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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

"Os silos de ideias"


            Os homens, com o aprimoramento cultural e espiritual, escreveram uma odisseia ímpar que, com o advento da escrita, constituiu-se numa das maiores descobertas. Os indivíduos, no tempo, podem conversar com uma infinidade de gerações, que sucedem-se no contexto do desenrolar da História.
            Os humanos abandonando a caça e a coleta, em função do aumento populacional, descobriram a agricultura e a criação. Animais e plantas, domesticados e bem abastecidos, viram-se muitíssimos produtivos, quando poderiam acumular reservas. O conhecimento e a experiência, com o contínuo manejo, foram criando abundâncias, que precisaram de controle e guarda. Adveio a ideia da edificação de locais próprios à armazenagem, no qual diante das intempéries do tempo, pudessem ser estocadas as reservas. Criou-se outra necessidade da infraestrutura e segurança, no qual havia dimensão de quantidades. Estes precisaram duma comunicação no tempo e na distância, quando advieram as escritas e os livros. Estes, a semelhança das reservas alimentares, constituíram-se em depósitos de ideias e vivências, quando, apontamentos literários tornaram-se silos de conhecimentos e estudos. Os muitos e variados registros, em forma de fragmentos e livros, necessitaram de depósitos próprios, que são as chamadas bibliotecas. O acúmulo das produções estabeleceu tesouros, que narram a epopeia humana na sua trajetória terrena. Qualquer um, de acordo aos interesses e necessidades, pode falar com os acontecimentos e fatos do passado com razão de reinterpretá-los no presente com o desejo de vislumbrar luzes no futuro.
            Almas, em formação ou polidas, podem comunicar-se e interagir com estudiosos e sábios nestes silos, quando, a cada consulta e reconsulta, encontram pérolas da História. Os silos armazenam grãos; livros guardam ideias; bibliotecas ostentam as fortunas do porvir.   


Guido Lang
Jornal NH, p. 18
28 de setembro de 2007


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