Translate

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A delapidação do patrimônio


     O descuido é uma causa da ousadia alheia!
    Uma certa família, numa encosta de morro, residia durante décadas neste local. Os moradores, das largas redondezas, sabiam da ocupação desse espaço excepcional, no que, próximo ao pátio, havia uma singela queda d’água. Um líquido cristalino, entre declive, pedras e vegetação, descia a encosta abaixo, quando ostentava-se espetáculo a parte nesse esbelto cenário.
   A família, como produtores rurais, foram criando os filhos, dificuldades não faltaram. A prioridade familiar, neste contexto, foi deixar estudar os rebentos; o trabalho custeava os encargos da formação. Eles, na proporção da vida produtiva ativa, “tomaram os rumos das cidades”; “o ganha pão mostrava-se mais fácil de angariar”.
     O tempo transcorreu e a velhice abateu-se! O  desinteresse, em função das outras atividades, tomaram conta dos filhos pelo lugar. Os pais, numa oportunidade, pereceram e ficaram as posses familiares. Estes, na ausência dos reais herdeiros, “foram tomando pé”, no que, no final, ficou o chalé e os cacarecos. Uma vez isso, outra vez aquilo acabava surrupiado  O mato escondia o cenário e a tapera retomou a aparência original. Ficou a lição de vida da necessidade de cuidar do patrimônio familiar caso contrário sobram somente  vestígios.
     Qualquer patrimônio exige maior reparação! As necessidades dos filhos divergem dos meios paternos. O estudo revela-se fator de migração campo-cidade, quando consegue fixar pouquíssimos no meio colonial. Ostentar patrimônio, sem poder dispensar maiores cuidados, mostra-se sinônimo de aborrecimentos, dispêndios e incomodação. Os recursos paternos, para inúmeros filhos, desinteressam na proporção de absorverem tempo e darem encargos.
                             
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Casas_em_estilo_enxaimel.jpg 

Nenhum comentário:

Postar um comentário