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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Os primeiros passos



     Os pioneiros, na proporção de ter combinado a aquisição do lote com a companhia colonizadora, precisaram tomar as iniciativas da instalação. Procuraram, de encaminhado ao respectivo lote, visualizar o cenário, quando, de uns duzentos a quinhentos metros da estrada geral, tomaram os preparativos à instalação. Visualizaram, no interior da floresta, algum lugar meio plano à construção de moradia provisória. Preocuparam-se, de imediato, com a existência de alguma fonte, que pudesse fornecer água e fosse inesgotável. O abastecimento ostentava-se ponto crucial para qualquer iniciativa colonizadora.
     O poço localizado e estabelecido partiu-se a limpeza de um espaço, no qual pudesse ser improvisado algum recanto de moradia. Alguma madeira improvisada, coberta de vegetais, mantinha-se abrigo transitório, enquanto iniciava a devastação da vegetação. Foices, machados e serras, do clarear ao anoitecer, com breves intervalos ao descanso, tomaram a primazia do trabalho. A conquista contínua e progressiva, na direção das dimensões do lote, tomava vulto, no que, a derrubada de algumas árvores dava sentido à primeira clareira. Esta, a cada dia e durante anos, ampliava-se e estendia-se das baixadas na direção das encostas.
    O secamento da resteva/vegetação, depois de três a cinco semanas, levou ao passo da queimada, quando a limpeza generalizada, com exceção da abundante madeira, possibilitou a semeadura das primeiras sementes. A preocupação recaiu sobre o milho, feijão preto, abóbora, batata, mandioca... As progressivas colheitas levaram a subsequente criação de animais, que foram sendo introduzidos, em casais, à multiplicação. Precisou multiplicá-los para lá adiante pensar em abatê-los. A fauna silvestre, no interim, fornecia alguma carne, enquanto o abate de bovinos, galinhas, marrecos, gansos, perus e suínos fosse inviável. Convivia-se com os mínimos recursos, quando vendas ficavam a distâncias, o intercâmbio, de  informações agrícolas, fazia-se com os esporádicos conhecidos, enquanto, dentro das possibilidades, mantinha-se próprias experiências.
     O curioso relaciona-se a solução das dificuldades, que viam-se desafiados na proporção do surgimento.  Refiro-me aos acidentes, doenças, mercado, entidades comunitárias... Alguma vizinhança, dentro do espírito da solidariedade, auxiliava na definição de locais (cemitérios e escolas). A experiência de uns com a conversa informal ostentava-se escola aos demais.
    O desafio maior e único ostentava-se vencer e vencer, caso contrário, perecer e "dormir" no silêncio da eternidade. Primeiros anos de uma odisseia ímpar com razão de criar os esteios de uma nova civilização, que, européia, precisou adaptações próprias às necessidades do ambiente. O resultado, nos anos de 1868 até 1908 (Colônia Teutônia), foram de “semear localidades/picadas” no contexto das inúmeras paragens do Arroio Boa Vista (afluente do Rio Taquari). Os lugares progressistas e produtores deram lugar a diversas comunas (Teutônia, Westfália e Imigrante), que são referência nacional a inúmeros itens do índice de desenvolvimento humano.


Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”


Crédito da imagem: http://www.ifch.unicamp.br/ihb/teses.htm

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