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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ditados gaúchos

  1. Boi lerdo bebe água suja.
  2. Mais cheio que guaiaca de turco.
  3. Perigosa como cruzeiro na cria.
  4. Mais riscado que porta de cadeia.
  5. Liso como cabo de relho velho.
  6. Enjoado que nem mosca de bolicho.
  7. Tem mais contas que um rosário.
  8. Esquivo como nhandu nas várzeas.
  9. Mais faceiro que gringo em baile.
  10. Mais quebrado que arroz de terceira.
  11. Mais escondido que orelha de freira.
  12. Mais sem graça que dançar com a irmã.
  13. Cavalo se coça com cavalo.
  14. Empinado que nem cavalo de circo.
  15. Mais triste que terneiro desmamado.
  16. Atrapalhado que nem padeiro novo.
  17. Velho como rato que virou morcego.
  18. Largo como porta de galpão.
  19. Cresce mais que família de rato.
  20. Pular mais que pipoca na panela.
  21. Esparramado como casco de égua velha.
  22. Com tanta fome que a tripa grossa comeu a fina.
  23. Mais desesperado do que pulga em dia de tosa.
  24. Cajueiro doce é que leva pedrada.
  25. Caranguejo nunca anda em linha reta.
  26. Carro de boi pesado é que canta.
  27. Quente que nem frigideira sem cabo.
  28. Pior que pelar mondongo.
  29. Ruim como carne de cobra.
  30. Cachorro de cozinha não quer colega.
  31. Praga de urubu não mata cavalo gordo.
  32. Mais floreado que guaiaca de correntino.
  33. Sério que nem delegado em porta de baile.
  34. Dar mais peitada que tatu em barranco.
  35. Certeiro como o pealo da morte.

Fonte: recortes do cotidiano de jornais.

Crédito da imagem: http://www.fogodechao.com.br/verNoticia.php?id=33

A sacanagem

Um certo cidadão, criado nas colônias, da herança familiar, em terras, fez sua chácara. Um punhado, de poucos hectares, edificou um espaço de lazer e labuta ocasional. “O pão de cada dia”, como funcionário duma empresa, ganhava no trabalho urbano. Os familiares, educados na cidade, pouco interesse demonstravam pelo legado.
O proprietário, filho de colonos e criado nas colônias, mantinha algumas criações e plantações. Incluía-se, entre as diversidades, animais de montaria, excepcionais árvores de ornamentação, moradia confortável, raivosas colmeias de africanas, formidável pomar, magníficas trilhas...
Uma consideração especial ligava-se ao açude. Este embelezava o cenário dos fundos das edificações. O chimarrão, em meio a uma aconchegante sombra, via-se degustado. Os olhos, no ínterim, viam-se deslumbrados com a agitação dos cardumes. Outros bichos silvestres, como maçaricos e patos, complementava o espetáculo da natureza. A água, como reservatório natural, deixava o ambiente refrescado e úmido. O líquido, no subsolo, mantinha o nível do lençol freático elevado. As plantas, em função da umidade, mantinham-se esbeltas e exuberantes.
Os peixes, como carpa capins, jundiás, prateadas e traíras, cresciam deveras. Uns, com o trato diário de ração, passavam dos bons quilos. Os menores, em semanas, prometiam crescer mais umas boas gramas. O almejado esvaziamento do açude, à família, era anunciada aos dias próximos a Páscoa. Poderia-se degustar o sabor da autoprodução da carne da Semana Santa. Esta certamente parecia ter um “gosto ou sabor aprimorado/melhorado”.
A surpresa maior, anterior ao esvaziamento, adveio numa certa ocasião. Alguns malandros, na surdina da calada da noite, anteciparam-se na colheita/festa. Estes, num roubo escamoteado de malandragem, fizeram algum arrastão. As águas conheceram a limpeza da presença de peixes. Alguma rede, certamente com malha fina, limpou o criatório. Quê raiva!
O dono, muito decepcionado e irritado, fazia ideia dos autores, porém não podia acusar/provar. Aquela frustração e perda de investimento e tempo. Os espertos, em meio às ceias, certamente ainda lembraram-se e riram-se da dedicação e trabalho alheio. A história da criação familiar de peixes precisou ser reavaliada e repensada. Repetiu-se a triste sina com a história de criatórios de peixes em propriedades minifundiárias de subsistência familiar.
Os investimentos em criatórios de açudes, nas chácaras e propriedades coloniais, tornaram-se motivos de aborrecimentos e perdas monetárias. A pilhagem e safadeza, de maneira geral, encontra-se impregnada no gênero humano. Certas brincadeiras e malandragens não passam de pretexto para excepcionais pilhagens e roubos. A impunidade, nos atos ilícitos, desestimula investimentos e melhorias assim como atiça a ousadia e petulância alheia.

