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quarta-feira, 8 de agosto de 2012



A FORÇA DA TERRA

            O solo, material superficial da crosta terrestre, revela-se um patrimônio colonial. A terra teutoniense, localizadas em clima temperado, ostenta-se em um dos melhores solos do planeta, porque apresenta fertilidade ímpar.
            Os agricultores consideram a terra preta o melhor solo, pois este contém uma mistura de húmus com minerais. As partículas apresentam-se médias e pouco pesadas, que facilita o cultivo. Os russos, para a “terra negra”, dão o nome de Tchernozions, que costumeiramente localizam-se nas regiões de clima temperado e úmido.
            Os solos teutonienses, como na Boa Vista, tiveram sua origem em terrenos sedimentares e vulcânicos. O arenito, basalto e diabásio, acrescido de material orgânico, mesclaram-se e deram causa a diversas tonalidades. Alguns espaços tem maior domínio arenítico, outros da decomposição de materiais orgânicos, alguns de rochas vulcânicos; surgiu daí uma miscelânea de solos arenosos, argilosos e saibrosos. Um terreno propício a uma gama de plantas, que espalham-se como exóticas ou nativas. O fenômeno da formação levou milênios e continua, com a acentuada interferência do homem, na sua sina de constituição. Calor, frio, geadas, inundações e ventos prosseguem danificando as rochas; animais, micróbios, plantas e vermes no processo de decomposição e transformação.
            Os rurais, nas últimas décadas, depararam-se com mudanças, que lhes causa admiração e espanto. Estes, no passado, precisavam esperar alguns dias, à lavração, após as chuvas. Eles, na atualidade, cedo aparecem secos, porque perderam muito da sua capacidade de retenção da água. As plantações, em poucos dias, carecem de umidade.  Fala-se, como exemplo, num princípio semelhante a areia, quando joga-se água e esta, em segundos, some no subsolo. As causas ligariam-se a perda de fertilidade, pastoreio e plantio excessivo, desleixo na adubação orgânica, emprego de agrotóxicos, exigência massiva de produtividade...
            Os colonos, no passado, conheciam a degradação, quando dentro das limitações e possibilidades, deixavam áreas em repouso momentâneo e partiam ao desmatamento de roças nas encostas. O feijão, hortaliças e milho adoravam uma terra nova, que vinha sendo tomado lentamente na floresta. Estes, entre outras medidas, privavam-se do “pastoreio das lavouras”, cultivavam leguminosas, abstinham-se do manejo do solo nos períodos chuvosos...
            As práticas predatórias começam a revelar os resquícios do passado geológico, quando manifestam-se prenúncios da desertificação. As dificuldades do brejo e mato rejuvenescer-se nas antigas roças é outro alerta. A cobertura, com florestamento e reflorestamento, promete novo alento, quando mantém-se preservar esta ímpar dádiva divina.

Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias das Colônias”

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