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sábado, 16 de março de 2013

Um singelo espaço


Uma professora, com propriedade de casa e terreno (numa cidade do interior), permutou os bens por outro imóvel numa praia. Ela era obcecada pela maresia. Aquela névoa fina, salgada e úmida faria bem a saúde assim como esquecer os dissabores dos compridos e estressantes anos letivos. Afinal! Trabalhar, como educadora (com alunos), consiste num desgaste e dilema. O indivíduo, no final das contas, merece uma distração e mimo!
A proprietária, com ampla casa e terreno na orla marítima, resolveu dar alguma destinação a superfície desnuda (área desocupada do gramado). O vasto terreno ostentava-se aconchegante e bonito, porém nada de maiores dividendos monetários. Esta pensou e repensou uma maneira de extrair ganhos da extensão mal aproveitada. Ela procurou uma forma de diluir encargos de manutenção do espaço. Impostos e reparos, no final das contas, absorviam boas somas em encargos do orçamento.
A alternativa, como forma de investimento, foi reunir as esparsas divisas. Ela, aqui e acolá, juntou economias e salários para iniciar um projeto de construção. Perguntou construtores e familiares sobre prováveis custos. Conectou com profissionais disponíveis à construção. Ideias e sugestões, como projeto, foram estudados e analisados. Decidiu-se, num determinado momento, pelo empreendimento. Mãos a obra foi o passo subsequente. Investiu antes que mudasse de opinião.
A dona, num canto do terreno (de fácil acesso), edificou mais uma singela moradia. Área,  banheiro, cozinha e quarto foram as peças. O imóvel teria a nobre função de ser alugado e trazer dividendos em formas de aluguéis. Custear, nos poucos meses de praia, os encargos de manutenção do conjunto de bens no ano. O projeto, em poucas semanas, viu-se concretizado/edificado. Os inquilinos afluíram e pagaram, de forma antecipada, o ônus de uso.
O espírito empreendedor  como exemplo digno de admiração e maiores elogios, chama atenção da história. Uns parecem ter vocação nata para arriscar e criar. As dificuldades e problemas enxergam como oportunidades. Dedicam-se a realizar projetos e sonhos. Estes, com essa excepcional postura, fazem o bem a outros, porém não deixam de ganhar um bom dinheiro. O espírito comercial e construtor encontra-se impregnado na alma. As forças, ideias e trabalhos realizam como sonhos (em forma de milagres).
Certos lugares, com as construções repentinas, mudam o cenário paisagístico. Prédios, em espaços desnudos, parecem brotar do chão/surgir do nada. O cidadão, numa ausência de semanas ou meses, parece depara-se num ambiente diverso (com conjunto de edificações). Admira-se das mudanças e parece desconhecer os originais lugarejos. As paisagens, com a interferência humana, assumiram outras formas e olhares. O particular, de cada qual (em forma de um pouco), faz a diferença no geral.
Os esforçados e inovadores, em cada situação e realidade, cedo vislumbram oportunidades e sonhos. Ganhos extras mostram-se gratificações pelo espírito arrojado e quadro de riscos. Quem alimenta esperanças e sonhos esquece-se de preocupar com problemas de existência. Os atrevidos tem o sublime dom de “extrair água de pedra”. O tino empresarial de uns permite enriquecer vendendo “pedras brutas como nobres peças”.

                                                                        Guido Lang
                                                 “Singelas Histórias do Cotidiano das Existência” 

Crédito da imagem: http://www.skyscraperlife.com

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