                                                                                                  Guido Lang
                                          “Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://caminhadasecologicasrj.wordpress.com/2012/01/16/sobre-a-trilha-do-acude-do-camorim/ 


Pensamentos de Esopo

  1. A gratidão é a virtude das almas nobres.
  2. A desgraça põe a prova a sinceridade e a amizade.
  3. De nada vale possuir uma coisa sem desfrutá-la.
  4. O hábito torna suportável até as coisas assustadoras.
  5. As desventuras servem de lição aos homens.
  6. Os deuses ajudam aqueles que ajudam a si próprios.
  7. As palavras são importantes, mas o que vale é o exemplo.
  8. Contente-se com o que tem; ninguém pode ter tudo.
  9. É preferível morrer a viver sempre temendo a vida.
  10. Não há ouro bastante para pagar a liberdade.
  11. Não contes tuas galinhas antes de chocarem os ovos.
  12. Até mesmo os poderosos podem precisar dos fracos.
  13. Agrade a todos e não agradará a ninguém.
  14. Nunca confies no conselho de um homem em apuros.
  15. Depois de tudo o que é dito e feito, mais é dito do que feito.
  16. Exibição exterior é um pobre substituto para o valor interior.
  17. Muitas vezes lamentaríamos se nossos desejos fossem atendidos.
  18. Há quem esteja disposto a morrer para fazer com que morram os seus inimigos.
  19. Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.
  20. Os servos nunca sentem tanta falta do primeiro senhor como quando experimentam o segundo.
  21. Os hábeis oradores, com astúcia e prudência, sabem converter em elogios os insultos recebidos dos amigos.
  22. Não se pode censurar os jovens preguiçosos, quando a responsável por eles serem assim é a educação dos seus pais.
  23. Pequenas coisas aumentam a concórdia, como também podem aumentar a discórdia.
  24. A natureza não deu a todos os mesmos poderes. Há coisas que alguns de nós não podemos fazer.
  25. Muitos, por medo, não hesitam em beneficiar aqueles que os odeiam.
  26. Nenhum gesto de amizade, por muito insignificante que seja, é desperdiçado.
  27. Os sábios falam pouco e dizem muito; os ignorantes falam muito e dizem pouco.
  28. Quem trama desventuras para os outros estende armadilhas a si mesmo.
  29. Só os tolos assumem para si o respeito que é dado ao cargo que ocupam.
  30. A injúria que fazemos e a que sofremos não é pesada na mesma balança.
  31. Do mesmo modo que a união traz a força, a discórdia leva a uma rápida derrota.
  32. Geralmente damos aos nossos inimigos os meios para nossa destruição.
  33. Os mentirosos não ganham se não uma coisa: é não serem acreditados mesmo quando dizem a verdade.
  34. Aqueles que sempre cedem acabam não tendo seus próprios princípios.
  35. Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade.
Fonte: livros e site da internet.

Esopo (620 a. C. – 560 a. C.), fabulista grego.

