inibe/proíbe (em função dos prejuízos ao solo, porém a prática subsiste). Pode-se, a longas distâncias, apreciar o alevantar-se de nuvens de fumaça (nas vésperas de chuvas e finais de semana). Os usuários mantêm todo um conhecimento e cuidado com ventos. Limpam-se áreas próximas aos locais de queimadas (com razão do fogo não propagar-se). Esporádicos desastres, todavia sucedem-se. Poupam-se trabalhos de semanas com uma modesta ação do fogo.
     Inúmeros são os relatos das queimadas incontroláveis nas colônias. Qualquer colono sabe que fogo é uma arma, portanto, todo cuidado é pouco. Queimadas, um flagelo das beiras de estradas e parques naturais, lançam uma ideia dos estragos e do poder do fogo. 

Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://vivirefletindo.blogspot.com.br/2010/09/queimadas.html

domingo, 28 de outubro de 2012

As lamúrias dos azarados


   

    As pessoas, no cotidiano da vivência, reúnem-se por alguma afinidade. Estas são as mais diversas. Salientam-se, a título de exemplos, condições econômicas, idades, parentescos, profissões, vizinhanças... O certo relaciona-se em querer estar entre grupos/tribos (como ser social).
      Aconteceu, numa certa localidade colonial, ajuntar-se três moradores. Estes lamentaram o infortúnio na atividade rural. O beltrano era criador de galinhas; o fulano cuidava de porcos e sicrano ocupava-se com as vacas. Os três queixaram-se do impróprio. Entendiam-se deveras dedicados, porém azarados. O sucesso da vizinhança, de alguma maneira, lhes importunava. Os copos de cerveja acentuavam as conversações e choradeiras! Outros, enfurnados no ambiente da venda em meio ao baralho, não deixaram de escutar os queixumes. O comerciante, precisando do tipo de cliente, manteve-se na aparente imparcialidade. O interessante relacionou-se as diversas conclusões extraídas dessa conversação.
    Os autores foram pensando as razões dos seus insucessos pessoais. Procuraram daí expor as causas desses fracassos na atividade rural. O primeiro dizia-se criador: “- As galinhas dão pouca carne e ovos; penso até em parar na criação”. O segundo, suinocultor, deparava-se com animais raquíticos e limitadas possibilidades de abate; cogitava em diminuir o número de matrizes. O tambeiro via as vacas magras pastarem no potreiro; leite, muito pouco diante da falta de cuidados e trato especiais. Os três, em síntese, pensaram: “- Os baixos preços não compensam toda a dedicação e demora”. As criações/ negócios asseguravam modestos dividendos, todavia nada de maiores sonhos de melhorias de vida.
    Os problemas, na prática, consistiam no desleixo com as criações. As aves, como galinhas caipiras, dormiam em árvores. As perdas, com a ousadia das raposas, eram grandes. O milho mal conheciam como trato (ração não passava de esporádica sobremesa). Os porcos recebiam mísero pasto verde e alguns esporádicos tubérculos. Animais pareciam atolados em meio aos seus excrementos e restos vegetais. Água naquele estado turvo em função de dejetos... As vacas degladiavam-se para sobreviverem na grama natural (potreiro dominado pelo brejo). Algumas forragens esporadicamente degustavam. A silagem “ostentava-se algum alimentos dos deuses”... Os criadores, na prática, queriam distância de maiores obrigações e trabalhos. Desejavam atender as tarefas conforme as conveniências dos seus horários. O propósito maior era a continua extração e nada de maiores reinvestimentos. “A sorte parecia-lhes somente morar na concorrência/vizinhança”. O bondoso Deus, na sua compreensão, mostrava-se inclemente com eles, porém tão benigno com outros.
    O camarada precisa cuidar da própria sorte e daí solicitar as bênçãos divinas. Deus abençoa quem também se auxilia (com esforço, inteligência e trabalho). Uns, diante do próprio descaso e desleixo, não tem como aconselhar e ajudar! A escola de vida tem sido o melhor professor para desleixados e teimosos.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://aryadnehemmyly.blogspot.com.br/2011_01_01_archive.html 

