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domingo, 24 de fevereiro de 2013

A matemática do cotidiano



Um professor camarada, durante décadas e inúmeros anos letivos, administrou as artimanhas e segredos dos cálculos matemáticos. Ele, para algumas centenas de estudantes, ensinou as habilidades e raciocínio dos números. Somar, dividir, multiplicar e subtrair foram as noções básicas.  Este, em dezenas de noites, chegou a sonhar e ter pesadelos com a agitação e barulho do trabalho letivo. Uma gama de indivíduos ganhava noções básicas e treinava a habilidade das operações.
O cidadão, transcorridos uns bons anos, queria saber o resultado desde ensino/estudo. Inúmeros alunos ostentavam-se bons matemáticos (em função do raciocínio lógico desenvolvido). Outros mais, ligado ao conhecimento humanístico, davam menor importância ao conhecimento das exatas. O cidadão, na suas idas e vindas como aposentado, falava esporadicamente com uma porção de ex-alunos. Este, de forma sutil, interrogava sobre a aplicação e uso cotidiano dos conhecimentos dos números. O pessoal valia-se do uso ou indiferença do conjunto de cálculos (complexos ou simples) no dia a dia dos afazeres.
A surpresa mostrou-se grande com o desempenho humano. Muitos, como estudantes da periferia urbana, “nem estavam aí para coisa”. Vários elementos, “metidos com porcaria”, envolveram-se na ideia do dinheiro fácil e rápido. Estes esqueceram-se das dificuldades de batalhar e labutar para satisfazer as necessidades básicas. As conquistas grandiosas exigem dedicação, tempo e trabalho. Outros camaradas mantiveram a pacata vida de cidadão. Eles preocuparam-se de conseguir algum trabalho, constituir família, melhorar as condições econômicas...  A matemática restringia-se ao básico do uso diário. O primeiro cálculo, diante da necessidade, ganhava o auxílio duma calculadora.
Uns poucos, ambiciosos e ousados, queriam compreender e valer-se unicamente da matemática. Aquela financeira e prática: ligada ao conhecimento do mercado, interpretação dos dados estatísticos, conclusões sobre as oscilações da economia... Eles assimilaram a habilidade dos números, com razão de angariar dinheiro e beneficiar-se do “sangue do capitalismo”. Estes desconfiavam dos descontos e promoções anunciadas na mídia (pelos fáceis e muito serviços). Os espertos conheciam artimanhas dos ágios embutidos, dados estatísticos manipulados, juros simples e compostos... O resultado acabou em cidadões bem sucedidos e excepcionais empresários/investidores.
A matemática tinha extrema importância e valia. Ela era o esteio do sucesso ou insucesso financeiro. Eles, como princípio básico, não faziam nenhum negócio sem maiores cálculos e estimativas. A matemática financeira era a base do emprego, enquanto os cálculos, nas escolas, não passavam de meros treinos mentais. A regra de três, simples e composta, constituia-se comumente na conta mais empregada e útil.
A melhor escola da vida revela-se a prática. Os professores transmitem muitos dados e poucos aplicam as informações no seu exercício cotidiano. A credibilidade profissional encontra-se na coerência dos atos com a teoria. O educador, no contexto duma sala, ostenta uma diversidade de interesses e vocações. Os reais conteúdos assimilados são aqueles utilizados nos afazeres diários.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Vida”

Crédito da imagem: http://www.brasilescola.com

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