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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A bondade alheia


Um certo senhor, no interior das lavouras, foi ver o desenvolvimento das plantações. Estas, como eucaliptos, mandiocas e milhos, cresciam deveras. Uns poucos dias, no contexto das chuvas e insolações de verão, fizeram o desenvolvimento (em meio ao mormaço). O produtor, na prática, queria averiguar as necessidades de alguns reparos/suplementos. Alguma adubação ou herbicida para reforçar o crescimento e vigor das culturas.
As plantas estabeleceram sua lógica existencial. Elas, apreciando a alegria e esperança estampado no rosto do proprietário, admiraram-se da postura (de consideração e satisfação). O plantador, aos quatro ventos, parecia agradecer e sorrir. Os milhos, cedo conversaram entre si, sobre a tamanha felicidade. Os eucaliptos e as mandiocas, nas fábulas das plantas, explanaram sua concordância. A opinião, praticamente unânime, dizia: “ – Que homem bom aquele fulano! Faz o possível e o impossível ao nosso bem estar! Outras muitas pessoas, com o idêntico espírito desse cara, deixariam/fariam o mundo bem melhor. A desgraça e miséria certamente não seriam tamanha!”
Os animais, das suas diversificadas criações, somaram-se aos comentários e opiniões. “Que homem caprichoso e dedicado a profissão! Um legítimo empreendedor e inovador nas atividades primárias! A sua propriedade assemelha-se alguma horta/jardim! Faz tamanho bem a tantos! Apostamos que não haja contras!” As vacas, de maior longevidade, pareciam os mais contentes e realizadas. Estas, em função do leite, recebiam os melhores pastos e rações. Elas pareciam endeusar a bondade do criador e plantador. A desconfiança única residia no sumiço misterioso, da noite para o dia, de algumas parcerias.
As ervas daninhas, eliminados e sufocados como espécies, alimentavam no entanto um ódio mortal. O cidadão, sem dó e piedade, aplicava herbicidas. As capinas mecânicas eram uma constante. As sementes nem tinham nascido e já recebiam venenos. As opiniões, dos muitos adversários, versaram:“- O fulano, antes de morrer, precisaria conhecer o idêntico remédio! A esperança das vítimas era de ‘Deus escrever certo em linhas tortas’. Tudo que plantamos, colhemos lá adiante na vida”. A estada deste, no entender das daninhas, parecia um diabo personalizado e a sua propriedade um inferno em chamas.
O dono, bom para tantos ruim para muitos, pensava somente no exclusivo e único objetivo: lucro. A extrema caridade e dedicação, nas aparências, nada tinha haver com bondade e generosidade (“de bom cristão”). Este, como quaisquer outros humanos, pensava somente no dinheiro. A necessidade/obsessão era angariar/ganhar para cumprir os seus muitos débitos e encargos. O aparente bem alheio, na prática, não passava de preocupação com a fartura do bolso/da carteira. Os equívocos, da interpretação dos acontecimentos e fatos, encontravam-se na cabeça dos próximos e não na mente do dono.
A bondade ou maldade encontra-se na cabeça de quem interpreta. O indivíduo somente vê o semblante dos próximos, porém o coração ostenta-se uma tremenda incógnita. Cuidado! Certas bondades e favores escondem segundas intensões. O dinheiro, como sangue do sistema econômico, move os comportamentos e propósitos humanos.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias"

Crédito da imagem:
https://www.google.com.br/searchq=milhos&hl=ptBR&tbo=u&tbm=isch&source=univ&sa=X&ei=xBoHUe3sEoe68wTatYDwDg&ved=0CC4QsAQ&biw=1360&bih=659#imgrc=_

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