Sabedoria Alemã

   

  1. De que adianta correr quando se está no caminho errado.
  2. Um erro antigo é mais popular que uma verdade recente.
  3. Melhor ser um pequeno senhor a ser um grande servo.
  4. Amigos dessa envergadura, nem se precisa de inimigos.
  5. Quem não ouve conselhos não precisa de maiores ajudas.
  6. Quem procura um amigo sem defeitos nunca terá amigos.
  7. Quem queimou a língua nunca esquece de soprar a sopa.
  8. Após os grandes sofrimentos seguem as excepcionais alegrias.
  9. Das pedras do sábio, os imbecis cedo fazem pedregulho.
  10. As frutas não costumam cair longe dos pés.
  11. Cada um, dentro de si, tem um pouco de professor.
  12. Os vadios, nas noites, costumam criar pernas.
  13. O trabalho endurece e enobrece os corpos moles.
  14. O trabalho, tendo saúde, revela-se uma terapia.
  15. Todo gato, nas noites, ostenta-se cinzento.
  16. Qualquer vassoura nova costuma varrer bem.
  17. Quaisquer começos costumam mostrar-se difíceis.
  18. As coisas boas necessitam de tempo.
  19. Sadio é quem não foi examinado o suficiente.
  20. Cozinheiros demais estragam o mingau.
  21. O amor velho encontra-se alheio ao tempo.
  22. Quando dois discutem, o terceiro alegra-se.
  23. Quem não valoriza os centavos, não merece os euros.
  24. Algum desastre raramente vem sozinho.
  25. A idade necessariamente não é sinônimo de sabedoria.
  26. A falta de resposta ostenta-se uma forma de resposta.
  27. Melhor bem enforcado do que mal casado.
  28. Amanhã por favor, hoje não! O discurso tradicional do preguiçoso.
  29. As mentiras costumam ter pernas curtas.
  30. Pode-se elogiar unicamente depois do trabalho feito.
  31. O excesso de elogios costuma estragar o trabalhador.
  32. Uma galinha cega encontra um grão de vez em quando.
  33. Na casa onde falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão.
  34. A sorte algumas vezes visita um tolo mas não se senta com ele.
  

(Reunidos, por Guido Lang, a partir de fontes diversas)

Crédito da imagem: http://viagensbaratas.com.pt/viagens-alemanha/

sábado, 27 de outubro de 2012

O homem e os animais - Aristóteles


   

   "O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos, quando afastado da lei e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa quando armada, e o homem nasce dotado de armas para serem usadas pela inteligência e pelo talento, mas pode sê-lo em sentido inteiramente oposto.
  Logo, quando destituído de qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais e o pior em relação ao sexo e a gula".

Aristóteles (384 a. C - 322 a. C)

Crédito da imagem: http://neolumenveritatis.blogspot.com.br/2012/02/direito-natural-x-direito-positivo.html

A epidemia comunitária


     