Crédito da imagem: http://www.meuebook.com.br/fabulas-de-esopo.html

domingo, 20 de janeiro de 2013

Uma velada crendice


Quem já não saiu com o guarda-chuva em punho? Este esperava aquela chuva e “a maior indiferença por parte de São Pedro”. Uma realidade comum nos prolongados dias de verão! “A parafernália meteorológica”, anunciada na mídia, prenuncia uma situação e ocorre bem outra (nos inúmeros climas e microclimas). O cidadão antecipa-se aos fatos e previne-se com artefatos. Outras vezes exclui-os e “leva aquela água no lombo”. Fica, entre as idas e vindas, aquela dúvida: “leva ou não a peça”.
Os dias quentes, com insolação intensa e prolongada, evaporam quantidades incríveis de água. Os ambientes secos, com a baixa umidade relativa do ar, castigam os cenários. Os seres vivos clamam pelo abençoado líquido. Produtores, aos céus e terra, pedem e rezam pela divina benção. Cidades, dominadas pelos asfaltos e pedras, precisam dum alento e lavagem.
O calor vê-se impregnados nos espaços (materiais e imateriais). Animais e pessoas, na ausência de maiores ambientes frescos e úmidos, parecem sufocar e torrar. Queixas e reclamações sobram nas conversas e falas. Chuvas tornam-se “uma preciosidade como ouro e valem fortunas”.
Algumas nuvens, “em meio ao artificial e a fornalha”, avolumam-se e encobrem o horizonte. Esperanças e olhares aos céus não faltam para aliviar as agruras e sufoco. Lavar e refrescar os cenários empoleirados e poluídos. Alguns poucos, nestas suas idas, previnem-se com o guarda-chuva. Saem pelas estradas e ruas com os artefatos. Transcorre cedo uma velada crendice: “- Espantar a chuva com o guarda-chuva em punho!” Um mau presságio querer precaver-se nestes instantes mágicos.
As pessoas aspiram e torcem pelas precipitações. Outros poucos, no entanto, pensam em safar-se (daquilo que parece ser tão custoso e gostoso). Um aconchegante e bom banho, nestes momentos, aceita-se e compreende-se como graça. Guarda-chuvas, portanto, assemelham-se ao desconvite às águas (em meio aos dissabores do verão).
Mudanças de tempo, nos momentos anteriores as precipitações, acirram e alteram os ânimos e humores. Os indivíduos, depois duma boa e refrescante chuva, desarmam e serenam o espírito. Comentários e opiniões, sobre o comportamento das condições meteorológicas, são os mais esdrúxulos e variados. “Algum gato pingado”, em meio a maior estiagem, ainda combate por alguma razão as benéficas chuvas. A uniformidade humana, na questão dos interesses e opiniões, ostenta-se uma impossibilidade e inviabilidade.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Urbano”


Crédito da imagem:http://solonaescola.blogspot.com.br/2012/08/o-que-causa-o-cheiro-apos-chuva.html 

Ser professor



“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.
Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê.                                                                                                                   Não posso ser professor a favor simplesmente do homem ou da humanidade, frase de uma vacuidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa.
Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.”

(Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia, São Paulo, Paz e Terra, 2011)

Crédito da imagem: http://www.tribunahoje.com/noticia/42766/economia/2012/10/15/alagoas-tem-1285-professores-aposentados-pelo-inss.html

