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sábado, 22 de dezembro de 2012

As lavouras hortas

 

A mecanização, com a massiva aquisição de tratores (e seus equipamentos), trouxe uma nova realidade produtiva (às áreas das antigas colônias alemãs). As terras aráveis, com o inchaço populacional e divisão massiva dos lotes, trouxeram uma situação impensável: as lavouras hortas.
As sucessivas heranças/inventários, depois de cinco a seis gerações de colonização, criaram uma infinidade de lotes. Estreitas e compridas faixas, com o início na estrada geral, estendendo-se, como tiras, na direção dos fundos/morros. Inúmeros herdeiros, por carências monetárias ou querelas familiares, não chegaram a um denominador comum na sucessão. Uns não queriam vender; outros acharam pouco os valores ofertados; alguns constituíram chácaras... Propriedades bonitas, com lavouras limpas e planas, viram-se fracionados (as dezenas e centenas). Os herdeiros, nalgum momento dos inventários, ficaram com esparsas áreas. Lotes iniciais, de uma família no início, abrigam na atualidade meia dúzia de moradores. O punhado de tiras, como consequência, inviabiliza as possibilidades duma boa/melhor mecanização.
Alguns agricultores/plantadores, com os cada vez mais potentes tratores, precisam de  grandes áreas/lavouras. Os trabalhos vêem-se facilitados com os maquinários. A realidade ostenta-se adversa: diminutas áreas. Os dispêndios, com manejo e tempo, revelam-se maiores nas meia dúzia de metros de plantio. As estreitas faixas acabam cultivadas como roça. Uma espécie de agricultura de jardinagem. O milho (à silagem) e as pastagens (ao pastoreio) ganham a primazia dos investimentos. Outros espaços, isolados em meio aos matos (reflorestamento), incorrem ainda na depredação das plantações (pela fauna). Os custos, em meio às margens apertadas de lucro, mostram-se acentuados para escasso retorno produtivo.
Lavouras, como hortas, vêem-se disputadas nas baixadas e encostas (mais suaves). As máquinas, na prática, encontram-se subaproveitadas (em função da carência de terras). Vários moradores ostentam oneroso maquinário porém incorrem na falta de áreas/terras. Alugar ou comprar aonde?  No interior das exploradas localidades? Outros áreas nobres acabaram ocupadas com eucalipto. Como agora devastar novamente em área rural? Os dividendos/retorno da madeira não cobrem o custo de arrancar tocos. Outros, com terras disponíveis, pouco caso fazem das culturas anuais (em função de subsistirem nas atividades urbanas).
Os coloniais, de maneira geral, mostram-se muito presos aos tambos. Querem e precisam do leite. Este, no final de cada mês, dá o dinheiro necessário (à manutenção dos negócios). Outros empreendimentos, nos retornos, ostentam-se demorados. Inúmeros coloniais carecem de capital de giro para novas empreitadas. Precisar-se-ia repensar certas culturas.  Intensificar a produção nos poucos espaços com plantações mais lucrativas e intensivas. Falo, a título de ilustração, em iniciativas como hortaliças, flores, frutas... A experiência, em função do apego ao tradicional e falta de estímulo a novas iniciativas, mantém-se nas aves, gado e suínos. As irrigações precisam ser implementadas. A agricultura de subsistência familiar, nestes termos atuais, encontra-se num dilema.
Inovar para sobreviver é o lema no mundo global. Certos familiares conhecem-se somente na proposição de fazerem seus inventários. Muita terra fértil, por razões diversas, encontra-se subaproveitada.  A progressiva urbanização expandiu-se e estendeu-se sobre áreas nobres.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://revistapetitpola.blogspot.com.br/2012/10/hortas-se-instalam-nos-colegios-da.html


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