     As comunidades, de tempos em tempos, conhecem uma doença generalizada! Esta, com raras exceções, atingem a esmagadora maioria dos moradores. O curioso liga-se aos fenômenos meteorológicos e ao consumismo desenfreado. O problema maior relaciona-se aos escassos recursos medicinais. Os tratamentos fogem dos conhecimentos e recursos dos doutores dos consultórios e unidades de tratamentos intensivos dos hospitais.    
   A patologia liga-se a tradicional “doença do bolso”. Inúmeros rurais defrontam-se com as carências financeiras. O dinheiro, em função das necessidades de consumo, encontra-se em baixa arrecadação e em maiores dispêndios. Os reflexos cedo invadem o ambiente de lojas, mercados, postos, restaurantes... Inicia-se uma “choradeira generalizada”. Essa pode advir das fracas colheitas, dificuldades de exportação, oscilação de moedas, perdas de mercados... Os comentários, em armazéns e bares, acabam generalizados e governos temem pela sua estabilidade. As macroestruturas tentam intervir com uma gama de remédios, porém “os micro-organismos fogem a eficiência de inúmeras medicações”.
    Os sintomas ostentam-se variados! Mudam de paciente para paciente! Estes, de maneira geral, mostram-se com o desânimo, estresse, inquietação, lamúrias... As aparências, como comportamento, consistem em apresentar queixo caído, enclausurar-se no ambiente familiar, manter-se reservado, ostentar cara amarrada... Inúmeros adoentados, com a era dos celulares e computadores (mídia), descobriram meios de desligar aparelhos e trocar de números. Querem sossego das frequentes ligações encomendações de cobranças. “Outros batem pernas” com vistas de inovar e encontrar paliativos as dificuldades. Procuram racionalizar e repensar as atividades econômicas/produtivas com razão de “cortar gorduras e enxotar gastos”.
  As atenções e cuidados, com o egoísmo humano, redobram-se nos relacionamentos sociais. A criminalidade ganha expressão com assaltos, contos, desfalques, roubos... Gente, com aparência e cara de honesto, costumam enveredar pelos caminhos escusos e da malandragem... Instituições tradicionais, com a queda de receita, podem temer pela sua estabilidade (na proporção de diminuir a arrecadação e clientela). Produtores experimentam diminuir lavouras e plantéis. A doença seria uma calamidade diante da inexistência dos benefícios governamentais, que injetam, com a distribuição de recursos/renda pelas regiões brasileiras dinheiro dos benefícios sociais e “penduricalhos governamentais”.
    A epidemia, a cada década, tenta dar os ares da sua graça. Poucos, com reservas monetárias acumuladas (como colchão d’água), safam-se de maiores aborrecimentos e preocupações. Confirmam-se as velhas lógicas populares: “o dinheiro governa o mundo” ou “sem dinheiro não tem mimo”.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira) 

Crédito da imagem: http://www.toptalent.com.br/index.php/2011/08/26/dinheiro-e-tudo/

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

As profecias do campo

   
    Se algum morador, há aproximados cinquenta anos, tivesse profetizado algumas realidades agrícolas, acabaria sendo chamado de louco. Os coloniais, com certeza, fariam dele chacota por estar transtornado e acreditar na “Lenda do Papai Noel”.
    A realidade, até os anos de 1960 a 1970, era ainda de massivo trabalho animal e braçal. Os rurais trataram de lavrar o solo (com arado de boi); cortar o pasto (com as foices); cultivar as sementes (com saraguá); colher os cereais de forma manual... Dos tratores ouvia-se falar nas regiões da Serra Gaúcha. As áreas planas permitiam a mecanização (em função de ausência de pedras e baixa declividade das lavouras). Algumas máquinas, como excepcionais artefatos das inovações agrícolas, circulavam numa e noutra localidade. Uma boa junta de boi, em cada propriedade, mantinha-se parte da família (considerada segurança para “ostentar pão na mesa”).  A força animal vivia-se complementado com a força braçal (ou vice-versa). Carretas e carroças eram adquiridas a peso de ouro.
      Se algum maluco, naquela época, falasse da atualidade “em plantar milho no meio do brejo/mato” (com a subsequente aplicação de herbicidas e plantio direto); trazer milho (em grão) do Brasil Central para tratar galinhas caipiras (no pátio); produtores, na sua maioria, nem mais tivessem bois nas propriedades; artefatos, como arados, foices e enxadas, serem peças de museus; sementes genéticas, em detrimento as armazenadas na propriedade, serem compradas a cada safra; leite, em caminhões tanque, recolhido nos próprios tambos dos pátios; uns poucos aviários e chiqueiros produzirem milhares de animais (com meia dúzia de  produtores); pastoreio massivo das vacas em pastagens artificiais (quase ausência dos tradicionais potreiros)... O vidente acabaria ridicularizado e “colocado de escanteio” nas conversas informais.
   Moradores perguntam-se: Que inovações tecnológicas ainda virão na atividade produtiva primária? Máquinas mais eficientes e potentes que tornam o trabalho humano obsoleto? A labuta braçal, numa legislação específica, proibida por ser inconveniente a saúde e onerar os sistemas previdenciários? Lavouras assumirão aspectos de hortas (em função da massiva exploração das áreas cultivadas)? Os proprietários, na sua esmagadora maioria, serão empregados/funcionários nas suas propriedades (reféns das instituições bancárias)? Uns poucos unicamente continuarão como colonos e sendo considerados excepcionais empresários do campo? Quais os investimentos financeiros necessários para continuar produzindo? Os limites de produção por área são uma realidade? Quem viver verá as mudanças! Uns poucos anos, na era globalização, com tamanhas transformações no cenário agrícola!
   As profecias, na prática, nem em sonho poderiam ser vislumbradas. A inovação multiplicou o endividamento e a produção, porém contínuas exigências ampliaram e melhoraram o sistema. A agricultura e pecuária tornaram-se empreendimentos dum clube seleto de indivíduos! Quem arrisca-se a dar limites a ciência e tecnologia? Os homens poderão ainda constituir grandes civilizações sem maiores artefatos?

