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domingo, 4 de agosto de 2013

A malfadada bancarrota


Um criador, na pausa das preocupações e trabalhos, assentou-se tranquilo debaixo do arvoredo. Este, numa singela sombra no pátio, podia safar-se do calor e vislumbrar uma panorâmica visão!
As ideias, na prática, encontravam-se focadas nos negócios. A mente mantinha-se absorvida com a cotação do dólar, crise das exportações regionais, preço exorbitante dos insumos... Um prato cheio para um modesto investidor rural!
O milho, principal ingrediente do trato animal, via-se comprado na propriedade. O valor, na entressafra, mantinha-se cotado “com o preço lá nas nuvens”. As importações de grãos sucediam-se através das instâncias governamentais!
A produção de frangos, no momento econômico adverso, não recompensavam os altos e muitos investimentos e trabalhos. O lucro eventual sucedia-se numa estreita margem. Os cálculos, num eventual contratempo, indicavam possibilidades de prejuízo!
As abusadas angolistas, nas cercanias e soltas pelo espaço, resolveram externar os ares da graça e implicância. As aves, muito ariscas e desconfiadas, gritavam: “- Patrack, patrack, patrack!!!”
O colonial, numa interpretação anômala, compreendia “bancarrot, bancarrot, bancarrot...” O significado, no dialeto do Hunsrück (alemão) como falência, traduzia: “- Bancarrota, bancarrota, bancarrota!!!”
O produtor, no desfecho do dia, enveredou por ímpar caçada. Ele, com astúcia e dificuldade, “apanhou o bicharedo e meteu-o no troco numa venda”. Os “bancarrot” tinham pagado o impróprio pela provável carneação e transferência!
O proprietário, no desfecho, ainda desabafou: “- Chega de ser gozado pelos vizinhos e agora ainda pelas ingênuas aves! Os falatórios e torcidas, no momento, mantém-se suficientes para aborrecer e esquentar a cabeça e os cornos!”
Subalternos, extrair sarro do patrão, ostenta-se arriscado e ousado! As palavras dúbias, ao amedrontado e desconfiado, revelam-se denúncia e implicância! Os pequenos e pobres, nas frequentes oscilações econômicas, pagam o ônus maior das crises!

                                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Obs.: História narrada por Ronald Eggers/Languiru/Teutônia/RS/Brasil.

Crédito da imagem:http://www.flickr.com/photos/vanmagenta/6723042125/

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Um ingênuo aviso


Uma profissional, contratada para externar a vocação, deixou um recado claro à chefia. Ela, com as alturas, não queria arriscar a sorte e maiores incômodos!
O estabelecimento escolar, comum a cada ano letivo, almejaria apresentar suas vocações e divulgar o trabalho no seio comunitário! Justificar, em síntese, os enormes dispêndios públicos!
O ambiente, no ginásio multifuncional e pátio coletivo, precisaria ganhar uma especial decoração e um excepcional palco. Os profissionais, à instalação, viam-se contratados às funções!
A decoradora, para dar ares diversos às paredes nuas dos tijolos, ganhou a oportunidade profissional. Esta, em conversa com a chefia, combinou detalhes, horários, materiais, preços...
Um pedido, como particularidade, revelou-se anômalo e curioso. A direção, num instante, pensou nalguma besteira. Aquelas fobias próprias de cada indivíduo!
A cidadã, com temores de quedas e fraturas de ossos, saiu com um modesto pedido. O aviso, na fala informal, consistiu: “- Eu tenho medo de alturas! Eu costumo não trepar!”
Os ouvintes, de alguma distância, externaram a generalizada gargalhada. As gracinhas, num momento desses, não faltaram no cenário de arrumação e descontração!
Uma singela expressão ou palavra pode fazer diferença. Aspectos relacionados ao sexo dispensam maiores ensinamentos e explicações. As malícias encontram-se costumeiramente naqueles que ouvem e refletem!
                                                                      
Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: https://www.agrotama.com.br

