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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Os voluntários do Ferrabraz (Mucker)



Foto: Jacobina Mentz Maurer

      Os diversos voluntários do Ferrabraz, apesar da mal sucedida incursão, foram primordiais para o sucesso militar.

    Os incêndios dos Muckers, em diversas localidades, despertaram a ira da colonada, que sentiu-se insegura diante dos trágicos acontecimentos. Estes procuraram socorro nas autoridades constituídas, que mobilizaram forças militares e policiais com vistas de atacar os insubordinados do Ferrabraz. Os ataques receberam todo o apoio e orientação dos adversários dos Muckers, que também organizaram forças de combate. O êxito militar custou a ser concretizado, quando, em tentativas anteriores, não se conseguiu chegar ao reduto dos sectários da Jacobina Mentz e do João Jorge Maurer. Os colonos, em função da demora ao ataque do exército, efetuaram uma incursão militar, no dia 26 de julho de 1874, para combater os seguidores da seita.
      Inúmeros patriarcas, em função dos iminentes perigos, afluíam as redondezas de Campo Bom/RS com vistas de auxiliar as tropas do Coronel Genuíno Olímpio Sampaio e posteriormente do Major Francisco Clementino de Santiago Dantas. As terras campobonenses foram utilizadas como acampamento; atendiam, no local, os feridos, efetuava-se a retirada das tropas e planejava-se as ações militares. Os combatentes voluntários, estimados em redor os 300 homens e oriundos de membros das diversas famílias lusas e teuto-brasileiras, afluíam dos mais diversos rincões de Sapiranga/RS. Os lugarejos, de maior fornecimento de elementos, eram Campo Bom, Lomba Grande, Sapiranga, Dois irmãos, Linha Nova, Mundo Novo (Taquara), São Leopoldo... Os comentários, da época, relacionaram-se também a presença de muitos aventureiros, que, a todo custo, ‘’almejavam colocar a mão no cobiçado tesouro dos Muckers’’.
      Alguns membros da tropa inclusive tinham experiência militar; tinham participado das guerras européias, conflito no Prata, Revolução Farroupilha, Guerra do Paraguai... Outros mantinham habilidade com o manejo das armas em função das caçadas e incursões contra os nativos. A maioria, com extrema afinidade com o terreno, conhecia atalhos e caminhos, que eram desconhecidos aos combatentes governamentais. As suas indicações e orientações eram primordiais com o objetivo de instruir as táticas militares empregadas. A vigília de caminhos e prédios residenciais, tinha sido outra incumbência, quando inexistia a presença das tropas. Estes voluntários, nos dias anteriores aos combates, pareciam ostentar uma aparente desorganização; os membros agiam a belo prazer.
      O sub-delegado Daniel Kolling, de Dois Irmãos, deu-lhe uma ideia de ação. As investidas militares pareciam desanimadas e ineficientes diante das duas dezenas de combatentes Muckers. Estes pareciam ostentar maior astúcia e organização; escondiam-se em meio aos troncos e trincheiras do Ferrabraz. Os atacantes, em duas a três frentes, pareciam um alvo fácil, quando eram abatidos e feridos. A colonada, exímia conhecedora da área e das estratégias dos adversários, resolveu, sob pedido ao comandante Tenente Coronel Augusto César, efetuar uma empreitada. Esta, sob pronto de vista militar, parecia satisfazer aos militares, que consideravam o conflito, em boa dose, ‘’uma guerra de estrangeiros em solo pátrio’’. A alemoada precisaria chegar a um contento em meio as apuradas incompreensões e ódios fraticidas.
      O ataque coordenado por Kolling e na retaguarda com uma turma de praça, concretizou-se no dia 26 de julho de 1874, quando aproximados 50 colonos empunharam armas. Estes, divididos em três colunas incursionaram, ‘’aos trancos e barrancos’’, ao território inimigo. A cautela, em meio à marcha, foi imensa com vistas de surpreender a cidadela da Jacobina; foram, num piscar de olhos, surpreendidos por infernal volume de projéteis. A coluna procura avançar em meio ao tiroteio, enquanto as duas outras (colunas) não chegaram. Alguns voluntários acabaram atingidos, quando começaram a tombar os primeiros feridos e mortos. A alternativa consistiu em retroceder com vistas de não sofrer uma derrota fragorosa. Pode-se, desta forma, conhecer a agilidade e espírito guerreiro dos Muckers (de humildes colonos a temidos combatentes). Estes, entrincheirados no Ferrabraz, encontravam-se isolados e perseguidos como assassinos. O resultado, da frustrada incursão, foram inúmeros feridos de ambos os lados e quatro mortos. Os vitimados, com sua façanha imortalizados no Monumentos às Vitimas dos Mucker (no Cemitério de Amaral Ribeiro).
      Os diversos Voluntários do Ferrabraz, apesar da mal sucedida incursão, foram primordiais para o sucesso militar. As informações dadas definiram as estratégias das ações bélicas. Este acontecimento sangrento jamais pode ser apagado na memória dos diversos envolvidos, quando o solo sapiranguense foi manchado por sangue de irmãos.

(Fonte: Autor Guido Lang, Revista Pauta nº 31, Ano III, Abril/1997, pág.13)

Crédito da imagem: http://www.domaracional.com.br/Muckers.htm

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