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://poesialvaro.blogspot.com.br/2012/05/triste-campo-alegre.html

Voltaire

  1. Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.
  2. É mais claro que o sol, que Deus criou a mulher para domar o homem.
  3. Deus me defende dos amigos, que dos inimigos me defendo eu.
  4. Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.
  5. Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.
  6. Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males.
  7. Encontra-se oportunidade para fazer o mal cem vezes por dia e para fazer o bem uma vez por ano.
  8. Os infinitamente pequenos têm um orgulho infinitamente grande.
  9. Todo o homem é culpado do bem que não fez.
  10. O orgulho dos pequenos consiste em falar sempre de si próprios; o dos grandes em nunca falar de si.
  11. A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo.
  12. Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas.
  13. Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo.
  14. A leitura engrandece a alma.
  15. Como é duro odiar os que se gostaria de amar.
  16. O melhor governo é aquele em que há o menor número de homens inúteis.
  17. O estudo da metafísica consiste em procurar, num quarto escuro, um gato preto que não está lá.
  18. Deus é um comediante a atuar para uma plateia assustada de mais para rir.
  19. É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente.
  20. O mais competente não discute, domina a sua ciência e cala-se.
  21. Ama a verdade, mas perdoa o erro.
  22. O trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade.
  23. Aprender várias línguas é questão de um ou dois anos; ser eloquente na sua própria exige a metade de uma vida.
Voltaire (1696 - 1778)

(Reunidos por Guido Lang)

Crédito da imagem: http://es.wikipedia.org/wiki/Voltaire

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Regras para bem viver


  1. DOMINE a língua. Diga sempre menos do que pensa. Cultive uma voz baixa e suave. O modo de falar impressiona mais do que o que se fala.
  2. PENSE antes de fazer uma promessa e depois não a quebre, nem dê importância ao quanto lhe custa cumpri-la.
  3.  NUNCA deixe passar uma oportunidade para dizer uma coisa meiga e animadora a uma pessoa ou a respeito dela.
  4.  TENHA interesse nos outros – em suas ocupações, em seu bem-estar, seus lares e família. Seja sempre alegre com os que riem e lamente os que choram. Aja de tal maneira que as pessoas com quem se encontrar sintam que você lhes dispensa atenção e lhes dá importância.
  5. SEJA alegre. Conserve para cima os cantos da boca. Esconda suas dores, desapontamentos e inquietações sob um sorriso. Ria das histórias boas e aprenda a contá-las.
  6. CONSERVE a mente aberta para todas as questões de discussão. Investigue, mas não argumente. É próprio das grandes mentalidades discordar e ainda conservar a amizade do seu oponente.
  7.  DEIXE as suas virtudes, se as tiver, falarem por si mesmas e recuse falar das faltas e fraquezas de outros. Condene os murmúrios. Faça uma regra de falar só coisas boas dos outros.
  8. TENHA cuidado com os sentimentos dos outros. Gracejos e críticas não valem a pena e frequentemente magoam quando menos se espera.
  9. NÃO faça questão das observações más a seu respeito. Viva de modo que ninguém as acredite.
  10. NÃO seja excessivamente zeloso dos seus direitos. Trabalhe, tenha paciência, conserve-se calmo, esqueça-se de si mesmo e receberá a recompensa.
(Fonte: Almanaque Iza, ano 1993, página 07, autor ignorado)