O modesto paliativo


O morador, junto às cercanias do pátio, plantou diversas variedades de banana. Um colorido diverso, ao concreto e pedras, arejou e umedeceu o ambiente!
O objetivo, com abundância de espaço, consistia em abastecer as necessidades do consumo familiar e embelezar o cenário. O sabor da autoprodução das frutas parecia único!
A dificuldade consistia nas esporádicas geadas de julho. Uma única noite bastava para ceifar todas na baixada. Um ano inteiro necessário para efetuar a recuperação.
As plantas, como culturas tropicais, não podiam simplesmente com o frio. Diversos “pés” (árvores) encontravam-se com cachos praticamente maduros. Estes, com o rigor, viam-se perdidos com a friagem.
O plantador, como produtor, comentou o fato entre amigos e conhecidos na casa comercial. Algum colonial, como paliativo, recomendou a colheita antecipada!
As frutas colhidas, num passo subsequente, deveriam ser armazenadas numa caixa e cobertas com plástico. O calor, em dias no seu interior, as faria maduras e saborosas!
O receituário, como experiência, viu-se acatado com pleno êxito. Sábios mostram-se aqueles que assimilam e praticam o ensinado!
O conhecimento empírico, através das décadas de carência, ensinou a remediar dificuldades e males. Quaisquer problemas tem uma viável solução (somente a morte revela-se sem saída). Os diversos assuntos e temas vêem-se comentados e discutidos nos ambientes dos armazéns, bares e lancherias.

                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.flickr.com/photos/oiliz/5693636912/

O princípio poupador


Uma anciã, nos dias frios do inverno, mantém-se entocada na residência. Ela, das intempéries do tempo, mantém-se aquecida e resguardada!
Esta, numa certa hora, recebe a visita duma conhecida. A fulana bate a porta e vê a senhora assentada na escura sala. Nada de acessas maiores luzes!
A pergunta relaciona-se a causa desse ímpar procedimento. Uma realidade, com essa idade, mostrar-se-ia desnecessária na modesta moradia!
A anciã, com uma filosofia econômica poupadora, externou seu singelo parecer: “- Quero poupar luz! Nada de conta salgada no final do mês!”
A senhora, com as oito décadas de existência, não tinha maior necessidade desse procedimento. Ela, nesta altura do campeonato, estaria poupando para quem? Aos filhos, netos, noras e genros!
As condições monetárias auferidas não tinham necessidade dessa economia. Os filhos encontravam-se casados e estabilizados!
Um velho principio econômico familiar ganhou espaço. Ela, desde tenra idade, aprendeu a economizar e poupar! Jamais, em qualquer época e fartura, deve-se desperdiçar!
A fala dos antigos consistia: “- Gastar o necessário somente ao bem estar! Nada de desperdiçar! O desperdício de hoje, pode fazer falta no amanhã”.
O objetivo mantinha-se em criar e constituir contínuas sobras! Uma realidade funcional adequada em quaisquer condições e períodos! As economias passadas mostram-se a razão da comodidade atual!
O indivíduo, educado na carestia, tem dificuldades de desperdiçar. Certos comportamentos e ensinamentos, depois duma idade, ostentam-se difíceis de reverter. Cada qual ostenta suas loucuras e manias!

                                                                                                  Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.dcriativo.com

Os parceiros da idade


Um morador, pacato colono das grotas, foi abençoado pela longa vida. Ele, afixado a terra dos ancestrais, procurou viver a rotina de cada dia.
Ele, na magnitude da casa, esposa e filhos, achegou-se as oito décadas da existência. Os anos, no entender particular, transcorreram deveras rápido!
“Os olhos, aqueles que a terra há de comer”, vislumbraram os muitos acontecimentos comunitários e nacionais. A vida, com os anos, ensinou a simplicidade e tolerância!
O cidadão, no desfecho da jornada, precisou fazer um desabafo ao jovem amigo. A queixa relacionou-se aos relacionamentos!
O indivíduo, depois de certo número de aniversários, “carece de gente da idade própria”. Aqueles, como colegas da aula e juventude, com a experiência e vivência assemelhada!
Os parceiros pereceram no ínterim da caminhada. Os jovens, filhos da época, possuem seus interesses e negócios. Estes, para os velhos, fazem o descaso e indiferença!
Os familiares, a grosso modo, sobram unicamente como companhias e parcerias às conversas. As diferenças de filosofias, no modo de vida, originam rotineiras discussões!
Cada indivíduo possui suas dificuldades e problemas. A modéstia parece abençoar a vida com muitos e longos dias! Felizes aqueles que nesta loucura toda chegam à avançada idade!

