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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Lenda de Tamerlão



Tamerlão, poderoso rei assírio dos séculos passados, era um soberano muito cheio de si e cônscio das deferências de que se julgava credor por parte de todos os súditos. Ele tinha uma particularidade física notável: um grande e monstruoso nariz, o que muito o aborrecia. Por isso, jamais tinha-se deixado retratar.
Quando, porém, já estava velho, seu filho e sucessor, preocupado com a possível ausência da efígie do pai na galeria real, tanto instou que conseguiu dele a anuência em se deixar retratar. O monarca estabeleceu uma condição: só aceitaria o retrato, como sua estampa oficial, se encontrasse um artista que o pintasse a contento (naquele tempo os retratos eram feitos por pintores). E os artistas que não o agradassem seriam executados, conforme era tradição. Aceita a condição, editais foram espalhados por todo o Reino, convocando os artistas para a importante e temerária tarefa.
Não obstante o risco, três se apresentaram, para tentar o que seria a suprema obra de sua vida, justamente os três melhores mestres da arte pictórica do Reino.
O primeiro retratou o monarca tal e qual, com o narigão deformado e tudo. O rei, vendo o quadro acabado, embora admirando o gênio artístico, enfureceu-se com a figura horrenda e mandou decapitar o infeliz artista.
Veio o segundo e, temeroso, pintou o rei também fielmente, com exceção do aberrante apêndice nasal, em cujo lugar colocou irrepreensível nariz. O soberano, sentindo-se ridicularizado, assinou igualmente a pena capital do segundo, sem comiseração.
Chegou, então, a vez do terceiro, o qual, habilidoso, conhecendo a paixão do rei pela caça, retratou-o portando uma arma, a atirar numa raposa. E ela tapava-lhe justamente o nariz. Vendo o resultado do trabalho, o monarca sorriu satisfeito e recompensou-o generosamente.
Esta lenda serve para ilustrar as três atitudes mais comuns em relação à verdade: a primeira é a franqueza rude, contundente, que não hesita em expor toda a realidade dos fatos, doa a quem doer. Os partidários dessa atitude podem revelar o mérito da coragem e do desinteresse, mas tiram nota zero em relações humanas.
A segunda é a hipocrisia interesseira. Os deste grupo podem revelar inteligência e engenhosidade para distorcer os fatos a fim de agradar aqueles a quem desejam conquistar.
A terceira, a ideal, é a dos partidários do que podemos chamar de "verdade construtiva", evidenciando o que é útil, edificante, e desfocando os aspectos menos agradáveis da vida do próximo.

Autor Desconhecido

Obs.: Se algum leitor souber o nome do autor do texto, favor informar ao autor do blog, para que os devidos créditos possam ser concedidos a esta pessoa.

Crédito da imagem: http://www.santovivo.net/gpage170.aspx

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