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domingo, 9 de setembro de 2012

As majestosas fontes


     Uma dádiva divina incrustou-se no interior da Floresta Subtropical Pluvial, que refere-se aos magníficos olhos da água. Os pioneiros, a partir de 1868 (na Colônia Teutônia), passaram a vasculhar os espaços dos lotes com vistas de localizar os lugares úmidos. Eles cedo cavaram estes lugares com razão de criar poços, que “pipocaram” nos diversos prazos coloniais. As instalações, dos chiqueiros, currais, estábulos, galinheiros e moradias, faziam-se próximas as fontes, que permitissem uma abundante e límpida água.
     Os poços, criados a superfície do solo, brotavam em meio ao saibro ou rochas, quando cedo criou-se alguma estrutura improvisada de sólida fonte. Estas, nas décadas de colonização, tornaram-se patrimônio de gerações e lugares, quando compreendiam-se numa espécie de bênção divina. Advieram, no interim dos anos, algumas tremendas estiagens, quando mediam-se a capacidade dos poços. Estes, de maneira geral, diminuíam a vazão do líquido, porém aumentavam a sua qualidade. A abundância dos olhos da água faziam os brotar nos cantos e recantos das encostas e vales, que retratam a grandiosidade e riqueza desta singela terra. Estes, de maneira geral, dão origem a inúmeros valos e, lá adiante, aos arroios; alimentam açudes; abastecem animais e plantas... Os animais silvestres, nas cercanias, criavam alguns santuários ecológicos, porque conviviam com os fatores básicos a vida.  
     Vários pátios dos solares familiares conheceram o abastecimento de água corrente, que, de forma ininterrupta, escorre pelos lugares. Os ambientes mostravam-se embelezados e refrescantes, enquanto o murmúrio da água transmite uma terapia espiritual. As aves, numa gama de espécies, habitam o ambiente, quando auxiliam a romper a monotonia colonial. As criações, abastecidas com água corrente, ostentam-se de aspecto mais saudável e fácil manejo. A abundância no interior dos lares eleva as condições higiênicas, quando permite o frequente refrescar. Vários coloniais, da roça, advieram suados e direto dirigiam-se aos tanques (instalados em algum lugar dos pátios) com razão de refrescar-se e tomar o líquido.
     Algumas famílias, a exemplo da Boa Vista Fundos (Teutônia/RS), mantiveram-se ligados as fontes naturais, que valorizavam-lhes as instalações, lotes coloniais e moradias. Os moradores, com esplêndidas fontes, viam-se comumente comentados como referências nas conversas informais. Alguns poços, com a migração ou instalação da rede comunitária, foram abandonados, enquanto outros continuam cumprindo sua nobre função. Passarão outras gerações e as fontes manterão-se ativas, quando nem perguntarão por méritos ou preços pelos serviços prestados.
     A fartura de água doce, num mundo globalizado, mostra-se uma graça praticamente despercebida para inúmeros moradores. “Deus escreve certo em linhas tortas”, por isso, “enterrou tesouros no interior da criação”. Algumas fontes, como “pérolas jogadas aos porcos”, parecem estar numa aparente indiferença, mais acabarão descobertas ou redescobertas na proporção de guerras e tragédias em função da carência do líquido da vida.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”


Crédito da imagem: http://mariodoido.blogspot.com.br/2012/05/cachoeira.html 

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