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domingo, 20 de março de 2016

O prato vazio


As ascendências, no espaço da Europa Central, marcharam no abandono e debandada. A miséria, no conjunto das guerras e superpopulações, desvalia as oportunidades de ascensão (social). A propaganda, no eldorado americano, acorria nas conversas e ouvidos dos desesperados e desprezados. A emigração, no clima das carestias e dificuldades, alocou levas a caminho. As estirpes, nas décadas e gerações sucessivas, cultivaram princípios da desdita e vivência. O alimento, na abastança, careceria de jamais cair no desperdício e resto. O prato, no ambiente das refeições, sobrevinha no asseado e raspado. O servido, no diário das deglutições, ruía no imprescindível à fome e precisão. A lembrança, no passado dolorido, ocorre no relato da história e retenção familiar. O combate, no esperdício, afluía na prática das regras caseiras e singulares. A prosperidade, no decurso do tempo, embutiu-se no modo de agir e avaliar. Os sujeitos, na bênção da fartura, afeiçoaram-se na agregação e contenção.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: https://luciliadiniz.com

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