                                                                                    Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.not1.com.br

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O equívoco familiar


Um senhor, ativo e carinhoso à família, ostentava-se aquele paizão. Um cidadão agradável e parceiro à esposa, filhos e vizinhos!
A dedicação mantinha-se intensiva aos familiares. O lar, no entender privado, não podia carecer da abundância alimentar e confortos da tecnologia!
Os integrantes, como não podia deixar de ser, mantinham a melhor consideração e estima. A família, no seu entender, apresentava-se como uma referência no seio comunitário!
O conceito, nas crônicas policiais e ruas, divergia-se drasticamente do exposto. O camarada, como ocupação profissional, carecia de medir esforços para enganar e ludibriar!
Os meios escusos e ilícitos sucediam-se nas incursões dos ditos trabalhos. Eles, na prática, adonavam-se dos bens dos outros (através de assaltos e roubos).
A real produção de riquezas, através do trabalho digno e honesto, mantinha-se uma falácia familiar! Este (pai), integrante de ousada quadrilha,  era o chefe!
O indivíduo, a partir da face dos semelhantes, não tem como equivocar-se mais na visão! Inúmeros profissionais, nas grandes cidades, ostentam velados meios de sobrevivência!
Alguns roubam escancarados, acabam punidos; outros dentro dos trâmites das legislações, vêem-se premiados. Os conceitos, dependendo do lado, mudam de situação e valores. As fortunas acumulam-se costumeiramente a partir da apropriação indevida dos suores alheios!

                                                                                    Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.papeisdeparedehd.com/fortuna_dinheiro_riqueza-wallpapers.html

O afetuoso aperto de mão


Um modesto cidadão, profissional dos serviços, mantinha o hábito de apertar a mão. A singela forma de aproximar e inspirar consideração e respeito entre conhecidos e estranhos!
As pessoas, como semelhantes, ganhavam um caloroso e sincero cumprimento. Os esporádicos encontros e reencontros, nos diversos eventos sociais, revelaram-se um momento de aproximação e convivência!
O camarada, aos alheios olhos, ganhou a suspeita de alimentar futuras aspirações políticas. A generalizada opinião comunitária, nos próximos pleitos, consistia de querer concorrer a algum cargo eletivo.
O cidadão, como princípio, adorava aprender com a experiência dos próximos, conhecer gente nova, ouvir ideias variadas, trocar experiências... A escola da vida ostentava-se em ser seu principal estabelecimento de ensino!
O fulano, para desfazer a imagem negativa de interesseiro e político, precisou externar uma razoável resposta. Este, a todo o momento, via-se perguntado das aspirações e intensões partidárias.
Ele, em síntese, externou: “- A minha candidatura, no máximo, presta-se a ser um bom cristão e marido. Tento dar o melhor de mim! A gente agrada a uns e desagrada a outros! A cara metade, em situações, cobra e reclama ainda! Tá difícil agradar a todos!”
O pessoal, de maneira geral, refletiu e riu-se das palavras. O bom cristão e marido, em muitas situações, não passa duma falácia. As práticas falam e as palavras mascaram!
Os eleitores, com tamanhas decepções e frustrações, encontram-se desconfiados e vacinados das ladainhas e lorotas dos políticos. Um afetuoso e bom cumprimento aproxima e revigora espíritos. A autenticidade transparece estampada nas faces dos indivíduos.

                                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://blog.manager.com.br/tag/aperto-de-mao