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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Nas trilhas dos antepassados


            O Morro da Catarina, com altitude de 416 metros e localização no interior de Teutônia/RS, revela-se um patrimônio florestal e santuário ecológico ímpar.
            A cobertura vegetal viu-se poupada da ganância colonizadora em função das dimensões dos prazos coloniais e elevação do terreno. Os lotes continham 150 000 braças quadradas, que, nos termos da Europa, era um latifúndio. Os pioneiros, como Wenzel Reckziegel, Joseph Tischer Senior, Joseph Tischer Junior, Wilhelm Schaurig, Franz e Stephar Tischer, Jacob Lang, Adolf Eggers, Wilhelm Jung, Claus e Heinrich Damann, Nicolaus Nielsen, Heinrich Hatje, August von Scheven..., trataram de devastar os vales e deixar como reserva florestal as encostas dos morros. Eles certamente ficaram impressionados com a imensa Floresta Pluvial Subtropical, que ostentava centenárias e ímpares espécies de árvores. Uma riqueza, entre outras, de açoita-cavalos, angicos, cabriúvas, camboatâ, canelas, canjeranas, cedros, coticeiras, figueiras, gerivás, grápias, guabirobas, guajuviras...
            Inúmeras picadas, abertas a base de facão e foice, sucederam-se para conhecer o tesouro vegetal, que cada dono ostentava. Estes caminhos, de alguma forma, preservaram-se e permitem a circulação no seu interior. O forasteiro ou morador, na atualidade, incursiona nestas trilhas, quando maravilha-se com a exuberância da vegetação, diversidade de vida, tamanho de troncos... O aventureiro tem a noção de retornar aos primórdios da colonização, quando a floresta, com seus animais, eram os reais proprietários do espaço. Exemplares rasos e volumosos de troncos sobreviveram a hecatombe da extração. Umbus abrigam seres no interior dos ambientes secos. Salientes cipós, com tamanhos de arbustos, entrelaçam-se entre galhos e troncos. Vertentes brotam para iniciar regatas do curso do Arroio Boa Vista e Arroio Vermelho. Um tapete de folhas, em decomposição, realimenta a fertilidade do solo. As sementes em meio a umidade, germinam para fazer desabrochar a vida. Cantos, de infinidade de seres, espalham-se pelo cenário nativo...
            Os proprietários, herdeiros dos patriarcas, preocupam-se em manter intacto o ambiente, que, com o abandono dos minifúndios (com o cultivo de culturas anuais), vê-se rejuvenescido com o acréscimo de áreas. O mato, do Morro da Catarina, provavelmente ostenta a maior Floresta de Teutônia, quando, como herança aos sucessores, é “uma espécie de parque colonial privado”.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”

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