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terça-feira, 9 de outubro de 2012

O sonho da terra própria


     

     O elemento germânico continuamente mostrou-se apegado ao solo. Queria um "espaço próprio debaixo dos pés",  no qual pudesse extrair os dividendos da sobrevivência e “tivesse onde cair morto”. O fato moveu largos contingentes populacionais a  saírem da velha Europa na direção da América, no qual pudesse criar sua família sem as mazelas da fome,  guerras e superpopulação.
     Os forasteiros aceitaram serem jogados literalmente na floresta com razão de atenderem a concretização desse sonho. Atenderam o chamado americano da conquista, através da colonização, para uma nova etapa de civilização, no qual advieram com “uma mão na frente e outra atrás”.  Afluíram com esparsos artefatos e sementes, acrescidos dos familiares, para uma inabalável conquista: solo arável no conjunto das matas fechadas e de aparência impenetrável  (nas   terras sulinas).
     Precisaram, no conjunto de anos de desbravação, desenvolver uma gama de adaptações e inovações, que fizeram-se necessárias no contexto das propriedades. Dúvidas e ideias foram discutidas com as famílias, aparentados e vizinhos com vista de encontrar meios de solução. Prevaleceu, nesta luta de gerações, uma fé inabalável na proteção do Criador e o milagre do trabalho. Cada dia um pouco, de forma incessante,  possibilitou remover florestas para constituir plantações; afundar terra para edificar alicerces/construções; perpassar cursos fluviais para cobrir partes como pontes...  A teimosia, tão arraigada, era  entendida como uma possibilidade/oportunidade de alcançar.
       Os exploradores e oportunistas não faltaram para faturar os dividendos em cima das adversidades extremas. Ganhos através da comercialização de lotes;  preços escorchantes oferecidos à produção; valores superfaturados diante das necessidades  básicas...  Elementos da própria origem e sangue, como "raposas astutas", valeram-se da situação para angariar sobras. A fertilidade da terra, acrescido da persistência do trabalho, criaram a fartura das colônias alemãs, que espalharam-se nos quadrantes americanos. Qualquer espaço, com possibilidades aráveis, encontra o elemento teuto, quando cedo agrega gente, das muitas origens, em função da sua mão milagrosa. Desconhece-se, em qualquer seio, ambientes miseráveis, no qual o elemento germânico tenha lançado as sementes da colonização.
    O trabalho, como filosofia de vida, edifica paragens, constrói países e reconstrói nações. O princípio, como efetiva comprovação da eficiência, necessita perpassar a descendência e ser causa de orgulho (numa sociedade de predominância latina). O teuto-brasileiro revelou ser um modo de pensar e ser nas terras americanas (apesar de todo uma  política de denegrir essa concepção).  

Guido Lang
Livro "Histórias da Colônia"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.espeschit.com.br/historia/juiz_de_fora/

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