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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A vaca atolada

    A tradição oral narra a história de um desleixo familiar! Uma tragédia momentânea abateu-se no ambiente da criação. A correria e piedade não faltaram diante do imprevisto.
  Um determinado lugar, no interior do potreiro, ostentava um poço. Uma família, nos primórdios da colonização, abrira uma fonte. O buraco, cercado com tijolos no seu interior (com razão da terra não desmoronar), viu-se descoberto com o tradicional tampão. A falta da água, em função da estiagem, fez o bicharedo procurar pelo valioso líquido. Os animais, com os instintos apurados, a boas distâncias sentem sua presença.
   O idêntico certamente aconteceu com a vaca Mimosa. Ela, por algum descuido, foi-se buraco adentro na proporção da procura. Esta, com a proximidade da ordenha, viu-se ausente e iniciou-se a correria por ela. O dono logo pensou: -“Não deu outra! Caiu num buraco!” Averiguou os fatos e confirmou o sucedido. Cedo pediu por auxílio nalguma vizinhança. O barulho, das conversações, cedo atraíram mais e mais gente. Os curiosos, num momento impróprio desses, nunca faltaram. Iniciaram os inúmeros comentários e sugestões sobre procedimentos. Quê fazer? Matar o bicho? Fechar o buraco? Alguém logo saiu dizendo: “- Encontra-se certamente de pescoço quebrado! Estando velha pouco prejuízo financeiro dá!”.
   O proprietário pensou e repensou a situação. As retrós, nos idos da colonização, nem se fazia ideia. A solução, com a assistência dos inúmeros ditos ajudantes/prestativos, foram de enterrar o animal. Colocar terra para preencher o espaço. Diversos auxiliares improvisados, com enxadas, pás e picaretas, iniciaram os trabalhos. Porções de terras, no estreito e profundo buraco, foram sendo inseridos. O animal, pela surpresa generalizada e astúcia de vida, ia subindo na proporção do aterro. O fato surpreendeu a todos; acelerou os trabalhos da realização da tarefa e, depois de umas boas horas de labuta noite adentro, salvou o bicho. Acabou, graças a inteligência e o instinto de sobrevivência, poupada do infortúnio do sacrifício.
   Criou-se, a partir do sucedido, o tradicional dito comunitário e muitíssimo conhecido (entre os dialetos germânicos do Hunsrüch, sapato de pau/westfaliano e pomerano): “A pessoa pode estar idosa a semelhança de uma vaca velha, porém continua sempre aprendendo um algo a mais”. Os ditos populares, advindos da convivência cotidiana, costumam ostentar uma excepcional e variada sabedoria.
Guido Lang
Livro ‘’História das Colônias’’
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/18367-vaca.htm

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