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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Profetas do tempo

Os colonos, em função das chuvas, dependem do sucesso das suas colheitas e criações. A irrigação, na maior parte das culturas de grande porte, mostra-se incipiente. A solução consiste em aguardar e interpretar “as boas graças de São Pedro”. Este, na crendice popular do santo das chuvas, dá as rédeas das frequências e volumes das precipitações.
Os produtores, ao longo do processo de colonização, desenvolveram um vasto conhecimento (empírico) sobre o comportamento das condições meteorológicas. Os produtores, de maneira geral, são “profetas do tempo”. As suas observações, em inúmeras oportunidades, ganham dos modernos meios de previsão. A aparelhagem aponta o âmbito geral (nos macroclimas dos Estados e país). Os coloniais, a partir da atenta observação das alterações da atmosfera (estado chuvoso, nublado ou ensolarado), ligam-se nos microclimas. Aquela sucessão do tempo do seu lugarejo (inserido no âmbito geral). Os milímetros de chuva, na sua propriedade, são do maior interesse privado.
Cada morador, com suas particularidades de observação, ostenta-se um modesto meteorologista/singelo “profeta do tempo”. Possui suas constatações, pela longa convivência no espaço local, ditam as condições. A convivência contínua no ambiente criou um acentuado conhecimento empírico. Alguns itens, através da tradição oral, repassados de pais para filhos (através das gerações). Os equívocos, de maneira geral, ocorrem unicamente no contexto das extremas estiagens. Os sinais das chuvas, no verão, podem estar presentes, porém faltam nuvens (cúmulos e nimbus) para aliviar os rigores do calor.
Algumas normas gerais, dessas práticas empíricas, relaciona-se: 01) O Sol nascer ou pôr-se duma coloração alaranjada. 02) As mangueiras das canalizações aparecerem suadas (em meio ao sabor do calor dos ambientes). 03) Aves com asas estendidas ao sol de rachar com razão de secar partes íntimas do corpo e interior das asas.  04) Alaridos, fora do horário normal das cantorias, de araquãs, bugios e saracuras; 05) As criações, de maneira geral, mostra-se muito agitado e irrequieto; 06) Mudanças de Lua, de Cheia para Nova, favorece o quadro instável. 07) Floridos ocasionais de algumas espécies vegetais. 08) Diminuição da vazão de água das nascentes... Os sinais prenunciam as mudanças da atmosfera e daí inserem os desígnios.
O quadro, de abates, castrações, colheitas, plantios, mostra-se observado nas atividades coloniais. A germinação de sementes, qualidade das colheitas, entrada de máquinas (no interior das lavouras), qualidade de forragens/pastagens... dependem do volume e tempo próprio das precipitações. Singelos detalhes, com excepcionais diferenças, ligam-se aos sucessos ou insucessos nas atividades primárias.
A idade, com os anos de observações e reparações, ensinam certos conhecimentos e realidades. O sucesso, de quaisquer empreendimentos, depende da esperteza assimilada no cotidiano das vivências. O presente depende muito das previsões ocorridas no passado. Os sortudos não apostam unicamente na mera casualidade, porém tem seus segredos para angariar a sorte.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://guiadevoo.com/page.aspx?Pgid=cumulus_nimbus 

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