Crédito da imagem: http://miscileidemuniz.zip.net/

Os recantos frescos


     As famílias coloniais, no contexto da ocupação dos lotes, trataram de descobrir água.  Alguma nascente com vista de abastecer a principiante propriedade. A carência obrigava a redimensionar o local da instalação. Famílias e criações exigiam abundância do líquido da vida.
    A canalização da água das fontes, nos primeiros anos de instalação, criou um bálsamo/maravilha no ambiente dos pátios coloniais. Diversas famílias canalizaram os poços na direção destes.  A água, de uma forma abundante e constante, escorria pelo cenário.  Animais e humanos abasteciam-se e se refrescavam na maior fartura. O barulho do líquido, armazenado em tanques (geralmente edificados com pedras), davam ares da graça. Os ambientes viam-se umedecidos com a contínua presença do líquido. Ares de semelhança com cursos fluviais tomaram vulto. Chamarisco para uma gama de espécies da fauna silvestre.
   A existência da água, com a presença de algum capão de mato ou construção própria, criou os recantos frescos. Algum lugarzinho específico para assentar-se às conversas (no sabor do pique do verão). O líquido deixava o ambiente fresco e umedecido. A respiração tornava-se mais própria nos instantes da baixa umidade relativa do ar. Os familiares e vizinhos, nos momentos de maior inclemência solar, tratavam de refugiar-se no ambiente (para animadas conversações). Podia-se conversar e debater os assuntos e temas mais diversificados. Os acontecimentos comunitários sempre ganhavam uma atenção excepcional.
     Poucos pátios, na atualidade, preservaram esses refúgios artificiais, que, na prática, “externam facetas do paraíso”. A água escorre como fosse uma fonte permanente, que tenta cumprir sua sina de abastecer/saciar animais e plantas.  Ave, cães e gatos são os primeiros a acorrer ao lugar para satisfazerem sua sede. Humanos, na primeira necessidade, tratam de lavar-se e limpar utensílios. Qualquer necessidade d’água vê-se extraído no reservatório próprio, que, de forma contínua/permanente, enche e escorre a céu aberto. As fontes, nas suas dádivas constantes, “tratam de fazer o bem sem olhar a ninguém”.
   Singelas bênçãos, da realidade colonial, tornam esse cenário exclusivo e ímpar. O morador, a seu belo prazer, precisa implantar maravilhas, que fazem-no sentir-se bem e feliz naquele recanto. Quaisquer pátios, no contexto das colônias, são um retrato do estado de espírito dos ocupantes. Os espaços necessitam ser humanizados às melhores dignidades e qualidades  de vida dos seus habitantes.

Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://olhares.uol.com.br/agua-corrente-ou-nao-foto3282000.html 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A habilidade dos especialistas

    

