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sábado, 25 de agosto de 2012

"O pequeno peão"


            Havia uma modesta menina, que morava nos confins das colônias. Esta, na impossibilidade dos cuidados da mãe em função do trabalho, não tinha com quem ficar! A genitora daí conversou com a idosa vó, que, como apreciadora de crianças e vizinhos, aceitou o desafio da guarda. Ela, apesar do acúmulo dos anos, aceitou a companhia, quando, no entanto, atribui-lhe certas tarefas. A menina, como exemplo, necessitou varrer a casa, recolher os ovos, tratar animais, lavar peças... A anciã, no seu dialeto, falava “num pequeno peão”, quando, nas suas dificuldades de locomoção não podia concretizar certas incumbências e tarefas. Avó e neta estabeleceram um relacionamento afetuoso, quando concretizou-se amizade, aprendizagem, consideração, conversação...
            Adveio o dia fatídico da partida da idosa, quando a menina chorou profundamente a perda da ente querida. Via-a deitada, bem vestida, fria e serena no caixão, com vistas de fazer a “viagem ao repouso derradeiro”. Uma despedida emocionante do último adeus e da visão final, quando, ao longo da vida, ficariam somente saudosos reminiscências. A criança, como última tarefa a especial vó, recebeu a nobre e sublime missão: “o pai deu-lhe a cruz com a inscrição do nome para conduzir o cortejo fúnebre ao local do descanso final”. O caixão, coveiros, familiares, vizinhança e religioso seguiram os passos e o séquito eternizou estes momentos na crônica familiar.
            A menina, futura moça, mãe e vó, jamais esqueceu os ensinamentos, pois aprendeu o amor e a paixão do préstimo e do trabalho. Conheceu a importância da convivência de avós e netos, quando gerações entrelaçaram-se nas experiências e vivências.
            Quem ensina com amor e consideração, administra centelhas divinas.

Obs: O sucedido ocorreu entre 2006 e 2007 entre Annilda Strate Lang e Greice Jaqueline Lang.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”

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