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terça-feira, 2 de outubro de 2012

A ousadia do frangote

     

     A vida escreve-nos realidades inimagináveis! Um frangote, no contexto do pátio (colonial), mantinha-se muito suprimido e reservado nos desejos amorosos (pelos galos veteranos). Estes adonam-se do punhado de galinhas, quando constituíam seu harém. Ele, mais fraco comparado a concorrência, não levava maior chance de soltar os instintos (másculos). Conseguia esporadicamente alguma próxima, para intimidade, no cochilo dos mais fortes. O impróprio estendia-se por dias, quando esperava pacientemente a reversão dos fatos. 
      O criador, “na surdina”, faria sumir galos, quando os demais da espécie ignoravam o procedimento. Uns, de forma velada, pareciam torcer com razão de obterem suas chances de serem os maiorais. Uns grandões, numa noite, desapareceram do galinheiro, quando o frangote, noutro dia, imaginou-se chefe. Procurou, de imediato, constituir seu harém, quando estufava o peito e cocoricava pelo espaço. Tornou-se, em horas, corajoso e déspota, no que sentia-se feliz e realizado. 
     Esqueceu-se, no ambiente de festa e ventura, um detalhe excepcional. Poderia, antes do imaginado, sumir como outrora a concorrência. O colono, tendo dificuldades no trato, achegou-se antes do previsto, no qual “passou-lhe a faca para fritá-lo na panela”. Um governo de aparência majestosa porém muitíssimo provisório! 
     Inúmeras realidades ostentam a efemeridade: batalhou-se uma existência e antes do esperado, “escorrem como a areia seca entre os nossos dedos”. A ganância e o orgulho, antes do previsto, “a terra ceifa como cinzas"! 

 Guido Lang
 Livro “Histórias das Colônias” 
 (Literatura Colonial Teuto-brasileira) 

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