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sábado, 27 de outubro de 2012

A epidemia comunitária


     

     As comunidades, de tempos em tempos, conhecem uma doença generalizada! Esta, com raras exceções, atingem a esmagadora maioria dos moradores. O curioso liga-se aos fenômenos meteorológicos e ao consumismo desenfreado. O problema maior relaciona-se aos escassos recursos medicinais. Os tratamentos fogem dos conhecimentos e recursos dos doutores dos consultórios e unidades de tratamentos intensivos dos hospitais.    
   A patologia liga-se a tradicional “doença do bolso”. Inúmeros rurais defrontam-se com as carências financeiras. O dinheiro, em função das necessidades de consumo, encontra-se em baixa arrecadação e em maiores dispêndios. Os reflexos cedo invadem o ambiente de lojas, mercados, postos, restaurantes... Inicia-se uma “choradeira generalizada”. Essa pode advir das fracas colheitas, dificuldades de exportação, oscilação de moedas, perdas de mercados... Os comentários, em armazéns e bares, acabam generalizados e governos temem pela sua estabilidade. As macroestruturas tentam intervir com uma gama de remédios, porém “os micro-organismos fogem a eficiência de inúmeras medicações”.
    Os sintomas ostentam-se variados! Mudam de paciente para paciente! Estes, de maneira geral, mostram-se com o desânimo, estresse, inquietação, lamúrias... As aparências, como comportamento, consistem em apresentar queixo caído, enclausurar-se no ambiente familiar, manter-se reservado, ostentar cara amarrada... Inúmeros adoentados, com a era dos celulares e computadores (mídia), descobriram meios de desligar aparelhos e trocar de números. Querem sossego das frequentes ligações encomendações de cobranças. “Outros batem pernas” com vistas de inovar e encontrar paliativos as dificuldades. Procuram racionalizar e repensar as atividades econômicas/produtivas com razão de “cortar gorduras e enxotar gastos”.
  As atenções e cuidados, com o egoísmo humano, redobram-se nos relacionamentos sociais. A criminalidade ganha expressão com assaltos, contos, desfalques, roubos... Gente, com aparência e cara de honesto, costumam enveredar pelos caminhos escusos e da malandragem... Instituições tradicionais, com a queda de receita, podem temer pela sua estabilidade (na proporção de diminuir a arrecadação e clientela). Produtores experimentam diminuir lavouras e plantéis. A doença seria uma calamidade diante da inexistência dos benefícios governamentais, que injetam, com a distribuição de recursos/renda pelas regiões brasileiras dinheiro dos benefícios sociais e “penduricalhos governamentais”.
    A epidemia, a cada década, tenta dar os ares da sua graça. Poucos, com reservas monetárias acumuladas (como colchão d’água), safam-se de maiores aborrecimentos e preocupações. Confirmam-se as velhas lógicas populares: “o dinheiro governa o mundo” ou “sem dinheiro não tem mimo”.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira) 

Crédito da imagem: http://www.toptalent.com.br/index.php/2011/08/26/dinheiro-e-tudo/

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