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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A caçada implacável


     Um criador, de galinhas caipiras, enfrentara a dificuldade do ataque das raposas. Elas, nas caladas da noite, iam abatendo as aves, enquanto a cachorrada não conseguia fazer o serviço. Sucederam-se tentativas de caça, quando matavam uma, porém davam continuidade a tarefa. Passaram-se dias nesta preocupação, quando de longe os bichos afluíam para saciar sua fome. As galinhas, na cadeia alimentar, “pagavam parte do pato”.
      O cidadão, no contexto do armazém, colocou seu problema, quando, no local, “conversa-se de todos e de tudo”. A turma de moradores, entre amigos, aparentados e vizinhos, apresentou alternativas com vistas de evitar o extermínio do plantel. Outros mantinham histórias parecidas, quando narrou-se uma e outra.
     Um pacato morador, residente lá nos “cafundós onde o Judas perdeu as botas”, ouviu a conversa. Este, em função da distância, esporadicamente afluía ao lugarejo para conversar e tomar refrigerantes. Este, com seu vasto conhecimento empírico de morador dos matos, disse: “-Coloca alguma lima cortada, derrama um pouco de cachaça em cima dos cortes e acrescente meia dúzia de grãos de veneno de formiga. Podes noutro dia ver o estrago, quando, nas proximidades, encontra-se o bicho”. O criador seguiu o receituário e noutro dia, “foi batata”. Problemas de raposa, na propriedade, extinguiram-se.
      O conhecimento empírico, em certas realidades, prevalece sobre o científico. O pacato cidadão às suas necessidades, possui uma excepcional sabedoria, que, de maneira geral, ostenta-se renegado na marginalidade.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

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