sábado, 19 de janeiro de 2013

Provérbios japoneses

  1. A reputação de mil anos pode ser determinada pelo comportamento de uma hora.
  2. A vida dura uma geração, um bom nome dura para sempre.
  3. Já que vai ser cachorro, seja cachorro de um grande dono.
  4. Endireita o galho enquanto a árvore é nova.
  5. Um cachorro vivo é melhor do que um leão morto.
  6. Cutuque o arbusto e uma cobra dele sairá.
  7. Ao entrar na vila, obedeça aos que nela moram.
  8. O sapo do poço, não conhece o oceano.
  9. Ganhar dinheiro é como cavar com um alfinete na areia, perder dinheiro é como jogar água na areia.
  10. O macaco também cai da árvore.
  11. Um pássaro nunca faz seu ninho em uma árvore seca.
  12. Se é para buscar abrigo, que seja sobre uma árvore grande.
  13. A grama do vizinho está sempre mais verde.
  14. Um coração alegra faz tantos bens como os remédios.
  15. O cachorro se apega à pessoa e o gato à casa.
  16. O bambu que se curva é mais forte do que o carvalho que resiste.
  17. Caia sete vezes, levante-se oito.
  18. As dificuldades são como montanhas. Elas se aplainam à medida que avançamos sobre elas.
  19. Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota.
  20. O homem justo é aquele que briga porque é necessário.
  21. Vença a si mesmo e terás vencido seu maior adversário.
  22. Até a jornada de mil milhas começa com um único passo.
  23. Quando se esquece de si mesmo, se entra em harmonia com o universo.
  24. Aquele que ri ao invés de enfurecer-se é sempre o mais forte.
  25. A árvore quer sossego, mas o vento não para de incomodá-la.
Crédito da imagem: https://woc.uc.pt/antropologia/event/dataNews.do?elementId=140&tipo=historico