     Um certo morador, depois de uma década de suado trabalho, pode finalmente construir a sua casa.  Procurou, nesses anos todos, fazer reservas monetárias, que lhe pudesse permitir comprar os materiais à vista. Um bom desconto, nestas horas de aperto financeiro, representa um especial alívio, no que pode fazer mais com menos. 
   Achegou-se a época de iniciar os trabalhos, quando já tinha ganho uma área dos pais. Desconhecia maiores habilidades de construção assim como nem tinha mão de obra para isso. A solução foi informar-se da eficiência alheia, no que, no engenheiro, comprou a planta e, no pedreiro, a execução. Ele nas férias e finais de semana, foi o próprio ajudante, porque, como adepto dum princípio achava-se ‘‘que a mão de obra do dono abençoa o trabalho, como o esterco angaria as bênçãos divinas’’.
   As semanas transcorreram e o vulto tomava forma. A companheira, como auxiliar, ocupava-se com o fogão e tarefas leves. O essencial, no sonho familiar, consistiu do casal falar-se às alegrias e dificuldades, assim como conhecer o valor do empreendimento. Quem o edifica com as próprias mãos curte mais os prazeres assim, na manutenção, não deixa o desleixo tomar conta (no futuro).
  O exemplo aplica-se a qualquer contexto duma obra excepcional. Valer-se do especialista, de confiança, na proporção de inexistir habilidades para determinadas tarefas. Converse e pesquise profissionais; ouça ideias antecipadas e daí, decidido, parte para a execução. O desconhecimento não é motivo de vergonha porém ignorância consiste em deixar de se informar e tratar. A casa, na vida de inúmeras pessoas, consiste na obra ímpar da existência, quando o cidadão não pode dar-se ao luxo de equivocar-se e desperdiçar. Qualquer edificação encontra impregnada, no interior da aparência e peças, as concepções dos seus construtores.
   O esperto cerca-se do entendido, enquanto o preguiçoso faz de quaisquer maneiras! Os atropelos e encargos, no contexto de uma construção, conhece-se somente na proporção de ter construído nalgum momento. O vergonhoso não está no desconhecer porém no fato de não querer saber!
Guido Lang
Livro ‘’História das Colônias’’
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://novafriburgo.olx.com.br/escritorio-de-advocacia-em-nova-friburgo-e-no-rio-de-janeiro-iid-81068974 

Mantras do Nepal

   
 1. Não acredite em tudo o que ouve e não gaste tudo o que tem.
 2. Lembre-se que grandes amores e grandes conquistas envolvem grandes riscos.
 3. Quando perder, aprenda a lição. Quando cometer um erro, corrija-o.
 4. Dê às pessoas mais do que elas esperam.
 5. Abra os braços para as mudanças, mas não a mão de seus valores.
 6. Lembre-se que às vezes o silêncio é a melhor resposta.
 7. Leia sempre o que está nas entrelinhas.
 8. Reze. Há um poder imensurável na oração.
 9. Julgue seu sucesso pelas coisas a que teve que renunciar para atingi-lo.
10.   Reparta o seu conhecimento. É a forma de alcançar a imortalidade.
11. Usufrua o amor e a culinárias com entrega total.
12. Confie em Deus, mas tranque sua casa e seu carro.

Obs.: Mantra significa pensamento em sânscrito no Budismo e Hinduísmo.
(Fonte: Almanaque Iza, Ano 2001, págs 15)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Aristóteles Onassis


 Talvez eu venha a envelhecer rápido demais. Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.
 Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer de minha vida. Mas farei que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei.
 Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais. Mas jamais irei me considerar um derrotado.
 Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda. Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão.
 Talvez um dia o sol deixe de brilhar. Mas então irei me banhar na chuva.
 Talvez um dia eu sofra alguma injustiça. Mas jamais irei assumir o papel de vítima.
 Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos. Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderão em minha direção.
 Talvez numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas. Mas não terei vergonha por esse gesto.
 Talvez eu seja enganado inúmeras vezes. Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém merece a minha confiança.
 Talvez com o tempo eu perceba que cometi grandes erros. Mas não desistirei de continuar trilhando meu caminho.
 Talvez com o decorrer dos anos eu perca grandes amizades. Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.
 Talvez algumas pessoas queiram o meu mal. Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar.
 Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritmo da música. Mas então, farei que a música siga o compasso dos meus passos.
 Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris. Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração.
 Talvez hoje eu me sinta fraco. Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente.
 Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias. Mas terei a consciência que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma.
 Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música. Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo.
 Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações. Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas.
 Talvez a vontade de abandonar tudo torne-se a minha companheira. Mas ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo.
 Talvez eu não seja exatamente quem gostaria de ser. Mas passarei a admirar quem sou. Porque no final saberei que, mesmo com incontáveis dúvidas, eu sou capaz de construir uma vida melhor.
 E se ainda não me convenci disso, é porque como diz aquele ditado: “ainda não chegou o fim”. Porque no final não haverá nenhum “talvez” e sim a certeza de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.

