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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O modesto dom


Uma certa menina, criada nas colônias e em meio a um punhado de irmãos, precisou tomar o destino das cidades. Empregou-se, como doméstica, numa casa de conhecidos. O objetivo consistia em conciliar estudo e trabalho. O ganho básico consistia basicamente na subsistência. O dinheiro, como ganho, não passava de uns trocados de bolso.
Uns poucos anos transcorreram e conheceu um moço. O namoro tomou sentido. O trabalho, no ínterim, continuava na proporção de constituir família. Pode, junto aos estranhos, assimilar uma série de tarefas. O valor do trabalho aprendera como legado familiar. A principal consistia na arte de cozinhar. Conheceu, como excepcional cozinheira, o principal segredo da cozinha:  a qualidade dos alimentos consistia em boa dose nos temperos.
A formação de família levou a necessidade de constituir algum negócio. Fazer o que com a profissão de doméstica? Pensou e repensou a nobre função. O casal, como solução numa esquina da cidade, improvisou uma modesta lancheria. Esta, em função da qualidade da alimentação ofertada, cedo tomou a dimensão de restaurante.
A outrora doméstica, agora patroa,  vivia a aprimorar os dotes da cozinha. Ela, através da contínua prática, descobrira seu divino dom. Deus, como a cada qual, dá uma vocação. Esta tinha-a no poder dos apetitivos e maravilhosos pratos. Os fregueses ávidos, com os variados cardápios, cedo lotaram o ambiente. O ponto tornou-se referência da comida colonial. Os anos, de persistente dedicação e trabalho, trouxeram o enriquecimento e a qualidade de vida.
A fulana, diante do volume das comidas à grande clientela, cedo coordenava uma equipe de cozinheiras. Estas faziam os pratos, porém ela dava as ideias e sugestões. O dom não mais existia no trabalho prático em si e sim no controle da qualidade. A esperteza vivencial consistia: tornar uma modesta vocação num empreendimento comercial e meio de sobrevivência.
Fica a lição da escola de vida: cada qual precisa descobrir seu dom e com ele ganhar a subsistência. Os aparentes encargos cedo assumiram ares de brincadeira e diversão. O indivíduo não pode ser bom em tudo, porém numa coisa salienta-se nos conhecimentos e habilidades (junto aos demais). Precisa ganhar o seu “ganha pão” com a especialidade. Descubra a sua vocação e ganhe com ela a vida. O encargo cedo torna-se uma alegria e satisfação.
Deus escreve certo em linhas tortas”. Procure especializar-se naquilo que lhe interessa e dá prazer. O gosto e a paixão levarão a constituir algum empreendimento. A riqueza humana encontra-se na diversidade.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Vida”

Crédito da imagem:http://www.gemacarioca.net/faenza-em-copacabana/ 

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