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quarta-feira, 24 de abril de 2013

O desabafo maternal



Uma senhora, nascida e criada nas colônias, pode criar uma dezena e meia de filhos. Uma jornada, de cada ano e meio (na idade fértil), encontrava-se em estado de gestação. Ela, a vida inteira, dedicou à família, filhos e sobrevivência.
Esta, nos dias finais da velhice, procurou fazer uma rápida resenha da difícil e onerosa existência. A anciã, numa síntese, expressou: “- A gente atendia o tempo inteiro casa, filhos e plantações! Achegava-se, à noite, encontrava-se exausto e morto de cansado! O marido, para completar, exigia ainda o atendimento das intimidades! Uma vida sem muitas alegrias e satisfações! Coloca vida judiada nisso!”
As décadas transcorreram e adveio a velhice. O marido tomou a dianteira do derradeiro descanso. O falecimento, precoce duma filha, somou-se como desgraça e tragédia! Esta, em meio ao choro, disse: “- A gente até suporta o falecimento do companheiro! Algum filho, vendo descer a sepultura, não dá para aguentar e suportar! A dor corta e esfacela o coração!”
Ela, nuns meses sucessivos, tomou o rumo do cemitério. Queria partir ao encontro dos ancestrais e parceiro. Esta, frágil em vida, implorou ao Criador para não ver mais outros infortúnios (com mais filhos, netos e bisnetos). A fraqueza e a idade não comportaram tamanhas dores e sofrimentos!”
O indivíduo nunca sabe dos desígnios e flagelos no compasso de espera. Inúmeras famílias, com a loucura da criminalidade, drogas e trânsito, enterram seus próprios frutos. A longa vida expõem-nos aos muitos e variados acontecimentos e padecimentos!
                                                                                          
Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio

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