Rudolfo mostrou-se um pacato morador colonial, quando dedicou a vida
para realizar o bem. As dificuldades econômicas mantiveram-se continuamente
presentes, todavia não o impediam de realizar boas ações. Auxiliava onde podia
e dava sua contribuição na impossibilidade.
Procurou na juventude, em uma determinada ocasião, cultivar
diversas sementes de pinhão. Cultivou-as
próximas ao pátio e numa divisa. A função era ceifá-las para pinheirinho
de Natal. A magia cristã, da lenda do pinheiro natalino, fascinava-o e o maior
sonho, nunca realizado, consistia em edificar uma igreja na sua localidade. Os
moradores, tendo parte numa comunidade próxima em outra linha, “nunca
mobilizaram-se e abriram mão de contribuir à edificação”.
Os anos transcorreram e os pinheiros
cresceram. Árvores próprias com a altura para a nobre missão de transmitir a
magia do Menino Deus. Rudolfo, no contexto comunitário,
prontificou-se a doação dos pinheirinhos de Natal à escola comunitária. Este, a
cada final de ano, mantinha um próprio, quando a diretoria e professora sabiam
a quem pedir. A alegria e satisfação mantinham-se a máxima, quando todos os
moradores sabiam da nobre doação. A gratificação maior consistia em ver a
árvore enfeitada, com luzes, crianças correndo ao redor, alunos apresentando
peças teatrais natalinas, comunidade toda reunida... A comunidade escolar, como
consideração a contribuição, dava-lhe um singelo pacote do Papai Noel, que era
o real reconhecimento da sublime obra.
Os anos transcorreram; Rudolfo pereceu,
porém as reminiscências passam gerações. Forasteiros e parentes, a cada Dia dos
Finados, quando diante da sua tumba perpassam, dizem: “- Aqui jaz o doador
dos pinheirinhos de Natal!” Outros, a cada ano, doam o pinheirinho, mas relembram-se
das doações do Rudolfo.
As pessoas, diante de forma grandiosa
ou modesta, escrevem sua odisseia terrena, quando deixam histórias e
lembranças. Ações comunitárias enobrecem indivíduos e gerações. Os singelos
atos, praticados de forma desinteressada, costumeiramente acabam sendo os mais
relembrados, daqueles que continuam nas jornadas.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura colonial teuto-brasileiro)
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