Impressões do Paraguai


Tivemos, nos dias 02 a 04 de fevereiro de 1997, a oportunidade de conhecer aspectos do Paraguai. Viajamos pela região leste do país. Um espaço agrícola desenvolvido com predomínio da soja. Esta área, na prática, é uma continuação da porção sudoeste do Planalto Meridional Brasileiro. O cenário de terrenos ondulados e terra roxa assemelha-se muitíssimo a realidade paranaense. A soja, nesta época do ano, forma um cenário de tapete verde e ocupa dimensões vastas (a visão do viajante rodoviário).
A cobertura verde cobre os baixos planaltos. Estes, nalgumas décadas, eram tomadas pela selva ou esporádicos cultivos de erva-mate e óleos vegetais. Estas culturas, em função do baixo preço e dificuldades de colheita (mecânica), foram praticamente suprimidas. As poucas lavouras, numa questão de anos, parecem também ceder espaço a planta oleaginosa. Os resquícios da Floresta Pluvial Subtropical subsistem unicamente nas áreas úmidas. Os locais, numa espécie de banhados, onde a mecanização agrícola depara-se com dificuldades. Os baixos planaltos, na sua confluência, unicamente mantém restos de floresta (como reservas dos biomas).
A visita concentrou-se na parte sul do Paraguai. O território da junção do Rio Paraná com o Paraguai. Esta área é ocupada por comunidades nipo-paraguaias, teuto-paraguaias, teuto-brasileiras e naturais (mescla de índios com espanhóis). Os japoneses, num empreendimento do governo nipônico, ocupam os melhores solos. Estes localizam-se nos espaços mais elevados dos terrenos. As famílias residem nos seus lotes de terras. Cultivam, paralelo a soja, alguma erva-mate e “tum” (planta propícia para extração de óleo vegetal).
A criação de gado encontra alguma expressão. Esta destina-se ao abate e produção de leite. Efetua-se nos solos mais úmidos, no qual cultivou-se pastagens (permanentes). As culturas de subsistências, como cana, cítricos, mandioca, milho, tabaco, ganham maior importância nas terras dos “paraguaios” (nativos). As plantações, de subsistência, localizam-se ao longo das estradas e terrenos interiores (menos propícios a mecanização). Estas propriedades possuem dimensões diminutas (de meio a dois hectares), que, na medida do interesse dos “forasteiros de descendência asiática e europeia”, acabam comercializadas aos intrusos. Estes, de preferência, desejam lotes uniformizados, que carecem de maiores empecilhos às máquinas agrícolas.
A sociedade paraguaia apresenta acentuados contrastes. Esta condição é comum nos países terceiro mundistas. Os descendentes de asiáticos e europeus assumiram o poder econômico. Estes concentram o maquinário e as terras. Estes compreendem-se “os grandes  invasores do Paraguai”,  pois introduziram a agricultura de exportação e modelo capitalista de exploração. Os plantadores dizem-se os principais contribuintes e empreendedores do Estado Nacional.  Este, na proporção da modernidade e problemas nacionais, começa a elevar encargos e taxas.
Os guaranis, principal nação nativa, viveriam nas reservas (próximas ao Rio Paraguai). Estes, nos hábitos próprios, encontrar-se-iam em vias de extinguir-se (em função da miscigenação). A sobrevivência adviria da prática de alguma agricultura de subsistência. A comercialização da madeira-de-lei, das reservas, seria a principal fonte de renda. Estes, conforme a versão corrente, seriam vistos unicamente nas vésperas dos dias chuvosos. O período em que “colocariam os pés nas estradas”.
Os paraguaios, mestiços e naturais formam a esmagadora maioria da população. Esta sobrevive de pequenos cultivos e empregam-se esporadicamente como assalariados/diaristas rurais. Eles vivem espalhados ao longo das estradas e interiores (beira de estradas de chão batido e lavouras). Habitam humildes residências (de chão batido e de madeira). O conforto maior da inovação mostra-se a energia elétrica. Diversos moradores possuem a rede próxima à moradia, porém carecem das instalações. Os ganhos instáveis impossibilitaria custear a baixa taxa mensal.
Chama atenção que coabitam certas desconfianças entre as diversas comunidades/etnias. Elas mantém relações econômicas, no entanto, cada qual ostenta suas entidades recreativas e sociais. Cada descendência é muitíssimo consciente dos seus costumes e tradições. Os hábitos e a língua, dos seus ancestrais, mantêm-se ativa e preservada.
O Paraguai é um mercado livre às importações. O consumidor pode comprar objetos das mais diversas procedências. Os mercados, espalhados ao longo dos escassos centros urbanos, oferecem uma gama de artigos. O fato explica-se em função da escassa industrialização. Esta restringe-se praticamente ao fabrico de produtos alimentares. Os artigos brasileiros ganham muitíssima aceitação assim como os do sudeste asiático. Os programas televisivos assistidos são os brasileiros. A telefonia rural ou celular carece de uma maior difusão assim como as estradas pavimentadas. Poucas estradas nacionais são asfaltadas. As secundárias são exclusivamente de chão batido. Este fato obriga a importação dos potentes veículos japoneses. Estes, em função da tração nas quatro rodas, andam em “quaisquer caminhos esburacados e de roça”.
As fontes naturais e poços artesianos predominam nas residências. O encanamento comunitário ou rede pública encontra-se carente. As queixas, no momento, são muitas com o neoliberalismo e o Mercosul, quando os preços da produção primária encontram-se em franca derrocada. A população convive com uma superprodução de artigos, mas depara-se com a ausência de recursos financeiros (ao consumo). As margens de lucro tornam-se continuamente estreita, quando exige inovação dos produtores (com vistas de diminuir custos).
Conhecer a nação platina é uma opção interessante. Informa-nos da intensa agricultura comercial da soja. Retrata facetas da internacionalização comercial. Ostenta acentuadas diferenças culturais entre as comunidades... O camarada, na proporção de viajar, valoriza mais o torrão brasileiro. Convive-se com maior conforto, depara-se com possibilidades de emprego, obtém a harmonia étnica... A visita, portanto, possibilitou conhecer outra realidade econômica-social. Abriu novos horizontes de conhecimentos e experiências.

Fonte: Guido Lang. Jornal O Fato, n°1115, dia 25.02.1997, pág. 02 (texto reescrito).

Crédito da imagem: http://www.agrocim.com.br/noticia/Soja-Paraguai-registra-nova-expansao-da-safra-por-conta-do-clima-favoravel.html