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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

As marcas do passado


Umas gerações de pioneiros plantaram áreas por décadas como minifúndio diversificado. Estes, com as necessidades de suas épocas, precisaram criar e inovar com obras, que, de forma artesanal e braçal, foram introduzidas nos morros e vales.
Adveio a modernização tecnológica e urbanização progressiva, no que as elevações viram-se abandonadas do trabalho rural. As descendências, em boa parte, migravam às cidades e a mata rejuvenescida veio a reocupar o espaço. A Floresta Subtropical Pluvial cresceu, porém manteve “os rastros de civilização de outrora”. Os vestígios, em meio às árvores e cipós, fazem-se presentes nas áreas das antigas roças.
Observam-se as pegadas no trajeto das estradas coloniais; nos passos (passagens) dos arroios aterrados com pedra; nos poços cavados ou surgidos nas encostas; nos reservatórios de água escavados (para oferecer líquido aos bois); nas curvas de nível reforçadas com rocha; nos escoadouros de água das chuvas (nas periferias das plantações); na introdução de plantas exóticas nos lugares devastados; na criação de mini-pomares de citrus (bergamoteira, laranjeira, lima, limão) nas periferias dos caminhos; nas divisas de propriedades entre vizinhos; nas pedreiras abandonadas de extração de pedras-grês; nos desvios, quedas da água ou represas improvisadas nos arroios; nas marcas de edificações abandonadas... Os observadores podem lançar ideia de grandiosos feitos desta pacata gente, que dedicou anos ou a vida para concretizar tarefas insanas. Muitos procuraram realizar tarefas que pudessem beneficiar gerações. A mudança de hábitos e valores de vida levou ao abandono desses legados, que, no entanto, revelam conhecimento e grandeza de espírito dos ancestrais.
As gerações deixam rastros da sua odisseia terrena; precisamos “ostentar conhecimentos e olhos” para apreciar os feitos. A natureza, em muitos casos, reconquista seu espaço, porém deixa intactas marcas da passagem humana.

Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 35
19 de agosto de 2005

Crédito da imagem: http://novaexpedicao.blogspot.com.br/2011/09/o-dia-em.html 

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