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segunda-feira, 3 de junho de 2013

A primazia dos cortes


Um suinocultor, depois de meses de cuidados e tratos, abateu o ímpar porco gordo. Uma abundância de derivados e produtos, depois de esmiuçado as partes, viu-se formada em banha, carne e torresmo.
O proprietário, a uns achegados e próximos, resolveu doar algum “tira gosto” (pedaço). Alguma fritada de carne fresca e singelo experimento de torresmo via-se como variação de cardápio. Alguma banha oferecida como remédio às feridas!
Uns, junto aos familiares, comentaram: “- Quê bom coração ostenta esse homem! Este carece do defeito do ciúme e inveja aos semelhantes!” O conceito, em consideração e fama, aumentaram ainda mais no meio comunitário!
O colonial, em assados e filés, guardou o melhor à sua gente. Os filhos, genros, noras e netos, nos finais de semana, advinham à residência. Um bom assado de forno ou excelente churrasco de porco via-se apreciado e degustado. Um bálsamo, em meio aos variados cortes, oferecidos aos paladares (com razão de manter e repetir a visitação).
O idêntico, no êxito das campanhas eleitorais, aplica-se na hora da instalação das administrações. Os vencedores, através das coligações e partidos, reservam-se o melhor dos cargos e ganhos.
Os técnicos, os reais capacitados às funções, vêem-se colocados à margem. Os desafetos mudam de lado ou são deslocados nos postos do ostracismo. Os aventureiros e forasteiros coordenam e mandam nos desígnios públicos!
Uns muitos, em poucos anos ou décadas, avolumam fortunas. “Nem Freud”, com esses salários e ônus de campanha, explica tamanha habilidade e façanha econômico-financeira! Os políticos, realmente honestos, costumeiramente saem mais pobres das gestões públicas como entraram! Os malandros cedo adquirem carrões e edificam mansões!
As cortesias, favores e mimos, com a “caridade dos contribuintes”, tomam razão aos amigos, companheiros e parceiros. Os chefes maiores, a cada final de mês, ganham algum valor proporcionar a chiqueiradas de porcos. A comilança e festança cedo assumem ares de lambança e ócio!
A legislação, com a impunidade, encontra dificuldades para abolir ou inibir malandragens e maracutaias. O Estado, com os muitos salários e vantagens, ostenta-se um especial criador de diferenças sociais. As sobras do trabalho enriquecem uns muito poucos e mantém nas dificuldades financeiras a maioria!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.parapua.net

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