Aristóteles Onassis (1906 – 1975)

Crédito da imagem: http://rumos.org/?p=121

A vaca atolada

    A tradição oral narra a história de um desleixo familiar! Uma tragédia momentânea abateu-se no ambiente da criação. A correria e piedade não faltaram diante do imprevisto.
  Um determinado lugar, no interior do potreiro, ostentava um poço. Uma família, nos primórdios da colonização, abrira uma fonte. O buraco, cercado com tijolos no seu interior (com razão da terra não desmoronar), viu-se descoberto com o tradicional tampão. A falta da água, em função da estiagem, fez o bicharedo procurar pelo valioso líquido. Os animais, com os instintos apurados, a boas distâncias sentem sua presença.
   O idêntico certamente aconteceu com a vaca Mimosa. Ela, por algum descuido, foi-se buraco adentro na proporção da procura. Esta, com a proximidade da ordenha, viu-se ausente e iniciou-se a correria por ela. O dono logo pensou: -“Não deu outra! Caiu num buraco!” Averiguou os fatos e confirmou o sucedido. Cedo pediu por auxílio nalguma vizinhança. O barulho, das conversações, cedo atraíram mais e mais gente. Os curiosos, num momento impróprio desses, nunca faltaram. Iniciaram os inúmeros comentários e sugestões sobre procedimentos. Quê fazer? Matar o bicho? Fechar o buraco? Alguém logo saiu dizendo: “- Encontra-se certamente de pescoço quebrado! Estando velha pouco prejuízo financeiro dá!”.
   O proprietário pensou e repensou a situação. As retrós, nos idos da colonização, nem se fazia ideia. A solução, com a assistência dos inúmeros ditos ajudantes/prestativos, foram de enterrar o animal. Colocar terra para preencher o espaço. Diversos auxiliares improvisados, com enxadas, pás e picaretas, iniciaram os trabalhos. Porções de terras, no estreito e profundo buraco, foram sendo inseridos. O animal, pela surpresa generalizada e astúcia de vida, ia subindo na proporção do aterro. O fato surpreendeu a todos; acelerou os trabalhos da realização da tarefa e, depois de umas boas horas de labuta noite adentro, salvou o bicho. Acabou, graças a inteligência e o instinto de sobrevivência, poupada do infortúnio do sacrifício.
   Criou-se, a partir do sucedido, o tradicional dito comunitário e muitíssimo conhecido (entre os dialetos germânicos do Hunsrüch, sapato de pau/westfaliano e pomerano): “A pessoa pode estar idosa a semelhança de uma vaca velha, porém continua sempre aprendendo um algo a mais”. Os ditos populares, advindos da convivência cotidiana, costumam ostentar uma excepcional e variada sabedoria.
Guido Lang
Livro ‘’História das Colônias’’
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/18367-vaca.htm

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Hoje eu acordei para vencer

  1. Pensando positivo, você reunirá forças para vencer obstáculos;
  2. Envolva-se pela música;
  3. Comece a sorrir mais cedo;
  4. Ao invés de reclamar quando o relógio despertar, agradeça a Deus pela oportunidade de acordar mais um dia;
  5. Fale de coisas boas, de saúde, de sonhos, com quem você encontrar;
  6. Não se lamente, ajude as outras pessoas a perceber o que há de bom dentro de si;
  7. Não viva emoções mornas ou vazias;
  8. Cultive seu interior, extraia o máximo de pequenas coisas;
  9. Seja transparente e deixe que as pessoas saibam que você as estima e precisa delas;
  10. Repense seus valores e dê a si mesmo a oportunidade de crescer e ser mais feliz;
  11. Tudo o que merece ser feito, merece ser bem feito;
  12. Não trabalhe só por dinheiro e sim pela satisfação da “missão cumprida”;
  13. Lembre-se, nem todos têm a mesma oportunidade;
  14. Seja criativo, buscando alternativas e apresentando soluções ao invés de problemas;
  15. Veja o lado positivo das coisas;
  16. Não inveje, admire;
  17. Seja entusiasta com o sucesso alheio como seria com o seu próprio;
  18. Ocupe o seu tempo crescendo, desenvolvendo sua habilidade e seu talento;
  19. Não acumule fracassos e sim experiência;
  20. Dimensione seus problemas e não se deixe abater por eles;
  21. Tenha fé e energia, acredite;
  22. Você pode tudo o que quiser;
  23. Não viva só para o seu trabalho, tenha outras atividades paralelas;
  24. O trabalho é uma das contribuições que damos para a vida, mas não se deve jogar nele todas as nossas expectativas e realizações;
  25. Finalmente ria das coisas em sua volta, ria de seus problemas, de seus erros, ria da vida.
Aristóteles Onassis (1906-1975)


