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domingo, 21 de outubro de 2012

Um comparativo ímpar


    O pacato cidadão, morador dos recantos das localidades, tem dificuldades de entender o “funcionamento da engrenagem governamental”. A divisão de poderes e funções de cada qual (Executivo, Legislativo e Judiciário) encontra-se um dilema. O contribuinte, diante das reclamações da coisa pública, trata de ir reclamar na prefeitura. Procura, como primeira possibilidade, falar com o prefeito (tinha-me pedido o voto).
    Um aluno, do ensino primário, adveio com uma dúvida. Este, em algum lugar, tinha lido ou ouvido falar de governo de transição. Procurou, ao pai, perguntar o termo! Este ficou a refletir de como explicar o interrogado. Uma dificuldade, na proporção de não ser mestre/professor, para uma criança de tenra idade. Esta, com seus aproximados nove anos, mereceria uma resposta compreensiva e inesquecível. O curioso, neste fato, relaciona-se ao escasso esclarecimento do termo no contexto da pacata vida comunitária.
   O genitor, com algum estudo no ensino fundamental, lembrou-se das tradicionais figuras de linguagem. Saiu com esta: “- Governo transitório assemelha-se ao pneu de estepe. O condutor fura algum dos quatro (nalguma estrada de chão). Obriga-se a colocar o reserva (estepe). Procura daí dirigir-se a borracharia; consertar o efetivo e recolocá-lo na sua função original. O reserva mostrou-se uma improvisação, que durou na proporção do efetivo encontrar-se estragado (impedido). Um paliativo transitório até o conserto do real”.
   A criança, para complementar, perguntou sobre os assessores/secretários. Qual a função destes num governo transitório?  “- Aí a coisa aperta/complica!” disse o falante. Explicou: “- O motorista costumeiramente troca o estepe! Os secretários são os caroneiros. Eles geralmente gostam de opinar e lamentar e, na sequência, cuidar da guarda dos parafusos. Uns auxiliam, outros atrapalham, porém poucos definem. Ajudam, na real, diluir os custos do deslocamento e dar sugestões”. O filho concluiu: “- Obrigado pai! Entendi e compreendi o termo! Prometo não esquecer tão cedo à explicação”. 
    Os colonos, de maneira geral, tem uma capacidade incrível de dizer muito em poucas palavras. Uma arte de explicar o difícil em singelos exemplos e palavras. A capacidade da síntese revela-se uma habilidade de sábios.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://jornalismob.com/2010/04/21/como-falar-de-brasilia-hoje/ 

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