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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Grafen e Beckmann - Pseudopastores na Colônia Teutônia


Teutônia, localizada a 120 km de Porto Alegre/RS, foi fundada, numa iniciativa particular, pelo comerciante atacadista Carlos Schilling. O empreendedor, em 1858, adquiriu quatro léguas quadradas de terras devolutas, quando, em 1861, constituiu a “Empresa Colonizadora Carlos Schilling, Lothar de la Rue, Jacob Rech e Guilherme Kopp e Companhia” (responsável pela colonização). A ocupação, em 1862, prosperou com a afluência de povoadores protestantes (luteranos), que vieram, sobretudo da "Colônia Alemã de São Leopoldo" e regiões do Hunsrück, Pomerânia e Wesfália (atual Alemanha). Os colonos, após instalados nos lotes, buscavam conservar estradas/picadas de entrada, constituir campos-santos, edificar escolas/igrejas, formar associações de canto...
O acolhimento pastoral, em 1866, iniciou com Johann Wilhelm Kleingünther. O religioso, a partir de Porto Alegre e em duas ocasiões anuais, fazia "atendimento espiritual". O professor Ernst Janfrüchte, de 1869 à 1873, substituía-o nas ausências. O mestre escola tornou-se o primeiro professor da Colônia (em "Glück-auf" – atual Canabarro/Teutônia/RS), quando movimentou os residentes para edificar, ao lado de Karl Arnt, a escola-igreja. Ferdinand Häuser, em 1873, sucedeu Kleingünther no serviço pastoral. Wilhelm Hasenack (1890-1911) sobreveio depois de Häuser. O afluxo constante de famílias e a alta taxa de natalidade alargaram os imperativos de ministros formados, que eram “peças raras”. Os habitantes, ante às circunstâncias, apelaram aos educadores leigos Gustav Adolf von Grafen e Heinrich Beckmann. Os dois, no passar do tempo, acabaram destacados como "prelados ativos".
O místico Grafen, conforme o "Livro de Batismos e Casamentos" (1873-1907), atuou em diversas picadas. As linhas, entre outras, eram as da "Boa Vista, Katharina (Catarina), Schmidt, Arroio da Seca, Berlim, Bismarck, Novo Paraíso, Estrela, Conventos (Lajeado) e Colônias de Brochier e Maratá". Este, no total, realizou 148 consórcios e 2.500 batizados; os dados, de funerais, foram extraviados.
A sua biografia registra: nasceu em 09/10/1836 em Halle/Saale, como filho de Theodor e Maria Henriette von Salden; imigrou aos Estados Unidos da América, lutou na Guerra da Secessão (1860-1865) e chegou ao posto de oficial. Transferiu-se por volta de 1868 ao Brasil. Instalou-se inicialmente em Lomba Grande/Colônia Alemã de São Leopoldo. Casou em 11/11/1872 com Catharina Dickel. Migrou em 1870 para a Colônia Teutônia. Iniciou em 12/08/1873 no pastorado com o batizado do próprio filho Adolf Gustav. Faleceu em 28/09/1908 em Teutônia/Estrela/RS. Foi sepultado no Cemitério da Picada Neuhaus/Teutônia Várzea e depois transferido ao cemitério da Picada Welp.
Heinrich Beckmann, conforme os "livros de batismos, casamentos e óbitos das Comunidades Evangélicas Bethânia/Boa Vista e Sião/Frank", iniciou no pastorado no batismo de Heinrich Friedrich Wessel. Exercia primeiramente o ofício de agricultor, professor e regente (de coro).
A deficiência de pastores formados, na demasia de afazeres de Kleingünther e Häuser, levou a substituí-los. Beckmann trabalhou nos locais: "Colônia Teutônia, Santos Pinto, Santa Manuela, São Pedro de Maratá, Poço das Antas e sedes de Estrela e Taquari". O profissional, entre 1884 e 1911, atingiu um total de 402 enterros, 422 casamentos e 3.074 batizados. As citações biográficas narram nascimento em 12/12/1852 em Gaste/Osnabrück/Hannover (Alemanha), filho de Kaspar Heinrich Beckmann e Dorothea Juliane Johanne Surkamp. Imigrou em 1871 no Brasil com a família. Casou em 10/02/1880 com Catharina Wilhelmine Wiebusch. Instalou-se como povoador na Boa Vista. Tornou-se professor da Escola Comunitária da Boa Vista (atual "Escola Municipal Bento Gonçalves") e regente do "Coral Frohsinn" (da Boa Vista). Faleceu em 04/07/1911 e descansa (sem maiores menções ao serviço) no Cemitério Evangélico da Boa Vista. Beckmann, como curiosidade histórica, tornou-se avô de Ernesto Geisel (Ex-Presidente da República). A filha Lydia casou-se com Augusto Geisel (pai do mandatário).
Os pastores Grafen e Beckmann careceram de achar "barreiras geográficas" no Vale do Taquari. Deslocavam-se, em lombo de cavalo e em meio aos atoleiros das estradas/trilhas de mato (picadas), na razão de "objetivar atendimento, consolo espiritual e satisfazer bradado do Senhor". O trabalho pastoral tornou-se auxílio imprescindível aos precursores.
Os pioneiros viviam isolados na selva. Confrontavam-se com achaques, feras, insetos, répteis... Os ministros foram ferramentas da “Palavra do Senhor”, lançando os alicerces, a partir da Colônia Teutônia, de diversas comunidades livres (no exemplo da "Boa Vista, Franck, Arroio da Seca, Novo Paraíso, Estrela, Brochier, Maratá"...). As respectivas comunidades ligaram-se ao Sínodo Riograndense e, na união dos quatro sínodos, tornaram-se partes da IECLB.
Grafen e Beckmann, como pacatos colonos-professores, foram destacadas lideranças, que, "por meio do Espírito Santo", serviram como "guias e portadores divinos". Eles souberam cumprir com zelo "a árdua tarefa de difundir a mensagem cristã e espalhar as 'sementes' de várias entidades evangélico-luteranas".

(Guido Lang, Anuário Evangélico - Ano 1995, pág.119 a 121).

Crédito da imagem: http://www.calendariobr.com.br/


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