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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Curiosidades das práticas agrícolas



    Os coloniais, ao longo das décadas de manejo com a terra, assimilaram alguns conhecimentos, que, de maneira geral, perpassam de geração em geração:
01. Algumas famílias, por tradição, tem o hábito de plantar o aipim e o feijão na Semana da Pátria. A experiência, ao longo das décadas, tem mostrado sucesso do empreendimento em função da fartura.
02. A intensa floração das corticeiras e ipês é prenúncio de safra farta, porque as condições climáticas mostram-se favoráveis ao cultivo das culturas anuais.
03. Querosene administrado na cepa das árvores cortadas significa nada de maior brotação. O produto entra na seiva e extingue o vegetal.
04. A queima da lenha bem seca de um ano ao outro evita maiores incômodos de fumaça (no interior da residência). A acácia e o eucalipto são lenhas abundantes, todavia perdem em qualidade diante das nativas.
05. Uma palha seca, a exemplo do milho e do trigo, dá um bom fogo. Queima uma maravilha. Dura uns poucos minutos e foi-se como se nunca tivesse existido. Daí a expressão “fogo de palha” para certos modismos.
06. Colonos continuam tratando ração as angolistas. Elas, apesar da fartura, continuam gritando a velha senha: “Estou fraco! Estou fraco!” O instinto como hábito mostra-se difícil mudar.
07. O preço do milho, em certos momentos, vai às alturas. Os tratadores poupam no trato, as aves daí parecem gostar bem mais do cereal. Algumas, nos pátios mais pobres, parecem desconhecer o cereal nestes momentos “bicudos”.
08. As aves silvestres, na aurora das manhãs, fazem gritaria ímpar. Elas parecem fazer a oração matinal ao Criador, quando agradecem mais esta jornada (para quem esta vivo).
09. Os pombos são conhecidos como ratos de asas, porque, com maior facilidade, desenvolvem piolho. Muitos criadores, em decorrência, nem querem ouvir falar de pombos em meio às espécies domésticas.
10. Vassoura nova varre melhor! O cidadão para agradar capricha no trabalho/encomenda, mas lá adiante caí na rotina. O que não vem do fundo da alma, pouco dura.
11. Friagem, em meio ao calor, significa costumeiramente ausência de chuva. As nuvens com água passaram e convêm esperar mais alguns dias para ver precipitações. Chuvas com bom nível de precipitação costumam começar de forma serena e estender-se por horas.
12. As aves ostentam-se as grandes semeadoras da natureza. O exemplo pode ser apreciado debaixo dos citros (bergamoteiras, laranjeiras, limeiras) quando, a partir da defecção, aparece uma gama de espécies.
13. Um cuidado excepcional em momento de raios e trovões! Nada de mexer com artefatos de ferro, abrigar-se em plantas isoladas, manejar animais... Pode-se com facilidade atrair as descargas elétricas.
14. As sementes de inço, existentes nas milhares de roças dos colonos, foram costumeiramente introduzidas durante o processo de colonização. Os humanos, com animais, máquinas e tratos, introduziram-nos e jamais conseguiram eliminá-los.
15. O colono astuto, com relação ao corte de pasto e verduras, procura fazê-lo de manhã. Estes encontram-se fresquinhos, que eleva a qualidade do consumo.
16. O ataque incessante dos insetos, no contexto do trabalho da roça, significa prenúncio de chuva. Estes picam no corpo inteiro, em função de estarem sedentos pelo sangue.
17. Os produtores vivem com as “antenas ligadas a chuva”, porque sem água as plantas carecem de maior desenvolvimento. O próprio é uma chuva a cada uma semana ou duas, no mínimo.
18.  Os criadores, com a febre aftosa no plantel, procuravam conduzir os bichos nos arroios e banhados. A umidade da argila extraía a febre, quando os animais curavam-se.
19. A cabriúva, por rachar fácil e reto, era a matéria-prima básica para confeccionar as telhas de madeira, quando as colônias careciam de olarias.
20. O trabalho efetuado em banhados, brejos e pedras presta-se a picada de bichos peçonhentos. Recomenda-se esfregar algum alho nos braços e pernas, que repugna os inimigos.
21. Árvores frutíferas inférteis convêm colocar pedras nos galhos e raízes, pois a umidade e minerais extraídos auxiliariam na produção de frutos.
22.  Porcas magras, colocadas nos cachaços, davam elevado número de leitões (de dez a quinze). Gordas mostravam-se poucos profícuas, de uma a seis, em média.
23.  As galinhas, para dar gema forte e sadia, eram tratadas com bastante verde, quando as aves faziam festa e mantinham cálcio.
24. O peixe extraído do açude em Lua Cheia promete estragar fácil, por isso, em horas mostra-se impróprio ao consumo.
25. A bananeira convêm plantar na primeira sexta-feira de agosto, quando a planta brota fácil e promete cachos bem formados.
26.  A brotação do ipê e plátano demonstra o calor do solo, quando o frio teve o seu desfecho e achegou-se o momento do plantio de culturas.
27. Recomenda-se plantar na Lua Cheia: plantas que produzem sobre a terra, em função da maior insolação. Lua Nova: aquilo que cresce embaixo do solo, em função do maior desenvolvimento. Lua Minguante: facilita o apodrecimento da madeira nesta época. Lua Crescente: cortar o eucalipto para brotar melhor.
28.  A consorciação mato nativo e eucalipto mantêm a sobrevivência da fauna, que combate os inimigos das espécies exóticas e dá sobrevida a diversidade biológica.
29. O azevém constitui-se numa gramínea introduzida como forragem ao gado. A planta dificilmente morre enquanto não tiver produzido alguma semente.

Guido Lang
Anexos das “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://wwwcolhendofloresentreespinhos.blogspot.com.br/2011/09/ponha-um-ipe-branco-em-sua-vida.html

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