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domingo, 26 de agosto de 2012

O crediário (indesejado)


            A compra a crédito, conhecido popularmente como “fiado”, constituiu-se ao longo da história, uma solicitação e prática rotineira que fez surgir inúmeros adágios e ditos. Os avisos, em decorrência, proliferam nos armazéns e bares, no qual os proprietários alertam sobre o problema e expressam o desejo de não efetuar o negócio. A questão parece acentuar-se nas periferias urbanas, nos quais encontra-se afixados maior número de provérbios. Os proprietários de estabelecimentos preferem não comercializar do que, no final do mês, “ver navios” e perder a amizade e o freguês.
            Encontra-se afixados, de maneira geral, essas expressões:
01.“Fiado só depois de amanhã”.
02. “Fiado nem rebolando”.
03. “Se vendo fiado, perco dinheiro; senão vendo, perco o amigo”.
04. “Fiado acima de noventa anos e acompanhado pelos pais”.
05. “Fiado somente quando o Brasil pagar todas as dívidas”.
06. “Fiado somente no dia trinta de fevereiro”.
07. “Fiado nem para o meu cunhado”.
08. “Fiado somente quando a galinha criar dente”.
09. “Pra vender fiado, não insista; fiado só vendo linguiça”.
10. “Fiado só vendo para a mulher do vizinho”.
11. “Fiado só para mulher desquitada do vizinho”.
12. “Fiado só quando o Sol nascer quadrado”.
13. “Fiado é coisa do Diabo”.
14. “Freguês educado não pede fiado”.
15. “Fiado é que nem barba, senão corta cresce”.
16. “Não peça fiado e responder-lhe-ei e saíras envergonhado”.
17. “Por causa de alguém, não vendo fiado para ninguém”.
18. “Se quiseres sendo meu amigo, não peças para vender fiado”.
19. “Fiado somente quando o olho piscar (afixado ao lado)”.
20. “Fiado é que nem jogo do bicho: só dá zebra”.
21. “Fiado somente quem paga na hora”.
22. “Vendo fiado somente para mulher de gago”.
23. “Vendo fiado somente para quem morrer atropelado”.
24. “Fiado somente com coisa que não existe”.
25. “Vendo fiado somente para quem provar que o PC (Paulo César Farias) é inocente”.
26. “Fiado é que nem droga vicia ou fiado é que nem doença contamina”.
27. “Fiado é brinquedo do Diabo e aqui não há inferno”.
28. “De tanto vender fiado, acabei ficando pelado”.
29. “Vender fiado me dá pena; dá pena tenho cuidado; por causa da pena não posso vender fiado”.


Guido Lang
Jornal O Fato (de Campo Bom-RS), número 777, p. 06
Julho de 1993

Publicado também no "Livro da Família", ano 1995, pág. 94


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