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domingo, 23 de setembro de 2012

O bom conselho


     Cinco gerações ficaram a usufruir de determinada área agrícola, quando essa, a cada ano, recebia de duas até três culturas. Batata, mandioca, milho e a vassourinha ficaram a produzir no contexto de um espaço muitíssimo fértil. Os plantadores continuamente a devassaram com os arados (de bois), com razão de “rasgar” este excepcional solo. Animais e homens, num cortejo ímpar, percorriam os regos, que viam-se tomados pelas pedras e vegetações. Uma gama de espécies (de inços) parecia desenvolver-se em função da umidade retida nas rochas, que brotavam no sabor da superfície. Os desbravadores sofriam com a inconveniência, porém a magnitude dos frutos justificava a labuta insana.
     Achegou-se, um belo dia, um conhecido, que, através dos anos, tornou-se muitíssimo amigo. Este, vendo os sacrifícios despendidos, no contexto da roça, disse uma prática agrícola. Recomendou a cada ano limpar parte da propriedade do excesso de pedras, quando possibilitaria a mecanização. Falou: “-Parceiro! Tira a inconveniência das rochas e coloca trator nisso! O esforço, deveras oneroso no início, justifica a economia de esforço lá adiante. Dá uma contribuição a teu filho, que aspira continuar no teu empreendimento. As pedras extraídas organiza como cerca com razão de serem curvas de nível a conter a erosão”. 
    O colono pensou e repensou do explanado. Procurou, no período das entressafras, colocar mãos a obra, quando diversos dias avolumou as pedras. Quantidades ímpares, numa “paciência de Jó”, foram carregadas e levadas na direção dos valos. A coluna e os ossos, no desfecho de cada empleitada, pareciam estralar. A diferença de visual, no lugar, fazia-se sentir e cedo colocou-se o trator no lugar da boiada. A lavração, gradiação e semeadura mecânica fizeram uma tremenda economia de tempo, quando a área, no contexto da propriedade familiar, tornará-se a mais nobre. Vizinhos elogiaram a mudança e facilidade do aproveitamento do lugar, que tornara-se o cartão postal da unidade produtiva. Um protótipo para outros tomarem idêntico exemplo e ele prosseguir limpando todos os espaços agrícolas da propriedade.
     Um singelo conselho, dado de coração, ocasionara uma “revolução agrícola”, quando mudou toda uma mentalidade de trabalho. O nome do amigo, como agradecimento, foi externado aos “quatro ventos”. Os exemplos, ideias e sugestões, acrescidas das práticas, revolucionam o mundo!

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileiro)

Crédito da imagem: http://ruygessinger.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html 

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