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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O alvorecer da escola comunitária


Os colonizadores, desde a instalação dos lotes coloniais, preocupavam-se com a escola, que pudesse ensinar as noções básicas aos rebentos.
“Jacob Lang Filho e Suas Memórias”, numa tradução do alemão gótico por Sara Lang Fredrech, descreve a criação da Escola Comunitária da Boa Vista Fundos/Teutônia (atual Escola Municipal Andrade Neves). Este, como filho de Jacob Lang e Katharina Dockhorn, relata-nos: “No ano de 1875 todos os vizinhos resolveram construir uma escola. Estes também nos pediam para ajudar. Pensamos: ‘se os pais vierem eles terão sua parte’ e ajudamos na construção. No dia 1 de abril se iniciou e em 16 dias de trabalho a escola estava pronta para começar as aulas. O professor era um homem de nome August von Scheren. Este também morava sozinho na sua meia colônia. Antes ele estava no Paraguai e foi, por longos anos, capitão de navio, mostrava-se um intelectual. August porém não criava raízes e deu aulas por um longo período”.
August von Scheren (ou Scheven) comprou a colônia de número 14 B da Picada Catarina com 75.000 mil braças quadradas por 750$000 réis em 25/05/1874 e continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1875. Ele, a semelhança de Jacob Dockhorn, certamente foi combatente da Guerra do Paraguai (1865-1870); foi pelos seus vastos conhecimentos e vivências constituído colono-professor. As aulas sucediam-se em língua alemã embora Scheren tivesse algum conhecimento do português. Os conteúdos administrados advinham de livros escolares trazidos da Alemanha.
A localidade, ocupada efetivamente a partir de 1874, mantinha estes moradores: Adolfo Eggers, Jacob Dockhorn, Claus e Heinrich Damann, Nicolaus Nielsen, Johann Engelke, Heinrich Hatje, Wilhelm Jung, Mikael Behs, Johann Bothmann, Heinrich Week, Wilhelm Bornholdt, Jacob Lang, Joaquim Alves Cardozo... O prédio foi edificado numa área de terras dos lotes número 10 ou 11, que pertenciam aos irmãos Damann; tentou-se, conforme as necessidades, dar uma dimensão múltipla à construção. A área, paralela a escola, servia como cemitério, que abrigou algumas sepulturas. O local ficava no entroncamento de estradas, que dirigiam-se a Catarina, Boa Vista e Germana Fundos (Neu Österreich).
A preocupação dos pioneiros germânicos com o ensino lançou os esteios dos grandes índices de alfabetização na colônia Teutônia, que tornou-a num dos espaços mais alfabetizados da América Latina. A picada, mesmo nos confins do então município de Taquari e depois Estrela, cumpriu sua missão histórica de priorizar o estudo dos filhos. Gerações de moradores passaram pelos bancos desta modesta escolinha, que subsistem como herança dos colonizadores.

Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias das Colônias”

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