Crédito da imagem: http://pedrodaveiga.blogspot.com.br/2009/07/t-l-v-e-z.html

Os velhos trabucos


   
  Um hábito centenário consistia em carregar as carabinas. Elas, no interior de carretas e carroças, viam-se carregadas no assoalho dos veículos. Encontravam-se, na primeira emergência, ao alcance da mão.
   Os artefatos poderiam ser usados como defesa contra inimigos naturais. Exemplo: contra eventuais bichos peçonhentos. Alguma caça especial poderia ser abatida (oferecia, no seio familiar, um cardápio diverso e exótico). Outros instrumentos, como enxadas, facões e foices, serviam, numa emergência, como improvisadas armas. O instinto de caçador, a quaisquer momentos repentinos, mantinha-se “rejuvenescido do fundo d’alma”. Este, no contexto da aparente despreocupação, via-se desperto na proporção de vislumbrar presas.
 A cachorrada e as espingardas foram fatores essenciais à segurança familiar. Os colonos/pioneiros, jogados no interior dos matos (Floresta Pluvial Subtropical/Mata Atlântica), foram obrigados a defender-se ou perecer. Estes mantiveram longe os aborígenes/índios e as feras/felinos, que atacavam as criações e plantações. Os caninos, uma vez treinados às caçadas, perpassavam os diversos ambientes e espaços, no que procuraram rastros de vítimas. O bicharedo, uma vez entocado, levava os cães aos latidos.  Alguém das famílias, de imediato, averiguava a situação. O hábito consistia em salvaguardar-se dos perigos, no que carregava os artefatos/ferramentas como peças de armamento.
    Os bugres, alcunha atribuída aos nativos, mantinham apurado conhecimento dos ambientes naturais. Estes, no entanto, não poderiam fazer frente às armas de fogo, porém faziam ataques com razão de angariar artefatos de ferro. Os colonos, muitos exímios atiradores, usaram armas (diante da primeira suspeita da presença humana). Outros, como participantes das guerras (de unificação alemã) e com o faro apurado de descendentes dos outrora temidos combatentes bárbaros (no Império Romano), assimilaram as táticas de confrontos nos ambientes das florestas (a semelhança de franco-atiradores e guerrilheiros). Os índios, depois de resistências nas velhas colônias (Colônia Alemã de São Leopoldo) e experimentar caçadas implacáveis (movidos pelos brancos), foram obrigados a refugiarem-se na direção dos lugares inóspitos (dos morros e serras). O elemento teuto apossou-se das baixadas/margens dos rios, que eram/são os melhores solos ao cultivo e pastoreio.
    A prática da carabina, ao alcance da mão, mantém-se uma tradição no interior das casas (porém não mais como nas idas e vindas à roça). A legislação ambiental inibe as caçadas. O modesto colono, amante da paz, mostra-se corajoso na proporção de colocar em cheque a segurança e o patrimônio familiar. Este ostenta-se deveras possessivo com suas criações, plantações e terras. O forasteiro, portanto, precisa identificar-se na proporção de incursionar pelos interiores com razão de não conhecer surpresas indesejáveis.

Guido Lang
Livro ‘’ Histórias das Colônias’’
(Literatura Colonial Teuto- brasileira)

Crédito da imagem: http://espiritotaichi.blogspot.com.br/2009/11/carroca-e-o-eu.html