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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Os singelos invasores


     Espécies exóticas, introduzidas nos anos sucessivos de colonização, vem mudar um cenário milenar. Estas, de forma discreta, vão conquistando o espaço das encostas e morros quando as aves, de forma geral, tratam de levá-los aos cantos e recantos das localidades. Os forasteiros, com acirrado vigor de desenvolvimento, começam a tornar-se uma aparente praga na proporção de sufocar as espécies originais. Diversas espécies, nos resquícios da Floresta Subtropical Pluvial/Mata Atlântica, mostram-se sufocadas, quando conheceram “a astúcia dos importados”.
     Refiro-me, como espécies de árvores, ao ligustre/sempre-verde, uva-japonesa, eucalipto, aroeira brava, canela da Índia, cinâmomos... Os humanos, nalguma etapa da colonização, trouxeram as espécies como árvores ornamentais, quando inicialmente viram-se transplantadas costumeiramente nos pátios. A beleza e a qualidade da sombra foram razões iniciais no que, em anos e décadas, tomaram dimensões do domínio. Os pássaros, com o consumo das sementes, defecaram nos diversos espaços, quando, com o abandono das áreas íngremes como lavouras, assumiram a predominância. Sufocaram, em boa dose, espécies nativas, quando encontram-se inseridas/adaptadas como nativas.
     A qualidade da madeira, à combustão, ostenta-se um aspecto positivo, quando permite o corte diante da legislação ambiental protetora das nativas. O fato, em boa dose, leva a um empurrão do homem, que empurra-os para um quadrante maior. As principais espécies, com maior facilidade de difusão, relaciona-se ao ligustre/paulistana e uva-japonesa, que encravam-se em baixadas, cercas, córregos, matos... Estes, numa década, assumem a predominância de quaisquer espaços alcançados, enquanto as nativas incorrem no perigo do extermínio. O verde-escuro dos sempre-verdes e o verde-claro das uvas-japonesas, aos olhos atentos e conhecedores, salienta-as a boas distâncias quando mostram o seu predomínio nas encostas.
     A ação antrópica, das décadas de ocupação das localidades, começa a revelar a ação, quando, aos cenários coloniais, introduziu-se uma gama de espécies exóticas desejadas e indesejadas. Muitos moradores dão-nas como nativas em função da fácil adaptação quando, na prática, exterminam outras espécies locais. O registro fica como curiosidade histórica deste fato ímpar que veio redimensionar uma situação.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”

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