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sábado, 25 de maio de 2013

A ímpar visita maternal



Um motorista, a centenas de metros, vislumbra dezenas de veículos. Estes, junto à casa mortuária e cemitério comunitário, encontram-se estacionados. O fato, no sábado anterior ao domingo do Dia das Mães, sucedeu-se no contexto da comunidade!
O pensamento, de imediato, direcionou-se ao falecimento de algum ente. Este refletiu: “- Quem será desta vez? Dê que família? Vou parar para perguntar algum pedestre? Alguém certamente saberá informar do sucedido!” A extrema curiosidade obriga a decifrar o enigma! 
Uma realidade comum, com a progressiva achegada da urbanização, consiste em enterrar amigos e conhecidos. Os falecimentos, em meio às muitas pressas e tarefas diárias, nem sempre acabam anunciadas e comunicadas às partes interessadas. Uns, para os desconhecidos e estranhos,  somem como nunca tivessem existidos!
Outras famílias, com a existência de inúmeras emissoras de rádio, nem sempre sintonizam a estação dos anúncios comunitários. Diversos membros, sobretudo anciões, vêem-se perecidos (sem maiores alardes e comunicações). Os jovens pouco caso fazem das desconhecidas estirpes!
O condutor, na passagem pelo espaço, depara-se com a porta cerrada da casa mortuária. Este relembra-se da velha tradição colonial: “- O afluxo, na véspera do Dia das Mães, sucede-se de muitos aparentados e filhos”.
Os familiares, de longínquas paragens, tratam de efetuar uma visitação aos finados entes queridos! Os finados, com as muitas reminiscências do outrora, recebem comentários e referências junto às descendências!
Os jazigos ostentam-se uma espécie de extensão do patrimônio familiar. A consideração e preservação da memória integra o conjunto da evolução cultural. Singelas atitudes e exemplos, às novas gerações, servem de norte aos posteriores cuidados e tratamentos.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://g1.globo.com

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