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domingo, 3 de novembro de 2013

A carneação


Os animais domésticos, em meio ao intenso calor de verão, mantiveram singelas conversações. As idas e vindas, pelo pátio colonial, permitiram comentários e intrigas!
O assunto, na oportunidade, relacionou-se as agruras do Sol de verão. Este, num vigor ímpar, castigava a todos e a tudo. Os animais e plantas viram-se exauridos pelo infernal calor!
Cães, galinhas, gatos, porcos e vacas reclamavam das intempéries. Como poderia haver tamanho contraste entre os dias? Chuva, frio, sol e vento castigavam os viventes!
As aves ciscavam nos momentos mais frescos das horas do dia. Os caninos e felinos espreguiçavam-se nas sombras. Os bovinos pastavam nos amenos horários!
O suíno, enjaulado no cubículo do chiqueiro, queixava-se como a pior das vítimas! Os raios, no entardecer, batiam em cheio no mal cheiroso ambiente e instalação!
O animal vivia a falar da necessidade de água e chuva. Este, em resumo, repetia: “- Ah! Bem que poderia chover! Advir alguma frente fria. A friagem tomaria forma como alento”!
As condições meteorológicas, numa altura, trouxeram a ambicionada e sonhada precipitação. A queda suave da temperatura tomou vulto! Os seres refrescaram-se!
A família, diante das necessidades de alimentação, colocou mãos a obra. Ela carneou o porco. A carne, com a friagem, conheceu fácil conservação. O trabalho melhor rendeu!
O lamurioso porco, o desejoso das mudanças, pagou o ônus com a vida. Ele entrou de gaiato na história da carneação! A friagem pregou indesejável peça!
Os indivíduos, com abusos e exageros, incorrem na própria desgraça e ruína. Inúmeras pessoas, em meio ao bem estar e fartura material, “choram de barriga cheia”!

                                                                                    Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://bicharada.net

A casualidade


O cortador, no carro, guarda as ferramentas. A condução, no acesso ao mato, vê-se estacionada ao fácil uso! Os perigos de percurso, a princípio, vêem-se descartados!
O trabalho, na colheita do eucalipto, inicia no ensolarado dia. A preocupação consiste em produzir quantidades. Os ganhos decorrem da contagem dos empilhados metros!
A primeira árvore, pelos cálculos, carece de oferecer maiores perigos no corte. O local do tombamento, a primeira vista, ostenta-se limpo e pré-determinado!
Algum ar em movimento, em forma de leve brisa, impulsiona a direção. O vegetal, pelo imenso comprimento, atinge direto o estacionado veículo!
O prejuízo, nos espelhos e lataria, toma vulto. O trabalho precisou ser dispendido para ressarcir prejuízos. Quê raiva? Estragou o dia? Primeiro consertar a condução!
Os atropelos e imprevistos ocorrem em quaisquer atividades e situações. O indivíduo nunca pode subestimar o poder da casualidade. Ela abate-se nos momentos inesperados!
A pessoa, com carência de bens, incorre em nada desperdiçar. Os encargos recaem em quem ostenta posses. A infelicidade própria revela-se a felicidade de outrém!
As chances de ganhos incorrem igualmente em possibilidades de perdas. O cidadão resguarda-se dos infortúnios, porém os cuidados nem sempre revelam-se suficientes!

                                                                        Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.correiodoestado.com.br