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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Prefácio de "A Colônia Teutônia: História e Crônica (1898-1908)"


 

Por Telmo Lauro Müller (17/09/1926-09/01/2012)

Ex-diretor do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo/RS e Ex-Presidente do Instituto Histórico de São Leopoldo/RS

            Conheci Guido Lang num Simpósio de História da Imigração realizado em São Leopoldo, quando ele se inscreveu para apresentar um trabalho sobre Teutônia/RS, faz alguns anos. Seu jeito retraído sem plumas nem paetês, mostrava um filho da colônia alemã, preocupado com a história do chão que o viu nascer; com a presença daquela gente simples que plantou a civilização do trabalho nos Vales do Sinos, Caí, do Taquari e outros vales com o registro de fatos que poderiam perder-se. Artigos posteriores em jornais confirmavam esta assertiva. Com a amizade consolidada, sou por ele procurado com um pedido: escrever o prefácio de um livro de história sobre a sua Teutônia/RS. Sem esperar por minha resposta, entregou-me um monte de papéis e fotografias. As fotografias logo me encantaram, porque são a síntese visual de um torrão gaúcho colonizado por imigrantes alemães. Não é preciso dizer que aceitei o pedido, que o leitor tem diante de si, se é que vai lê-lo, o prefácio pedido.
            O autor começa dizendo que “povo sem história é povo sem memória”, e atiça o leitor a conhecer o que os imigrantes fizeram e deixaram no Alto Taquari. As dificuldades encontradas em Teutônia/RS são as mesmas da Baumschneis (Dois Irmãos), da Berghahnerschneis (Ivoti) ou qualquer outra colônia. Também os nomes de famílias repetem-se e tive o prazer de “rever” a família Osterkamp, que está no livro de Güinter Weimer sobre a arquitetura alemã no Estado. Também os Dickel chamaram-me a atenção porque devem ser antepassados da leopoldense Heda Dickel Sprenger, provavelmente a mais ardorosa teutoniense que eu conheço.
            Há leopoldenses na história de Teutônia/RS. Entre as companhias colonizadoras está a “Sociedade Carlos Arnt e sua mulher Filipina Arnt, Henrique Bier e sua mulher Joaquina Rita Bier e Luiz Bier”. Ora, Henrique Bier foi um nome notável na história leopoldense e também de Gramado/RS, onde o lago junto ao Parque-Hotel chama-se Joaquina Rita Bier.
            Em Teutônia/RS vamos encontrar elementos característicos de todas as colônias alemãs: a satisfação pelas primeiras exportações de produtos agrícolas excedentes da subsistência; a criação de escolas em cada picada; a fundação das sociedades recreativas. E tem mais. O livro é uma fonte genealógica e registra dados de cada picada, o que, no futuro, será como um oásis no deserto: de extrema importância para a vida espiritual, para se saber quem foi, como foi, quando foi.
            Um prefácio deve dar uma ideia do conteúdo do livro para estimular o leitor a penetrar-lhe o âmago. Mas, é preciso ter cuidado para não fazer do prefácio o livro o que aqui bem poderia ser o caso, pela afetividade entre dois filhos de colonos – o autor e o prefaciador – e a grande semelhança entre a original “Colônia Alemã de São Leopoldo”, e a nova Colônia Westfaliana, objeto deste livro.

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